- DIVERSIDADE DE IMAGENS – ANTÔNIO JOSÉ CHRISTOVÃOpor blogdototonho
1 – Play-ground de prédio em Niterói.
2 – Folhas: área interna do Aeroporto Santos Dumont/RJ.
3 – Amanhecer na Baia de Guanabara (maio de 2018).
4/5 – Ancoradouro no início da Avenida Nossa Senhora da Assumpção, em 2013.
FOTOS – ANTÔNIO JOSÉ CHRISTOVÃO.
- MILAGREpor blogdototonho
Outro dia me dei conta, que não guardei nada do que escrevi ao longo de tantos anos no impresso e na internet, que já está ficando velha como eu, que não consigo encontrar fios pretos, mesmo que ocasionais nesses cabelos de 75 anos.
Sempre tive a mania de não guardar nada para resistir a tentação de me repetir, embora a quantidade de textos acumulados e certamente empoeirados daria para publicar uns dois livros entre artigos, crônicas e contos.
Quando Moacir Cabral me lembrou que a Folha dos Lagos está fazendo 35 anos e que velhos articulistas deveriam estar presentes na comemoração, lembrei que não tinha nada guardado pra poder contar as velhas histórias e muitos casos engraçados, que permearam a história do jornal.
Teria que recorrer a memória, travessa como ela só, pregando peças quase diariamente no velhinho em que me transformei, beirando o Quasimodo de Victor Hugo, arrastando um pé incômodo e com medo de bater com a cara no chão nessas calçadas absolutamente disformes de Cabo Frio.
Pois é! Quanto à Folha dos Lagos, acredito que sobreviver é a palavra certa mesmo. Sobreviver nesse universo cabo-friense é milagre e dos bons, daqueles que podem gerar uma corrente de turismo religioso, como em Porto das Caixas. Poderíamos beatificar Moacir e Rodrigo pela inventividade e persistência em terras tão áridas. Quem sabe no próximo Conclave? - PEQUENAS DOSESpor blogdototonho
1º Festival de Mestres do Povo
O 1º Festival de Mestres do Povo está na 23ª Semana Nacional dos Museus (IBRAM). Começa hoje, 20, terça-feira, no Museu de Arte Religiosa e Tradicional (MART), que funciona nessa preciosidade do século XVII, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos ao pé do Moro da Guia, onde se encontra a Capela de Nossa Senhora da Guia.
Abertura – 3ª Feira
18h – Apresentação de convidados e leitura da programação. Fala do representante do Museu de Arte Religiosa e Tradicional (Mart)/IBRAM. Fala do diretor do evento Ricardo do Carmo. Palestra de Daliana Cascudo (Presidente do Instituto Câmara Cascudo). Tema: “Câmara Cascudo – O Grande Intérprete do Brasil”. Exibição do curta-metragem “10 Anos de Mestres do Povo”. Homenagem aos Mestres Populares e lançamento do Catálogo de Filmes “A Opção pelo Popular”. Abertura da Exposição “Ricardo do Carmo – 40 Anos de Folclore”. Exposição de fotografias, imagens, documentos, objetos, textos literários e artesanato. Coquetel de confraternização, no Jardim do Museu.
4ª feira – 21/05
Manhã – Arguições – Atração Extra
10h – “A Criação de Leis e a Lei Mestres dos Mestres”, com Irineu Fontes (secretário- executivo de Cultura do Estado de Sergipe) e Flavio Serafini (deputado estadual).
11h – Debate com mestres da cultura popular.
Noite / Exibição de filmes e arte popular.
3ª Temporada da Série Documental Mestres do Povo
18h – “O escultor Gilmário Santana”
“Renato Babão viu o monstro”
19h – Performance de dança afro-brasileira, com Suzana Menezes e Nenego.
20h – Apresentação do grupo folclórico “Os Parafusos”, de Lagarto (Sergipe).
5ª Feira – 22/05
Manhã – Atração Extra
10h – “Os Mestres de Saberes Notórios”, com Eliomar Mazoco (vice-presidente da Comissão Nacional de Folclore) e Vagner Ribeiro (presidente da Comissão Piauiense de Folclore).
11h – Exibição do documentário “Muito Antes de Nós”, sobre o legado de Niède Guidon no Piauí. Filme premiado na XIII Semana Fluminense do Patrimônio (2023). Direção Ricardo do Carmo, com fotografias de Lucas Müller e André Pessoa. Comentários de Maria Socorro Macêdo, empresária do ramo de turismo em São Raimundo Nonato (Piauí).
Noite – Festa de Encerramento
18h – Fala de encerramento, com o folclorista Ricardo do Carmo (diretor do evento).
18.30h – “Os barcos de Antonio Leite”
“Zenóbia do Sorriso Feliz”
19.30h – Espetáculo de Teatro de Bonecos do “Grupo Sorriso Feliz”, com Clarêncio Rodrigues.
20.30h – Confraternização com “canjas” e apresentações de vários artistas. Palestrantes:
Daliana Cascudo – Presidente do Instituto Câmara Cascudo e guardiã do acervo do avô Câmara Cascudo.
Irineu Fontes – Secretário-Executivo de Cultura de Sergipe e idealizador da Lei Mestres dos Mestres.
Eliomar Mazoco – Vice-presidente da Comissão Nacional de Folclore.
Antonio Vagner Ribeiro Lima – Mestre em antropologia e Presidente da Comissão Piauiense de Folclore.
Maria Socorro Macêdo – Empresária do ramo de turismo em São Raimundo Nonato (Piauí).
A Biografia do Tabelião surfista
Flávio Rosa, também conhecido como tabelião-surfista, chegou aos 60 e planeja publicar sua biografia, que promete sacudir Cabo Frio e arredores. Contatou o jornalista e sociólogo José Correia Baptista, que estuda aceitar a empreitada para viabilizar e coordenar o projeto, com o cuidado de sempre.
Janelas abertas
O governo municipal continua sem oposição na Câmara, apesar de levar muita pancada em sites e portais de notícias, na Internet. A única novidade é a política de janelas abertas do vereador Milton Alencar Júnior (Podemos) que escancarou as janelas do seu gabinete para a Avenida Nossa Senhora da Assumpção: ao menos prescinde do ar refrigerado.
Agasalho
O ex-prefeito Alair Corrêa, governou Cabo Frio na época em que os poços de petróleo da Bacia de Campos jorravam “petrodólares” em royalties. Tal fartura permitiu até mesmo reunião dos funcionários públicos no “Correão” com sorteios e prêmios. A riqueza acabou por construir frondosa base política e “agasalhou” inúmeros aliados.
Agasalho 2
Em seu último governo, com os poços da Bacia de Campos exauridos pela contínua exploração, que julgavam inesgotável, os recursos dos royalties foram minguando. Muitos dos aqueles que outrora foram “agasalhados” tiveram que enfrentar inverno rigoroso desprovidos de “agasalhos”, em extrema penúria.
O “Conselhão” morreu!
Após a movimentação frustrada em torno do “Conselhão” o ex-prefeito Alair Corrêa parece ter sossegado. O velho cacique político não obteve junto a sociedade e o meio político, no qual transita, nenhuma repercussão de importância. Os outros pares que formariam o “Conselhão” também não se pronunciaram: o assunto morreu.
- A DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA E SEU IMPACTO NA POPULAÇÃOpor blogdototonho
O exame da evolução da dívida pública brasileira desde os tempos coloniais até os dias atuais nos permite concluir que o endividamento jamais esteve a serviço do desenvolvimento do país e da garantia de direitos sociais da população, através de investimentos em políticas públicas essenciais.
As duas únicas exceções foram num curto período do governo Vargas, após o Golpe de 30, com uma auditoria que proporcionou uma economia no serviço da dívida e permitiu investimentos na indústria de base e no período da ditadura civil militar, durante o chamado “milagre brasileiro”, onde o endividamento externo financiou o projeto de desenvolvimento dos militares, alavancando o PIB brasileiro.
