BLOG DO TOTONHO

  • O CARDÁPIO DA POLÍTICA

    O Blog nesta segunda-feira, 18 de março, entra direto e com mais intensidade no período chamado de pré-eleitoral. Entretanto, no dia-a-dia Cabo Frio e as cidades do seu entorno, vivem o processo político, que caracteriza o ano eleitoral e promete grande acirramento de opiniões e a possibilidade de polarização.

    Na edição de hoje o Blog tem o artigo de Paulo Cotias – ‘Alerta: a união é o único caminho’, abordando a luta contra o neofascismo’. A coluna semanal ‘Ponto de Vista’ de Octávio Perelló e a coluna diária ‘Pequenas Doses’ de Luiz Antônio Nogueira da Guia, ambas destacando o cotidiano do processo político/eleitoral de Cabo Frio.

  • PONTO DE VISTA

    Octávio Perelló

    HOPE GARDEM…

    O Jardim Esperança, em Cabo Frio cada vez mais se torna o bairro mais expressivo da periferia, na rota geográfica a partir da histórica ponte Feliciano Sodré. Mas ainda carece de muitas coisas e o poder público não resolveu todas as suas demandas.

    O QUE MUDOU…

    Não é que nada tenha recebido dos governos, pois tem hospital municipal, abastecimento de água e pavimentação, ainda que o primeiro careça de melhor assistência, o segundo escasseie nos períodos críticos e o terceiro se esfarele a menor chuva.

    O QUE MUDOU II…

    A grande explosão populacional provocou rápida expansão de moradias. Com o tempo, o que era praticamente dormitório para trabalhadores, que tinham suas rotinas profissionais no grande centro de Cabo Frio e em Búzios, foi criando um comércio cada vez mais representativo e diversificado, transformando carência em autossuficiência, com oferta e demanda atendidas em sua própria área.

    ESTRUTURA SIM, REPRESSÃO NÃO

    Com tudo isso o bairro tem sua própria cultura periférica, com trânsito em estilo indiano, carros estacionados nas pistas durante as compras, motos, bicicletas e cavalos cruzando as ruas ao final da tarde e por aí afora. Mas que não enviem para lá somente guardas de trânsito ou outra ação coercitiva qualquer, pois corre o risco de receber vaia. O Jardim Esperança precisa sim de melhorias, mas não meramente de ações repressoras.

    FESTA DO PL…

    A vinda do ex-presidente Bolsonaro à inauguração do diretório do PL no centro de Cabo Frio deu ao deputado estadual Sérgio Azevedo (PL) a chance de agitar a militância bolsonarista que o apoia. Bolsonaro está pressionando o partido em todos os cantos para fazer eventos em que possa aparecer. Só na região ele veio a Araruama, Arraial do Cabo, Búzios, Cabo Frio e São Pedro da Aldeia.

    RISCO DE NACIONALIZAÇÃO…

    Há quem diga que Serginho Azevedo deve evitar a nacionalização bolsonarista na sua campanha, já que esse eleitorado tende naturalmente para ele. Segundo esses interlocutores, Serginho tem de aprender com a derrota de 2020 e pautar a campanha com temas ligados à vida municipal.

    PESOS E MEDIDAS…

    É uma questão que o deputado terá que administrar com cuidado, para garantir esses votos e ganhar outros, acenado para o eleitorado progressista. Afinal, o evento que serviu para consolidar seu nome dentre o eleitorado conservador bolsonarista ao mesmo tempo afasta outros segmentos do eleitorado, inclusive o conservador moderado que não votou nele em 2020.

    A TÁTICA DE ZÉ BONIFÁCIO…

    A melhor tática foi a de José Bonifácio, que abriu o verbo em 2020, pediu ponderação de ânimos e afirmou com toda franqueza que tinha amizades conservadoras e queria também o voto desses eleitores.

    O DIFERENCIAL DE ZÉ

    E como nem todo conservador é truculento, em Cabo Frio aquele conservador moderado que viu em Jair Bolsonaro um candidato antissistema no cenário nacional, no local depositou seu voto no honrado José Bonifácio, justamente por aprovar sua reputação e seu plano de governo.

    MULHERES EM ALTA

    A coluna antecipou o tom feminista que o governo de Magdala Furtado (PV) adotou nas peças publicitárias e também a insistência de uma ala governista em atrair a médica psiquiatra Ana Valadão (PDT), viúva do ex-prefeito José Bonifácio, para apoiar a causa. Se bem alinhado o discurso e bem costurada a aliança dos contrários, a eleição em Cabo Frio pode ser mais embolada do que as aparências demonstram. Em política jamais se pode cantar loas antes da vitória.

    Octavio Perelló é jornalista e produtor de conteúdo.

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    A Caravana do PL

    Na tarde de sexta-feira, o evento do chamado “Bloco Conservador” para a inauguração do Diretório do PL encheu a tradicional Praça Porto Rocha, no centro de Cabo Frio. A caravana do PL começou em Maricá passou por Saquarema, Araruama, Iguaba, São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo, Cabo Frio, finalizando em Búzios. A caravana, contou com a presença da Família Bolsonaro, teve seu ponto alto em Cabo Frio, sob a liderança do deputado Serginho Azevedo (PL).

    Demonstração de força

    O evento serviu para que o deputado Serginho Azevedo (PL) desse demonstração de força eleitoral e prestígio político ao colocar muita gente na Praça Porto Rocha e trazer o ex-presidente e o próprio governador do estado, Cláudio Castro (PL) a Cabo Frio. Em pleno ano eleitoral, o deputado vai enfrentar nas urnas de 6 de outubro candidatos como Kamilla Mendes, Rafael Peçanha e Magdala Furtado. Como toda eleição em Cabo Frio, pode polarizar.

    Disputa no “Bloco Progressista”

    O professor Rafael Peçanha (PT) lançou uma carta/manifesto, convidando a prefeita Magdala Furtado, que conseguiu a filiação no PV, para debate. Caso aconteça, o debate, certamente elucidaria para a população qual candidato teria condições de representar a pauta progressista nas eleições municipais. Os dois candidatos disputam a candidatura a prefeito pela Federação Brasil da Esperança, formada pelo próprio PT, o PV e o PC do B.

    E o sortilégio?

    O PT de Cabo Frio, através da executiva municipal, apoia por unanimidade a candidatura de Rafael Peçanha a prefeito pela Frente Brasil da Esperança, mas não conta com o mesmo apoio no PC do B e PV. O Partido Verde, em Brasília, através do seu presidente nacional José Luiz Penna aceitou a filiação de Magdala Furtado, que entrou oficialmente no partido através da executiva local.

    A pergunta está no ar

    Apesar da prefeita não ter nenhuma história de desenvolvimento de políticas públicas ambientais e nunca ter sequer “costeado o alambrado” das políticas progressistas, o PV, por incrível que pareça, aceitou a filiação. E o sortilégio? Qual o perfume exalado por Magdala para atrair gente tão firme política e ideologicamente, tanto em nível nacional, como aqui pelas bandas da província de Cabo Frio? O PV se encantou por Magdala? A pergunta permanece no ar!

    Bagunça

    Os secretários do governo da prefeita Magadala Furtado (agora no PV) vivem na roda viva da insegurança em seus cargos. São colocados e retirados de suas funções de acordo com os interesses da tentativa de reeleição da prefeita. A média de tempo no cargo é a menor em toda a Região dos Lagos. A pergunta é: como ficam as políticas públicas em meio a essa bagunça?

    Só promoção pessoal

    Falar em políticas públicas na prefeitura é surreal: não existe. Nenhuma ação do governo está voltada nesse sentido, principalmente políticas de médio e longo prazo. O mandato tampão só tem uma função, a tentativa de reeleição da prefeita, que assumiu após o falecimento do prefeito José Bonifácio a quem sempre hostilizou. A comunicação social bem que se esforça, mas se concentra apenas na promoção pessoal de Magdala Furtado, agora no PV.

    A Reconstrução

    O ex-deputado Janio Mendes, presidente do PDT de Cabo Frio, tem a difícil tarefa de manter a estrutura partidária e trabalhista no município. Após a morte do prefeito José Bonifácio, principal político do partido e uma das mais importantes lideranças da história do município, Janio manteve o partido vivo e entra numa dura disputa eleitoral, em 6 de outubro.

  • ALERTA: A UNIÃO É O ÚNICO CAMINHO

    Paulo Cotias

    É um equívoco interpretar o resultado das últimas eleições, ou mesmo os movimentos recentes da justiça brasileira como sinais de que o neofascismo deixou de ser uma ameaça real. Pelo contrário, 2024 será um campo decisivo de disputas entre ele e o que podemos considerar não mais como progressismo, e sim como campo civilizacional-democrático.

    As bases do neofascismo brasileiro permanecem, ainda, intactas, articuladas e contando com todos os elementos que o mantém ativo: liderança unificadora, lideranças de suporte, arautos, estética, credo, partidos, financiadores, adversários imaginários, terror constante por ameaças estapafúrdias, negacionismo, comportamento de seita, modelagem de milícia e um multiverso que seduz e atrai uma quantidade expressiva de adeptos, composto por um vasto campo de desinformação, forjado em preconceitos, oligofrenia e na cultura da violência dirigida como linguagem e método.

    Se faz necessário sensibilidade, mas também acuidade para compreender que as disputas nas urnas desse ano não serão apenas por mandatos. A urna e o voto serão os mesmos, porém, os neofascistas produziram vorazmente ao longo do tempo uma distopia fundada em um sólido conceito próprio e distorcido do que é a democracia, o mesmo para a liberdade e os limites do que pode ou não ser feito na política. Pior, definem um novo e perverso maniqueísmo pelo qual arbitram quem é do bem ou do mal e no qual as alteridades são solapadas pela força. Do outro lado, essas mesmas urnas estarão disponíveis para o campo civilizacional-democrático, igualmente transcendendo a disputa por mandatos, colocando na verdadeira lide o tipo de sociedade, instituições e espécie que desejamos proteger e aprimorar.