Entretanto, em ambas as situações este crescimento da economia não significou distribuição de renda com melhorias salariais e serviços públicos adequados para a população. Foi uma ferramenta que estimulou a concentração de riqueza e renda nas mãos de poucos. O endividamento beneficiou uma elite empresarial num primeiro momento e desde a década de 90, com o enfoque neoliberal da “financeirização” da dívida e o seu crescimento de forma exponencial, carreou enormes privilégios para o sistema financeiro nacional e internacional.
A dinâmica de crescimento da dívida pública após a década de 90 atendeu a dois condicionamentos: um de natureza interna e outro de ordem externa. O condicionamento interno é representado pelo ritmo de crescimento da dívida, resultado das mais altas taxas de juros do mundo e pela emissão de novas dívidas para pagar dívidas antigas. O condicionamento externo está ligado à imposição da adoção das políticas econômicas neoliberais e seus ajustes ortodoxos de políticas fiscais e monetárias, de acordo com o corolário sugerido pelo FMI e Banco Mundial, visando reduzir déficits orçamentários, mesmo à custa de redução dos investimentos em áreas sociais. Isso é um fator de interferência e ataque a soberania nacional.
Foram questões decisivas que fizeram com que a administração do sistema da dívida pública sempre privilegiasse os interesses dos credores que constantemente se viram no direito de impor suas posições frente a um Estado fragilizado financeira e institucionalmente. As análises das execuções orçamentárias nestes períodos, prorrogados até os dias atuais, mostram que o pagamento de juros e amortizações, além da rolagem da dívida, comprometeram em média de 40% a 45% do Orçamento Geral da União.
Por outro lado, foi possível ser observado as baixas destinações orçamentárias para as mais diversas áreas sociais, com percentuais que giravam de inacreditáveis 0,01%, como no caso da habitação, a 4% na área da saúde. São montantes que não atendem as demandas sempre crescentes de serviços públicos para atendimento à população, que se vê diante de um quadro dramático e que tende ao agravamento no futuro.
Vivemos um enorme paradoxo sob o ponto de vista econômico. O Brasil é um país rico, hoje, é a 10° economia do mundo, já fomos a 6º durante boa parte do 1º governo Lula, mas a pontualidade no pagamento da dívida pública provoca enorme atraso e descaso com a dívida social. Este modelo econômico tem um caráter concentrador de renda e torna o país um dos mais desiguais do planeta. É quase inacreditável aceitar, dada a grandeza dos números, que FHC “entregou” uma dívida interna para Lula da ordem de 654 bilhões de reais e após 14 anos de governo do PT, do próprio Lula e sua sucessora Dilma Rousseff, a dívida tenha alcançado uma de magnitude de 3,8 trilhões de reais. Com Temer, os 4 terríveis anos de Bolsonaro e com o retorno de Lula, a dívida já supera a casa dos 7 trilhões de reais, apesar dos escorchantes pagamentos de juros e amortizações realizados durante todo este período.
Para continuar alimentando o sistema da dívida pública, o governo através de escolhas políticas, o BC “independente” é uma delas, em sintonia com a elite financeira nacional e internacional, presente nos altos escalões da República através de seus representantes, sacrifica o povo com uma pesada carga tributária, operando um modelo regressivo que taxa o consumo com enorme voracidade e poupa de uma tributação mais justa e equitativa o grande capital e o patrimônio.
Outro marco importante do endividamento brasileiro é o privilégio tributário dispensado ao sistema financeiro, principais credores da dívida pública, com as reduções de alíquotas de impostos, taxas e contribuições, sendo a isenção de imposto de renda na compra de títulos da dívida interna, o mais escandaloso deles. O comprometimento da arrecadação com os juros e amortizações da dívida impede o retorno adequado de bens, investimentos e serviços públicos, além de rifar o patrimônio público com privatizações e concessões sem transparência.
O tema da dívida não é debatido em nível nacional da forma que deveria, tendo em vista a sua importância e a forma que afeta a vida do cidadão brasileiro. Isso tem um caráter proposital para esconder da população os valores estratosféricos desta transferência de recursos públicos para o grande capital nacional e transnacional. Quando o tema é tratado na mídia nacional, o mesmo é discutido numa linguagem excessivamente técnica, que dificulta a compreensão da grande maioria do povo brasileiro, com a presença de economistas de viés neoliberal, representantes diretos ou indiretos do próprio sistema financeiro, o grande beneficiário do endividamento brasileiro.
Vozes que tem uma visão mais crítica e dissonante, que debatem o tema sobre o prisma da negação dos direitos sociais, tem extrema dificuldade de atingir a grande mídia, ficando relegados a segmentos específicos da sociedade civil organizada. Por este conjunto de razões que se faz necessário cumprir o preceito constitucional que prevê uma auditoria integral no sistema da dívida do país para dar transparência e conhecimento à população destes volumosos recursos que estão sendo pagos a título de serviço da dívida pública. Nós estamos diante de um “monstro financeiro” que controla o poder político. É muito grave isso. Eu diria que a dívida pública brasileira é um mega esquema de corrupção legalizado e institucionalizado.
Claudio Leitão é economista e professor de história.
- O ALEIJADOpor blogdototonho
Era contra o casamento. E não fazia o menor mistério. Confessava, claramente, que tinha uma espécie de tara. Havia, em redor, um espanto.
— Tara?
— Pois não. Tara, sim.
— Mas como?
E ele, com alegre naturalidade:
— Só gosto de mulher casada.
— No duro?
— No duro. Tenho horror das solteiras. Não me interessam…
Este cinismo de salão causava um grande efeito, sobretudo nas mulheres.
As solteiras arregalavam os olhos, no fundo deliciadas; e as madames achavam também uma graça infinita nesse descaro. E Sandoval, lisonjeado com o sucesso, insistia:
— Palavra de honra!A Desconhecida
E, um dia, ele ia saindo de casa, quando bateu o telefone. Voltou para atender.
Uma voz de mulher perguntava:
— Sandoval?
— Ele mesmo.
E a voz:
— Quem fala, aqui, é uma fã.
Sandoval, no momento, não tinha que fazer; gostou da voz e dispôs-se a perder de dez a 15 minutos. Inicialmente, a desconhecida quis saber:
— É verdade aquilo que você disse?
— O quê?
— Que só gosta de mulher casada? É verdade?
Sandoval riu:
— Mais ou menos.
— Que pena!
— Por quê?
E a anônima suspirando:
— Porque eu sou solteira. Nem tenho namorado, imagine!
Divertido com a petulância da fulana, fez a blague:
— Vamos fazer o seguinte: você se casa e depois aparece.
— Olha que eu me caso mesmo!A Casada
Moço, forte, bem-apanhado, Sandoval continuou sua vida sentimental. Mas
ninguém lhe conhecia uma aventura com pequena solteira. Dir-se-ia que a mulher casada era sua fatalidade. Explicava, a sério, as vantagens ilimitadas da esposa alheia, sendo que a primeira e maior é a de já estar casada. Concluía, convicto:
— Alto negócio! E, além disso, baratíssima. Quem subvenciona, quem corre com as despesas, é o marido!
Pouco a pouco, sem que ele mesmo o notasse, foi se esquecendo de umas tantas providências elementares, de sigilo, de recato. Fazia quase ostentação. E já o dominava a vaidade de ser visto, apontado e, até, execrado. Houve dois ou três escândalos. E a coisa se tornava tão notória e imprudente que, afinal, um amigo o procurou. Fez-lhe advertências graves, sugeriu mesmo uma hipótese:
— Podes levar um tiro!
Acontece que a mulher deste amigo era um dos casos de Sandoval. E ele, muito sério e compenetrado, sem desfitar o outro, bateu-lhe nas costas:
— Obrigado, Fulano. Mas não há perigo. Eu não me caso, por quê? Porque o marido, em geral, é um idiota chapado.
O outro insistia:
— Mas você precisa fazer o negócio com mais discrição, que diabo!
Na saída, o amigo ainda o convidou:
— Queres jantar amanhã com a gente? Minha mulher reclama que você quase não aparece.A Madame
Passa-se o tempo. E a vida mesma, os fatos, as pessoas e as situações faziam de Sandoval um cidadão cada vez mais cínico. Dizia-se dele, que era um canalha. Um dos seus prazeres mais agudos era se fazer amigo, e íntimo, dos maridos enganados, de conviver com eles. Era uma maldade, que dissipava alegremente, uma maldade aliás desnecessária, quase esportiva. Até que, um dia, uma voz feminina telefona
para ele. E, logo, faz a seguinte pergunta:
— Lembra-se de mim?
De momento, não se lembrava, nem aquela voz lhe sugeria qualquer antiga
impressão auditiva. Ela deu maiores detalhes: “Sou aquele brotinho, assim, assim.”
Acabou exclamando:
— Já sei. Agora me lembro! Como vai você?
E ela:
— Segui seu conselho. Casei-me.
Teve uma surpresa alegre:
— No duro?
— Batata. Olha, faz hoje um mês!
— Ótimo!Dois dias depois, tiveram o primeiro encontro, num bar de praia. Ele pediu um aperitivo qualquer e ela um refresco, de canudinho. E Sandoval, sôfrego, como se aquele fosse um primeiro amor, gostou de tudo, inclusive da feliz irresponsabilidade com que ela interrompia a lua de mel e vinha ao encontro do pecado. Sandoval quis saber quem era o marido e como era. Riu, esfregando as mãos:
— Você me apresenta a ele, o.k.?
— O.k.
Ela ainda explicou que o conhecia há muito tempo, de vista, desde garotinha; que ficava, da janela, maravilhada, vendo-o passar; que fora e continuava sendo o seu amor, primeiro e único. Casara-se por quê? Para ficar livre e, então, poder abandonar-se. Não pensava no marido, não admitia que o marido pudesse converter-se numa ameaça, num perigo ou, simplesmente, num obstáculo. Tanto que, na sua perversidade, escolhera, a dedo, entre muitos, o rapaz que lhe parecera mais cômodo e inofensivo. Então, envaidecida da própria malícia, soprou:
— Sabe? Ele é aleijado!O Aleijado
Era verdade: Domício tinha uma perna mais curta que a outra. Daí, como dizia Sônia, o “complexo”. As coisas entre Sônia e Sandoval se passaram de uma maneira muito simples, clara e direta. Ele não precisou fazer o mínimo esforço para conquistar uma conquistada. E, de vez em quando, apesar de toda a experiência, Sandoval perturbava-se diante daquela mocinha tão segura de si e com uma predestinação tão firme e irresistível para o pecado. Exclamava, então:
— Mulher é um bicho interessante! Um caso sério!
Sem nenhum senso do bem e do mal, Sônia aproximara os dois, levara Sandoval para dentro de casa. E Domício, numa boa-fé de cortar o coração, acompanhara-o, na saída, até a porta: “Apareça, sempre. Aqui, às suas ordens.” E, no dia seguinte, a sós com o Sandoval, ela, no orgulho da própria astúcia, gabava-se:
— Viste o golpe? Foi ou não foi espetacular?
Surpreso, Sandoval deixou-a desenvolver seu raciocínio feminino. Em suma, Sônia achava que um marido aleijado é “uma mina”, não pode reclamar nada, tem que aguentar firme tudo e olhe lá. Sandoval, com uma certa melancolia, suspira:
— Muito desagradável o defeito do teu marido.A Maldade
Dir-se-ia que a indignidade da situação era necessária para os dois. E, pouco a pouco, eles foram perdendo a prudência e encontravam na exibição um estímulo necessário. Apareciam, juntos, nas sorveterias, na praia, em todo lugar. Mesmo em casa eram cada vez mais ostensivos. Como se a doçura do outro o irritasse, Sandoval puxava o tema da infidelidade. Declarava coisas assim: “O sujeito que se casa é burro. Ninguém pode pôr a mão no fogo pela mulher.” Parecia um desafio inútil e grosseiríssimo ao pobre-diabo que, do outro lado da mesa, achava graça e celebrava:
— Você é uma bola, Sandoval! Um número!
Durante o jantar, os pés de Sônia e Sandoval trabalhavam por debaixo da mesa. Se Domício olhava para o lado, Sônia fazia a boca em bico, para o amante, numa sugestão de beijo. Outras vezes ele sugeria: “Vem de vestido em cima da pele. Sem nada por baixo!” Sônia vinha. E os dois precisavam ter o pobre-diabo no meio, como se a sua presença completasse o prazer. Por fim, tanta cegueira fazia nascer, em Sandoval, uma espécie de irritação; dizia, brutalmente: “Esse teu marido é uma boa besta!” Depois do jantar, ele os deixava conversando e se afundava na poltrona, para
cochilar, escandalosamente.O Abnegado
Mas Sandoval não nascera para uma só mulher. A variedade era, na sua vida, um hábito, um vício, uma doença. Ele acabou se interessando por uma outra, também casada e também com um marido ingênuo e bom.
E, então, mancando, Domício o procurou. Disse-lhe:
— Outra não, seu cachorro! Eu não admito, ouviste? Te dou seis tiros!
De noite, Sandoval apareceu na casa dos dois. Depois do jantar, enquanto ele conversava com Sônia, Domício cochilava na poltrona.Nelson Rodrigues – 1912/1980.
- IMAGENS DE CABO FRIO 2 – LUCIANO BARBOSApor blogdototonho
1 e 2 – Flores
3 – Acesso a Praia do Forte
4 e 5 – Dunas
Fotos: LUCIANO BARBOSA
- PEQUENAS DOSESpor blogdototonho
1º FESTIVAL MESTRES DO POVO – 2025
23ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS – IBRAM
3ª Feira – 20/05
Abertura
18h – Apresentação de convidados e leitura da programação. Fala do representante do Museu de Arte Religiosa e Tradicional (Mart)/IBRAM. Fala do diretor do evento Ricardo do Carmo. Palestra de Daliana Cascudo (Presidente do Instituto Câmara Cascudo). Tema: “Câmara Cascudo – O Grande Intérprete do Brasil”. Exibição do curta-metragem “10 Anos de Mestres do Povo”. Homenagem aos Mestres Populares e lançamento do Catálogo de Filmes “A Opção pelo Popular”. Abertura da Exposição “Ricardo do Carmo – 40 Anos de Folclore”. Exposição de fotografias, imagens, documentos, objetos, textos literários e artesanato. Coquetel de confraternização, no Jardim do Museu.
4ª feira – 21/05
Manhã – Arguições – Atração Extra
10h – “A Criação de Leis e a Lei Mestres dos Mestres”, com Irineu Fontes (secretário- executivo de Cultura do Estado de Sergipe) e Flavio Serafini (deputado estadual).
11h – Debate com mestres da cultura popular.
Noite / Exibição de filmes e arte popular.
3ª Temporada da Série Documental Mestres do Povo
18h – “O escultor Gilmário Santana”
“Renato Babão viu o monstro”
19h – Performance de dança afro-brasileira, com Suzana Menezes e Nenego.
20h – Apresentação do grupo folclórico “Os Parafusos”, de Lagarto (Sergipe).
5ª Feira – 22/05
Manhã – Atração Extra
10h – “Os Mestres de Saberes Notórios”, com Eliomar Mazoco (vice-presidente da Comissão Nacional de Folclore) e Vagner Ribeiro (presidente da Comissão Piauiense de Folclore).
11h – Exibição do documentário “Muito Antes de Nós”, sobre o legado de Niède Guidon no Piauí. Filme premiado na XIII Semana Fluminense do Patrimônio (2023). Direção Ricardo do Carmo, com fotografias de Lucas Müller e André Pessoa. Comentários de Maria Socorro Macêdo, empresária do ramo de turismo em São Raimundo Nonato (Piauí).
Noite – Festa de Encerramento
18h – Fala de encerramento, com o folclorista Ricardo do Carmo (diretor do evento).
18.30h – “Os barcos de Antonio Leite”
“Zenóbia do Sorriso Feliz”
19.30h – Espetáculo de Teatro de Bonecos do “Grupo Sorriso Feliz”, com Clarêncio Rodrigues.
20.30h – Confraternização com “canjas” e apresentações de vários artistas. Palestrantes:
Daliana Cascudo – Presidente do Instituto Câmara Cascudo e guardiã do acervo do avô Câmara Cascudo.
Irineu Fontes – Secretário-Executivo de Cultura de Sergipe e idealizador da Lei Mestres dos Mestres.
Eliomar Mazoco – Vice-presidente da Comissão Nacional de Folclore.
Antonio Vagner Ribeiro Lima – Mestre em antropologia e Presidente da Comissão Piauiense de Folclore.
Maria Socorro Macêdo – Empresária do ramo de turismo em São Raimundo Nonato (Piauí).
Local: Museu de Arte Religiosa e Tradicional – Convento de Nossa Senhora dos Anjos.
Imperdível
O 1º Festival de Mestres do Povo está dentro da 23ª Semana Nacional dos Museus (IBRAM). Vai começar a partir de amanhã, 20, terça-feira, no Museu de Arte Religiosa e Tradicional (MART), que funciona nessa preciosidade do século XVII, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos ao pé do Moro da Guia, onde se encontra a Capela de Nossa Senhora da Guia.
Balbúrdia Poética
“Dia 17 de maio, aniversário do José Facury Heluy . Uma noite memorável com poesia e samba. Só artistas, amigos de longas datas, alegrias e descontração pra quem se disponibilizou contribuindo para recitar os poemas preferidos. Gratidão aos queridos Jiddu K. Saldanha e Artur Gomes que conduziram tão bem essa noite. Essa BALBÚRDIA POÉTICA!!!!“ – Tânia Arrabal.
Jogos Estudantis
Uma boa iniciativa a dos Jogos Estudantis através da colaboração entre a secretaria de educação e a secretaria de esportes. É bom para as escolas e principalmente para os alunos. Quem sabe essa parceria pode ser esticada para a secretaria de cultura e nascer um festival de corais com cantatas nas escolas, igrejas e praças, no Natal ou até antes, no aniversário da cidade, em 13 de novembro.
Comércio – Cultura e Turismo
O Blog insiste que a revitalização do centro comercial de Cabo Frio passa pela articulação dos empresários locais com a administração municipal e não por altos investimentos urbanísticos e de paisagismo. O caminho mais curto e duradouro está na junção da Cultura com o Turismo, tal a importância dos bens culturais existentes na área.
UERJ – Vaga em Cabo Frio
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) abre inscrições no dia 26 de maio até 4 de julho para concurso que vai preencher uma vaga na carreira de Professor Adjunto, em Cabo Frio, no Departamento de Ciências Médicas Integradas, da Faculdade de Ciências Médicas na área de Psiquiatria. A taxa de inscrição é R$ 329,05. com salários de R$ 6.581,01. A prova acontece 18 de agosto.
Articulação oposicionista?
Boatos que circulam por cafés, lanchonetes e padarias de Cabo Frio dão conta que setores da oposição formados por algumas lideranças do PDT, MDB e ex-vereadores ligados ao governo de Magdala Furtado e derrotados na eleição de 6 de outubro tentam se articular contra o governo de Serginho Azevedo (PL).
Crescimento de sites e portais
Essa formação de uma estruturação política talvez explique o crescimento das atividades de alguns sites e portais de notícias da Internet. Esses sites e portais fazem cerrada oposição ao governo do prefeito Serginho Azevedo (PL), líder do denominado “bloco conservador”.
Nota dissonante?
Segundo alguns observadores a nota dissonante e peculiar estaria no fato de que parte dessa oposição é constituída por políticos nascidos e criados na nata do conservadorismo. O que explicaria então esse tom crescente de críticas ao governo municipal e a liderança do prefeito Serginho Azevedo (PL). Seria a preparação para outubro de 2026?
Vergonhoso
O jornalismo corporativo brasileiro, liderado pelas Organizações Globo, ainda vive no mundo da “Guerra Fria”. O texto, tanto na TV, como na Internet, parece cópia de comunicados do Departamento de Estado, nos Estados Unidos. Ignora completamente os protestos mundiais contra o genocídio em Gaza e na guerra Rússia x Ucrânia, escolhe a Rússia como bandido e a Ucrânia, o mocinho, como nos filmes hollywoodianos.
- DIVULGAÇÃOpor blogdototonho
- A CRÔNICA DO LEGENDÁRIO HOMEM APAIXONADOpor blogdototonho
Já fazia um tempo e ele estava às voltas com um pensamento recorrente: Desejava ser pai. Muitas coisas passavam por sua cabeça como o amadurecimento necessário, a perpetuação de um legado, a experiência da dedicação ao outro. Consumido por noites praticamente insones em seu quarto de solteiro no qual vivia na casa da mãe, concluiu que, no alto dos seus quarenta e dois anos, a hora chegara.
Mas não pensem vocês que foi uma decisão fácil. Nunca é. Ele imaginava como iria contar à sua mãe que ela passaria ao status de avó. Temia talvez por algum ciúme, incompreensão, ou quem sabe um leve sentimento de culpa que o assombrava pois, certamente, a velha acabaria tendo também que ajudar nos cuidados do nascituro.
Fatigado em suas angústias, concluiu que o conceito de pai solo não lhe convinha. Até porque tinha escrúpulos religiosos, certos purismos que o levavam a uma militância enfática (quase sempre um tanto agressivas, é verdade) nas redes sociais. Não poderia se contradizer. Por isso, decidiu tomar coragem e iniciar a corte daquela que seria a mãe do seu filho.
Sempre fora um rapaz tímido. Não era para menos. Todo o adolescente quando passa dos quarenta fica assim um pouco. Normal até. Mas ele era um caso diferente. Sua timidez era, na verdade, uma espessa crosta de autoproteção contra as decaídas mulheres da sociedade contemporânea. Elas não se interessavam por ele e muito menos ele por elas. Mas, justiça seja feita, nunca se esquivou de ataca-las! Delirava só de pensar que, um dia, os gloriosos tempos de algum outrora qualquer pudessem retornar, trazendo uma nova safra de fêmeas dóceis, sensualmente disponíveis e moralmente conformadas em sua posição inferior de objetos de satisfação e provedora unilateral de cuidados.
Mas o seu tipo de mulher perfeita, para sua infelicidade, só existia em seus animes ou nas histórias dos jogos sobre uma medievalidade inventada, que dividia com seus colegas, igualmente diferenciados, semanalmente. Nem sua mãe chegava próximo a esse patamar exemplar. Porém, pelo menos para os cuidados ela funcionava relativamente bem.
Ela, obviamente, sabia que mães não são candidatas a esposas desde que Freud escreveu Totem e Tabu e acabou com a bagunça da tribo humana (livro que aliás ele nunca leu, mas cujo conteúdo sorveu de um influencer do TikTok). Por isso, sem mais rodeios, resolveu investir na única mulher que poderia ser a mãe dos seus filhos e oferecer a ele, a singularidade que tanto ansiava. E ela estava lá, naquela grande loja de departamentos no shopping da sua cidade.
Tudo começou com um leve flerte, bem ao seu gosto. Ele passou e lá estava ela, elegante, com olhos de esfinge, sorriso de Monalisa, um ar tímido, assim como o dele. Nunca teve coragem de entrar na loja e falar com ela. Não sabia o tom da sua voz. Mesmo assim, todos os dias que ele ia (e ele ia tomar seu lanche da tarde quase diariamente por lá) a encontrava, cada dia mais bela, com uma roupa diferente. Não notou aliança nos dedos. Esperança. Sentia que ela estava lá, indefesa e dócil, convidando sem convidar, tudo o que se encaixava na perfeição do seu mundo. Era ela. Tinha que ser ela a mãe do meu filho.
Porém, quase tudo foi posto a perder por conta do ciúme, essa doença maldita do sentimento humano! Praticando o seu footing (caminhada para os mais ignorantes, ok?) vespertino (no período da tarde, caso a ignorância permaneça!) viu uma cena que o encheu de dúvidas e fúria. Parecia mais jovem do que ele, mas como percebeu pelo crachá e uniforme que o seu rival trabalhava, chegou rapidamente à conclusão de que se tratava de um homem. Logo agora? Logo quando decidira que também cruzaria essa etapa e cumpriria de uma só vez todos os ritos de passagem da adolescência para a vida adulta? Não… Não era possível. O ordinário lhe ajeitava as madeixas, alinhava a jaqueta nos seus ombros delicados e, por Deus, a tocou em sua cintura! Maldito seja!
Inclinou-se a ir defender a sua honra e a de sua amada. Mas, como viu que ela declinara aos encantos do rival, recuou. Não. A violência não era o caminho. Desesperou-se e cedeu ao impulso de um último desesperado recurso, que provaria suas novas credenciais de homem sério. Entendeu, finalmente, que a solução estava justamente na manipulação nas dimensões quânticas do multiverso (seja lá o que isso significasse, à luz da boa ciência), algo que lera naquele dia em seu quadrinho preferido. Era a hora de subverter a ordem temporal e dimensional do seu plano original.
Voltou para a casa, trancou-se em seu quarto. Sons de pancada seca e, por fim, jazia Bartolomeu, o porquinho de economias, com suas vísceras monetárias expostas no carpete. Correu antes que a mãe pudesse entender a situação. Nada poderia domá-lo. Era agora ou nunca.
Foi quando se prostrou-se finalmente diante da amada. No seu colo, um bebê. E num turbilhão de emoções começou a falar, cada vez mais alto e enfático, algo sobre aquele ser pequenino ser filho deles. Imprecações, chamamentos à sua responsabilidade de mãe, juras de amor, ameaças e maldições. Tudo isso bem junto e misturado. Não demorou já havia uma pequena multidão ao redor. A amada do nosso novo homem, porém, permanecia impassível. Como pode?
Seguranças começaram a se amontoar e, tão logo, a polícia já estava presente iniciando as tratativas para por fim àquela balbúrdia, sobretudo pelo fato de ter uma criança de colo no meio daquele tumulto.
Mas, para o bem geral da nação, a situação foi encerrada. Durante muito ela foi assunto nas redes sociais, nos botequins e em todo o canto. Nunca se viu tamanha demonstração de amor e galhardia (e com plena lucidez comprovada posteriormente pelos exames detalhados sobre as suas faculdades mentais) daquele adolescente de quarenta e dois anos, que lutou pelo seu direito ao amadurecimento como um pai de bebê reborn, junto ao belíssimo e curvilíneo manequim de número 36, localizado na vitrine da seção feminina, daquela famosa rede varejista no shopping da cidade.
Bom, essa é a verdade dos fatos. O resto é mito.
Paulo Cotias é psicanalista, professor, historiador e escritor. Siga nas redes (YouTube, Facebook, Instragram e X) o @opaulocotias e visite o site psicotias.com para mais conteúdos e informações!
- O SOL, A CAFONICE E O COLONIALISMO CULTURALpor blogdototonho
Alguém pode explicar por que os bancos das praças são colocados fora da área de sombra das árvores, que são poucas? Alguma explicação botânica? Talvez a necessidade de martírio pessoal numa época de aquecimento global? Será a forma que as autoridades encontraram para disseminar a vitamina D, sem investimentos na saúde pública, em profunda penúria?
Ora, ora, tudo é possível, inclusive a falta de traquejo de arquitetos e engenheiros, tão habituados a desenhar e construir shoppings e áreas de lazer fechadas em prédios para a alta classe média. Na histórica praça da minha cidade, mais uma vez reformada, erraram até nas medidas dos bancos. Não há cristão que por ali se abolete com conforto. O piso, esse então, basta a chuva para torná-lo o paraíso das clínicas ortopédicas, que se disseminaram na cidade. O que dizem mesmo sobre a relação dos ortopedistas com os livros?
É só espichar o olhar pra cima e se dar conta que os conceitos arquitetônicos levam muito pouco em consideração a realidade local como a incidência de sol, luminosidade, ventos e tantas outras características. Por acaso Cabo Frio não foi uma terra de salinas? O desconhecimento é tal que o obelisco inaugurado para comemorar os 300 anos de fundação, junto a rosa dos ventos estão ambos fora do lugar: a cada reforma continuam passeando, são nômades.
O colonialismo cultural cobra seu preço.Torna a cidade mais quente e a conta de luz salgada, quando bastava respeitar a natureza, mulher cheia de sábios caprichos, a quem devemos procurar agradar sob pena de rebeliões e infortúnios.
O desrespeito, percebido em todos os cantos das orlas das praias e do centro histórico, espalha cafonice, embora atraia a pretensa elite, a empinar o nariz pelos “falsos brilhantes” dos prédios com fachadas espelhadas e nomes pomposos. Não faltam edifícios com nomes plantados em inglês e francês, quando boa parte da clientela mal sabe falar e escrever na própria língua.
Manoel Lopes da Guia Neto.
- PRAIA DO FORTE & RIO SÃO JOÃO – LUCIANO BARBOSApor blogdototonho
Fotos 1 – 2 – 3 – 4 – Praia do Forte.
Foto 5 – Rio São João.
Fotógrafo – LUCIANO BARBOSA
- PEQUENAS DOSESpor blogdototonho
Governo x Oposição
O governo continua usando a estratégia de usar as redes sociais da Internet para divulgação imediata e permanente de todas as suas ações, com acompanhamento através de pesquisas de opinião. O prefeito Serginho Azevedo (PL) é quem lidera o processo de divulgação da sua administração.
Governo x Oposição 2
A oposição, sem voz numa Câmara monolítica, reage através de portais/sites de notícias, fazendo críticas pesadas. O uso massivo das redes sociais cria bolhas (não falam entre si) não dá uma visão ampla do que acontece no município. Nem sempre as opiniões nas redes coincidem com a voz das ruas.
Espaço político
Nas redes tem se destacado o ex-vereador Dirlei Pereira, que faz denúncias e críticas diárias contra o governo de Serginho Azevedo (PL). O ex-vereador tenta recuperar o espaço político que teve no último governo de Alair Corrêa quando chegou a ocupar a secretaria de saúde, com grande desgaste junto a opinião pública.
Ação direta
Serginho Azevedo (PL) não tem respondido diretamente as críticas da oposição, que tenta se rearticular. O prefeito mantém o hábito de fazer rápidas aparições diárias dando conta das ações do seu governo, com a presença dos secretários da secretaria onde as ações estão sendo desenvolvidas.
2026
Algumas lideranças começam a debater a orientação de centrar esforços para ampliar o campo progressista no Legislativo, nas eleições de 2026. Hoje as diferentes casas legislativas são amplamente dominadas por partidos do chamado “bloco conservador”, em grande parte financiadas pelo agronegócio.
Região dos Lagos: resultado ruim na Educação
A Região dos Lagos foi classificada na pesquisa FIRJAN como de “crescimento moderado”, acima da média dos demais municípios do Estado do Rio. Apenas em um item, por sinal importantíssimo, a Região dos Lagos foi classificada abaixo da média: educação, no qual obteve 0,5949.
Conferência Regional LGBTI+ acontece em Búzios
Acontece nesse sábado, 17, em Búzios, a Conferência Regional LGBTI+, para debater e fortalecer políticas públicas para a população Lésbica, Gay, Bissexual, Transgênero e Intersexo+. Representantes da sociedade civil e do poder público de 10 municípios da região participarão do evento, que elegerá delegados para a etapa estadual, marcando a retomada das Conferências LGBTI+ Regionais, Estaduais e Nacional. A última edição regional ocorreu em 2015, em Cabo Frio.
A Conferência
A Conferência acontecerá das 8h às 19h na E. M. Professor Darcy Ribeiro, em Búzios. Participarão, Araruama, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Rio das Ostras, Macaé, São Pedro, Saquarema e Silva Jardim. Serão eleitos 52 delegados para a Estadual LGBTI+ entre 06 a 09 de agosto. Realização do gov. estadual através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e do programa Rio Sem LGBTfobia. Parceria da Prefeitura de Búzios e apoio do Grupo Arco-Íris e UERJ.
1º FESTIVAL MESTRES DO POVO – 2025
23ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS – IBRAM
MAIO / 20 – TERÇA-FEIRA
ABERTURA
18h – Apresentação de convidados e leitura da programação. Fala do representante do Museu de Arte Religiosa e Tradicional (Mart)/IBRAM. Fala do diretor do evento Ricardo do Carmo. Palestra de Daliana Cascudo (Presidente do Instituto Câmara Cascudo). Tema: “Câmara Cascudo – O Grande Intérprete do Brasil”. Exibição do curta-metragem “10 Anos de Mestres do Povo”. Homenagem aos Mestres Populares e lançamento do Catálogo de Filmes “A Opção pelo Popular”. Abertura da Exposição “Ricardo do Carmo – 40 Anos de Folclore”. Exposição de fotografias, imagens, documentos, objetos, textos literários e artesanato. Coquetel de confraternização, no Jardim do Museu.
MAIO / 21 – QUARTA-FEIRA
MANHÃ / ARGUIÇÕES
10h – “A Criação de Leis e a Lei Mestres dos Mestres”, com Irineu Fontes (secretário- executivo de Cultura do Estado de Sergipe) e Flavio Serafini (deputado estadual).
11h – Debate com mestres da cultura popular.
NOITE / Exibição de filmes e arte popular.
3ª Temporada da Série Documental Mestres do Povo
18h – “O escultor Gilmário Santana”
“Renato Babão viu o monstro”
19h – Performance de dança afro-brasileira, com Suzana Menezes e Nenego.
20h – Apresentação do grupo folclórico “Os Parafusos”, de Lagarto (Sergipe).
MAIO / 22 – QUINTA-FEIRA
MANHÃ / ARGUIÇÕES / ATRAÇÃO EXTRA
10h – “Os Mestres de Saberes Notórios”, com Eliomar Mazoco (vice-presidente da Comissão Nacional de Folclore) e Vagner Ribeiro (presidente da Comissão Piauiense de Folclore).
11h – Exibição do documentário “Muito Antes de Nós”, sobre o legado de Niède Guidon no Piauí. Filme premiado na XIII Semana Fluminense do Patrimônio (2023). Direção Ricardo do Carmo, com fotografias de Lucas Müller e André Pessoa. Comentários de Maria Socorro Macêdo, empresária do ramo de turismo em São Raimundo Nonato (Piauí).
NOITE / FESTA DE ENCERRAMENTO
18h – Fala de encerramento, com o folclorista Ricardo do Carmo (diretor do evento).
18.30h – “Os barcos de Antonio Leite”
“Zenóbia do Sorriso Feliz”
19.30h – Espetáculo de Teatro de Bonecos do “Grupo Sorriso Feliz”, com Clarêncio Rodrigues.
20.30h – Confraternização com “canjas” e apresentações de vários artistas.
PALESTRANTES
Daliana Cascudo – Presidente do Instituto Câmara Cascudo e guardiã do acervo do avô Câmara Cascudo.
Irineu Fontes – Secretário-Executivo de Cultura de Sergipe e idealizador da lei Mestres dos Mestres.
Flavio Serafini – Deputado Estadual (ALERJ).
Eliomar Mazoco – Vice-presidente da Comissão Nacional de Folclore.
Antonio Vagner Ribeiro Lima – Mestre em antropologia e Presidente da Comissão Piauiense de Folclore.
Maria Socorro Macêdo – Empresária do ramo de turismo em São Raimundo Nonato (Piauí).
LOCAL: MUSEU DE ARTE RELIGIOSA E TRADICIONAL – CONVENTO NOSSA SENHORA DOS ANJOS – CABO FRIO.
- A ESFERApor blogdototonho
A ESFERA
Se por um lado o bem se acaba, o mal também tem cura. – Sérgio Ricardo
É importante não fechar os olhos, tanto quanto respirar. Se estivesse pensando em algo, talvez eu não teria visto aquela mão pequena cometer aquele ato. Eu não estava olhando para a rua, não era um dia movimentado e uma brisa fresca corria entre os prédios. Não, eu não estava: eu era o segundo da fila. Talvez a comodidade desses caixas automáticos seja não estimular que as pessoas fiquem aborrecidas ou ansiosas. As únicas vezes que eu olhava para frente, para os caixas, para a rua, era para ver se alguém já tinha terminado. A mulher na minha frente estava com uma mão no carrinho, a outra trazia um celular ao rosto, mais próximo do que o normal. Era no começo da tarde.
Acho que eu preferia fazer compras depois de ficar de noite, isso antes da rua ficar movimentada. Agora é quase impossível andar com tanta cadeira na rua. A da Passagem, uma com que essa faz esquina, mesmo sendo um eixo muito mais utilizado, em comparação, é quase vazia. Tudo isso é culpa de uma revista londrina. De onde os ingleses resolveram chamar essa de a oitava rua mais legal do mundo? São só alguns blocos entre a Rua da Passagem e os arredores do cemitério. Isso foi terça passada, um dia extremamente anódino, onde alguém não consegue olhar para uma rua vazia sem pensar em como as coisas mudaram, ultimamente. Uma padaria fechou, uma farmácia abriu ― o que isso tem a ver com a minha vida?
Fico meio assustado com o quanto eu tenho me sentido cansado, eu nem tenho trinta. Mas o calor tinha começado a melhorar, e todo mundo sabe como a vida começa de verdade em março. Todas as crianças de uniforme, o fluxo na saída das grandes escolas. Como eu poderia sentir falta do ano passado? Nem mesmo consigo me lembrar de tudo o que aconteceu. Apenas, cansado do verão. Eu tirei algumas cópias da minha chave, eu comprei um novo jogo de copos, realmente não me lembro de estar pensando em nada.
Meu olhar deu com o pé de uma senhora, com seu tamanco. Depois, o percurso comum: uma calça social, uma camisa clara de botões e um cabelo escuro solto. Ela tinha uma cesta na mão e trazia, com a outra, uma menina pelo braço. Ela tinha um cabelo curto, um uniforme branco e verde, e parecia entediada, olhava para trás enquanto sua mãe a puxava para frente. Elas estavam na fila ao lado, para os caixas convencionais. Sua mãe soltou seu braço e as duas ficaram esperando sua vez. Quando a caixa chamou, a mulher pôs a cesta na bancada e começou a retirar suas compras. A menina continuava olhando para trás, sem se virar, por cima do ombro.
Acho que eu estava prestando atenção porque um casal tinha chamado a gerente para retirar um produto que tinham passado duas vezes por engano, o que significa que já tinham mais duas pessoas na fila atrás de mim. A menina olhou mais uma vez para trás, bem rápido. Ficou uns instantes olhando para a mãe, que estava conversando alguma coisa com a caixa. No momento em que as últimas compras estavam sendo passadas, a menina deu um passo para trás, virando-se de uma vez. Não esticou a mão, apenas levantou o braço, como se fosse uma cancela, movendo-se a um ângulo reto em relação ao corpo. Ela pegou uma pera da seção das frutas, que fica perto dos caixas, e colocou no bolso. Eu mal consegui acreditar.
Quando ela voltou para perto da mãe, pude jurar que ela olhou um segundo para mim, antes de retornar ao reino da apatia infantil. Logo sua mãe acabou segurando algumas sacolas de plástico, cheias, e voltou a puxá-la, na mesma direção, agora realmente para a rua. A dinâmica de um mercado é sempre a mesma: as pessoas entram e circulam quase sem direção pelos corredores, até que um sentido oculto parece despertar-lhes uma vontade irresistível de respirar um ar mais fresco, de ter sobre a cabeça algum terrível pedaço de céu azul ― o quanto de espaço uma vida precisa? Eu saí da fila e dei uma volta num corredor: para ser preciso, entrei num de bebidas e saí por um de temperos. Curiosamente, quando eu voltei, não tinha mais fila. Mas antes, a única coisa que eu fiz foi pegar uma pera, do mesmo amontoado que a menina tinha pego, aberto um saco de plástico e dado-lhe um nó, com a pera dentro.
No caminho, logo assim que atravessei a rua e cheguei na esquina, eu tireio saco da minha sacola de pano. Rasguei o plástico e fiquei um segundo olhando para a pera. Tinha um aspecto amarelado, quase envelhecido. Por que que eu comprei aquela pera? Eu não consegui encontrar uma resposta precisa. O sinal, mais em frente, estava fechado. Um outro, alguns blocos no sentido contrário, tinha acabado de abrir. Acho que gostei de segurar a pera na mão ― por um instante eu me senti bem por ter meu lugar dentre a humanidade. Esse vago sentimento de vergonha que me viera quando a menina me olhou, a vergonha de ser testemunha, tinha se dissipado feito uma nuvem, feito gelo num copo de qualquer mesa de bar.
Sendo sincero, eu não estava realmente inclinado a comer a pera. Ainda não conseguia encontrar um motivo. Se fosse uma pera de vidro ou de porcelana, eu poderia deixar sobre a mesa da sala ― mas não era: era uma coisa real, viva, perecível. Qual a diferença entre uma mão que colhe um fruto e a boca que o morde? Não, eu não consigo dizer. Alguma coisa parecia me dizer que eu precisava ir para casa. Mas como eu chegaria em casa com essa pera na mão? Como ela ia tomar seu espaço entre os elementos da minha vida? A mágica já tinha acontecido: as coisas acontecem e depois acabam.
Eu entrei na minha rua e passei pelo bar de esquina. Eu deixei a pera num canteiro, onde plantaram uma árvore esguia, semelhante a uma bancada, todo revestido de azulejo branco. Não olhei para trás e segui pela calçada oposta ao meu prédio, já que era por onde o fresco abrigo da sombra dos imóveis se deitava. Realmente era uma tarde agradável. Eu não espero que a fruta venha a perecer, mas sei que isso sempre acontece, um dia ou outro: não tem o que fazer, a gente tem que aceitar esse tipo de coisa. Talvez, no fundo, não seja tão ruim pensar assim.
22-03-2025
David Bernat
- POESIA ENTRE O CAIS E O HOSPITALpor blogdototonho
Geme no cais o navio cargueiro
No hospital ao lado, o homem enfermo.
O vento da noite recolhe gemidos
Une angústias do mundo ermo.
Maresia transborda do mar em cansaço,
Odor de remédios inunda o espaço.
Máquina e homem, ambos exaustos
Um, pela carga que pesa em seu bojo
Outro, na dor tomando o seu corpo.
Cais, hospital: Portos de espera
E começo de fim da longa viagem.
Chaminés de cargueiros gritando no mar,
Garganta do homem em gemidos no ar.
No fundo, o universo,
O mar infinito,
O céu infinito,
O espírito infinito.
Neblinados em tristezas e medos
Surgem silêncios entre os rochedos.Adalgisa Nery – 1905/1980.
- IMAGENS DA PRAIA DO FORTE – LUCIANO BARBOSApor blogdototonho
Praia do Forte – Cabo Frio/RJ – LUCIANO BARBOSA
- PEQUENAS DOSESpor blogdototonho
Aniversário de Facury
Estou te convidando para o meu aniversário, no qual vários amigos poetas e músicos (Arthur Gomes, Jiddu Saldanha, Tanussi Cardoso, Clarêncio Rodrigues, Digo da Conceição ) estarão nos animando e abrindo uma roda de ritmo e poesia livre no evento chamado BALBÚRDIA POÉTICA
Dia 17 de maio, sábado às 20h
Usin4 Casa das Artes(A Paõ Padaria estará funcionando normalmente )
São Pedro da Aldeia: reflexão!
Na análise da FIRJAN, os municípios da Região dos Lagos caracterizam-se pelo desenvolvimento moderado, exceto São Pedro da Aldeia, que teve baixo desenvolvimento. É preciso refletir sobre os dados apresentados e sua repercussão sobre a Laguna de Araruama. Esta edição do IFDM analisou 5.550 municípios brasileiros, que respondem por 99,96% da população.
Confronto só em 2026
Alguns sites de oposição continuam batendo pesado no governo de Serginho Azevedo (PL). O prefeito de Cabo Frio tem respondido indiretamente, mantendo constante presença nas redes da internet. A tendência é que o confronto só ganhe maior dimensão, em 2026, ano eleitoral.
Indignação seletiva
“Toda a mídia vem repetindo a sua “indignação” diante do roubo, realizado por meio de descontos indevidos nos pagamentos dos aposentados. Correto! Mas não vi nenhuma palavra contrária, desses mesmos entes, quando se orquestrava desvincular o valor das aposentadorias do salário mínimo, o que causaria uma perda bilionária e permanente para os aposentados, ao longo dos anos, e uma crescente defasagem salarial dos seus minguados rendimentos. Por outro lado, um pequeno aumento de ganho real do salário mínimo é sempre visto, por esta mesma mídia, como uma ameaça de ruína a toda economia nacional.” – de um atento leitor.
É só chegar!
Na Rua Major Belegard, 502, quase em frente à secretaria municipal de fazenda, está a Sophia Editora/Folha dos Lagos (sophiaeditora.com.br), com muito livro bom. Venha buscar o livro da Sophia que você tanto procura. Sempre das 11 às 17 horas.
Desmontados acampamentos na Praia do Forte
Operação integrada entre a Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Clima; a Guarda Marítima e Ambiental; a Secretaria Adjunta de Licenciamento e Fiscalização; e a Comsercaf resultou na desmontagem de acampamentos irregulares na Duna Boa Vista (Duna Preta), na Praia do Forte, na terça-feira (13). Foram recolhidas cinco caçambas de lixo. A Secretaria de Meio Ambiente destaca que denúncias ambientais podem ser feitas de forma anônima pelo e-mail meioambiente@cabofrio.rj.gov.br ou pelo telefone (22) 3199-1313.Missa dos 80 anos de José Bonifácio
Ontem, 14 de maio, com início às 19 horas, foi realizada a Missa em homenagem aos 80 anos do falecido Prefeito José Bonifácio. A cerimônia encheu de amigos e admiradores a Matriz Histórica de Nossa Senhora da Assumpção, na tradicional Praça Porto Rocha.
- THEOPHILO OTTONI A REVOLUÇÃOpor blogdototonho
“Na literatura como no cinema, penso ser preciso transformar a matéria criativa em obra inventiva, experimental e livre. Criar um texto de prosa poética que transportasse o espectador, de todos os matizes sociais e culturais, para um universo de imagens múltiplas, ainda não vistas, ouvidas, lidas ou imaginadas, foi o que me motivou a fazer esse filme.”
“O país lembra-se ainda hoje de 1842, do morticínio dos liberais de Minas e São Paulo, da sufocação da imprensa, do direito de petição eliminado, da delação premiada pelo governo da tirania”. (Rui Barbosa)
Da primeira idade a multiplicidade.
Foram mais de trinta anos para realizar esse filme que depois virou uma série para TV Brasil.
Um filme (série) só poderia nascer de uma mente engendrando formas somente transmitidas verbalmente, historicamente, cinematograficamente, quando a voltagem mental é suficientemente alta.
Tinha que realizar Ottoni a qualquer custo. Voa-se então muito alto e têm-se visões do futuro. Nascem imagens em movimento que só podem ser antecipadas na forma do perigo absoluto, da revolução, de todas as formas, da divina arte que rompe definitivamente com toda a normalidade conhecida.
Assim nasceu um filme no teatro com o Grupo Ponto de Partida da cidade de Barbacena onde eclodiu a revolução mineira.
Creio que agora esse personagem esquecido da nossa história viverá novamente com toda a sua grandeza.
O método ideogramático do meu cinema é experimental e consiste em apresentar uma faceta e logo após outra em movimento até que, a um dado momento, consiga-se atingir a superfície morta e desvitalizada da mente do observador em alguma parte sensível até tudo começar novamente.
Este, em poucas palavras, é o meu filme que propõe de maneira clara e definitiva a imortalidade de Theophilo Ottoni, que ousou modificar a história de Minas e do Brasil nos idos de 1842, e que foi cristalizada por marcante epopeia política e histórica que proporcionou a Minas, no II Reinado, mais uma vez, a oportunidade de lutar em defesa da liberdade, da democracia e da república, só proclamada 47 anos depois.
Minas Gerais, pela amplitude e riqueza de seu passado, está de frente, embora sem conhecer, de um dos seus mais instigantes episódios, há muito tempo perdido, da memória nacional.
Esperamos com paciência sua exibição na TV BRASIL…
Jose Sette – outubro – 2024.
(Ou se transforma e simplifica-se a papelada dos órgãos públicos que financiam e legalizam o artista ou a burocracia acaba, mais uma vez, com o bom cinema e a realização da verdadeira cultura brasileira).
- SÍMBOLOS DA UNIVERSALIDADE – REFLETINDO SOBRE A XENOFOBIApor blogdototonho
As cerimônias religiosas naturalmente são dotadas de muito simbolismo. Mas, para além do simbolismo próprio dessas cerimônias, há também símbolos e significados que podemos, cada um de nós, atribuir aos fatos quando os observamos. Na última quinta-feira (8), por ocasião da escolha de Robert Francis Prevost como o novo papa, de nome Papa Leão XIV, não faltaram oportunidades para tal.
Entre as tantas observações dessa marcante quinta-feira, uma coisa me chamou a atenção: o novo papa é estadunidense de nascença e também peruano por escolha, em razão da obtenção de nova cidadania. Destaco essa condição em razão do impulsionamento que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem dado à xenofobia. Em tempos de deportações aos montes, inclusive com prisões realizadas de maneira violenta e de estímulo ao preconceito contra imigrantes, eis que nos chega um novo papa, com duas cidadanias, podemos dizer que até um pouco mais latino-americano do que estadunidense.
A xenofobia, assim como qualquer preconceito, possui um espectro que vai muito além do ato xenofóbico em si. Não é preocupante apenas o ato por meio do qual se tipifica o preconceito, mas também a ideia que é semeada, afinal uma ideia pode ocupar as mentes de muitos seres humanos que com ela se afinizam e, a partir daí, fazer vir à tona o preconceito antes oculto nesses seres; o preconceito que, quem sabe, até esses mesmos seres desconheciam possuir.
Há dois meses, o jornalista brasileiro Jamil Chade relatou algo que ilustra bem o quanto uma ideia preconceituosa se fortalece, chegando a influenciar até mesmo as crianças. Segundo contou o jornalista, seu filho, criança e estudante de uma escola em Nova York, envolveu-se em uma discussão em razão de disputa esportiva, discussão comum em pátios de escolas, com uma coleguinha americana. E, de repente, a coleguinha, com cerca de 10 anos de idade, diz pra ele: “Tomara que você seja deportado”. O filho de Jamil levou um susto, pois, para ele e até então, a diferença de nacionalidade nunca havia sido algo relevante entre eles. Então, percebe-se que a ideia xenofóbica, semeada por Trump, serve como uma autorização para a xenofobia. A deportação acaba funcionando não apenas como um instrumento de política pública, mas também como um instrumento de ofensa e de agressão. O mais preocupante é o fato de o preconceito estar sendo ensinado e estimulado pelas atitudes do presidente dos EUA.
Os EUA têm se destacado, ultimamente, em relação à xenofobia, entretanto ela está presente na ideologia fascista de extrema direita que se ramifica por vários países, inclusive no Brasil. Aqui também percebemos estímulos ao preconceito, principalmente quando líderes políticos dão, em suas falas, exagerado destaque à origem dos cidadãos, ou quando priorizam demasiadamente a diferença de origem de cada um ao tratarem de serviços e de direitos e, assim, acabam por “autorizar” tratamento diferenciado conforme seja a origem de cada cidadão. É como um “germe silencioso” que espalham em uma sociedade, fazendo com que seus membros passem a expressar falas e atitudes xenofóbicas para com cidadãos não nascidos no local.
Voltando, então, à escolha do novo papa, também não passou despercebida a presença daquela linda gaivota perto da chaminé da qual saiu a fumaça branca. A nossa tão conhecida gaivota, ave que vemos tanto aqui em nossas praias cabo-frienses. E, por que não, mais um símbolo de nossa universalidade! Ela não é somente daqui, não é somente de lá, ela é do universo, assim como o papa é dos EUA, é do Peru, é da Itália, é de todo o mundo, enfim, é um cidadão universal!
Tal como diz a frase, por uns, atribuída ao filósofo Sócrates e, por outros, ao filósofo Plutarco: “Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo.”
Muitas vezes, os símbolos costumam ser sinais que nos chamam a um profundo mergulho em reflexões que nos transportam para a amplidão de nossa visão de mundo, fazendo-nos, nesse caso em tela, perceber o quão mesquinho e pequeno é mensurar, por meio das origens, o valor dos seres humanos.Luciana G. Rugani
Pensadora, escritora e poeta - DIVULGAÇÃOpor blogdototonho
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192 respostas em “BLOG DO TOTONHO”
Parabéns TOTONHO
O texto do Paulo Cotias me lembrou de um professor suíço lá na escola de engenharia da UFRJ. Foi convidado para dar aulas numa ilha no Rio de Janeiro. Veio. Tomou óleo de fígado de bacalhau.
O texto da Luciana Rugani dessa quinta-feira (10) é muito legal. Leve e inteligente. Obrigado!
Bom dia Totonho, como sempre é muito bom ler as notícias por aqui. Mas a história do Manoel Lopes da Guia é boa demais, nos faz voltar e viajar no tempo. Ô Cabo Frio maneira……
Totonho
So o seu blog me faz voltar a CFrio oara matar saudades de “meu Portinho”
A minha casa foi vendida depois de analises de que ela esta ” imoravel”tal dadas as condicoes inacreditavis de entrega de Helio W Guaberto que fugiu deixando um cachorro
Enfim, depois do carnaval vou atras de um ap para alugar e volta a fazer de Cabo Frio o meu Shangrila perdido
Parabens pela bela cronica de Zuenir Ventura falando do Arpoador onde sempre morei intercalando com o “meu Portinho
Um abraco e ate depois do carnaval
TATI
E A MAG?????? SABE DIZER POR ONDE ANDA? COMO ESTA A DESENVOLTURA COMO EX PREFEITA? COMO ESTÁ PAGANDO AS CONTAS? ESTÁ VENDENDO MUITOS IMÓVEIS OU ADQUIRINDO MUITOS? É, MISTÉRIO……
Bom dia Totonho, há tempos não mando umas palavras para este blog, então hoje deu vontade de escrever, mas ler, leio todo dia, como se bebe água, refresca , clareia e me torna menos burro…..rrrrrsss. Abraços.
Obrigado pelo carinho, Ronald.
Bom dia Totonho, compactuo e também viajei no tempo sobre o “estadual”, suas palavras foram ótimas, só não “virei” professor…….penso que muitos se viram nas suas palavras. Bom tempo. Eu via o mar daquelas sacadas e depois das aulas ia ” pegar” umas ondas….bom tempo. Abraços.
O “Estadual” é um grande centro de socialização e conhecimento. Tenho saudades. Abração Ronald. Belo Natal para você e sua família.
ADOREI A NOSSA FOTO AFIADA EM INCOMENSURÁVEL COMPANHEIRISMO…
Boa noite Totonho
ontem apos a leitura de seu BLOG eu fiz um comentario simpatico
E hoje pra surpreza minha não aoareceu
Então fica o dito pelo não dito
e vamos aconpnhsndo o andar dessa carruagem politica mal conduzida; porque ate 1 de janeiro; muita agua ainda vai rolar!
Um antaço;
Tati Bueno
Tati, todos os comentários são publicados. Talvez você tenha feito o comentário em uma outra página ou esquecido do confirmar, algo assim. Pode repeti-lo aqui mesmo. Um abraço! Os leitores são sempre bem-vindos.
Bom dia Totonho. Acho que já tinha comentado aqui sobre as atitudes da Mag pós eleição, se não foi neste prestígioso e bom blog, foi com amigos em algum café por aí……rrrsss . Ela , a Mag , rrrrssss, vai meter o pé, e não é na jaca, pois os burros já estão cheios e dizem que é para Portugal. Coitado desse país , só recebe resto. E ainda vai logo de cara se candidatar a prefeita……é coitado ,desse país. Quem sabe já não dá uma sorte e cai uma prefeiturinha no colo??????