    O que isso implica? Que o campo civilizacional-democrático não tem o direito de provocar o colapso por pura vaidade, incapacidade de diálogo, falta de visão estratégica e inabilidade na articulação. Não pode se dar ao luxo de considerar que personagens isolados serão os salvadores da pátria e, caso não sejam os protagonistas, permitir a vitória do neofascismo com a crença estúpida do “quanto pior melhor”, ou na ainda mais estúpida visão de que após a tempestade eles ou elas serão os líderes do novo amanhã. Até porque a chance de não haver esse amanhã tão cedo é praticamente um fato.

    E implica especialmente na imperiosa necessidade de as lideranças baixarem o facho da vaidade e da soberba e entenderem que o momento é o da união. Somente unido, o campo civilizacional-democrático poderá derrotar o neofascismo nas eleições municipais em nosso país. Em outras palavras, serão eleições nas quais a polarização em dois campos será o único caminho. Infelizmente, uma terceira ou mais vias, seja lá por qual mão de direção política venha, não passa de um delírio ou de um engodo.

    Até que consigamos consolidar novamente a pluralidade programática da democracia (e isso exigirá um imenso esforço), há que se engolir sapos, rãs, cobras e lagartos para uma composição. Acomodar os personagens políticos (e os seus lustrosos egos) em espaços de protagonismo possíveis, formar um bloco competitivo e aguerrido de agentes políticos e atrair o máximo de quadros inteligentes e qualificados para a elaboração de programas de governo e de participação na própria gestão. E, com o devido tempo, a pluralidade de grupos será retomada, mas de forma civilizada e democrática.

    A vitória do neofascismo não será por seus méritos ou diferenciais. Está fazendo o mesmo que sempre fez e já sabemos muito bem o que fará quando no poder. O grande responsável pela vitória do neofascismo será o campo democrático-civilizacional, caso não assuma sua responsabilidade histórica. E que os incapazes de perceber isso arquem com o peso da culpa.

    Paulo Cotias é Professor, Escritor e Psicanalista.

  • O PERÍODO PRÉ-ELEITORAL ESTÁ ABERTO

    Botes – Antônio José Christóvão

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    Magdala confirmada no PV

    A prefeita Magdala Furtado anunciou a confirmação de sua filiação ao PV ao lado de Roberto Rocco e do presidente do PV/Cabo Frio, conhecido como Júnior do PV. Parece que as vozes dissonantes que há pouquíssimo tempo anunciavam “jamais” calaram e se domesticaram, em apoio ao mandato tampão da prefeita de Cabo Frio. O que terá acontecido? Qual o sortilégio espargido pela prefeita a converter pessoas tão duras e definidas ideologicamente?

    Rafael X Magdala

    Com a confirmação da filiação de Magdala ao PV, a candidatura da prefeita a reeleição deve ter o apoio do PC do B. Assim, amplia-se o confronto com o candidato do PT, o professor Rafael Peçanha, que tem ao seu lado a unanimidade do Diretório Municipal do Partido. A decisão desse imbróglio certamente vai para a Estadual ou mesmo a Nacional.

    Debate?

    O acirramento da disputa dentro da Frente Brasil da Esperança (PT/PC do B/PV) entre o professor Rafael Peçanha e Magdala Furtado levou a executiva municipal do PT/Cabo Frio a propor um debate com a prefeita. O objetivo, segundo o documento seria “estabelecer o comparativo entre as propostas de gestão para o município”.

    Marielle Presente!

    O Diretório do PSOL Cabo Frio e Movimenta Mulheres – AMB Lagos realizaram ato, na Praça Porto Rocha, centro de Cabo Frio, em memória dos seis anos do feminicidio político da vereadora Marielle Franco e Anderson. “O manifesto clama por justiça e punição dos responsáveis por esse crime brutal e covarde.” Até hoje o crime não foi totalmente elucidado.

    O troca-troca continua

    A descontinuidade política e administrativa é a marca registrada do governo de Magdala Furtado (PV), que só pensa em reeleição: o resto que se ajeite como pode. A secretária municipal de turismo, recém-nomeada, Paolla Martins, está dando seu lugar ao suplente de vereador André Jacaré. Tanto a Paolla como o André sempre estiveram ligados ao ex-prefeito Marquinho Mendes (MDB). A pergunta é: continuam com Marquinho ou mudaram para Magdala?

    Evento de Serginho Azevedo

    Na tarde de hoje acontece na Praça Porto Rocha, evento comandado pelo deputado Serginho Azevedo, celebrando a inauguração da sede do PL de Cabo Frio. O evento anuncia a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, do senador Flávio Bolsonaro, do governador Cláudio Castro e do deputado Altineu Cortes, que visitam também Búzios, Arraial do Cabo, Araruama e São Pedro da Aldeia. Com a participação de tantos “caciques” imagina-se que o evento seja massivo e fortaleça a posição de Serginho Azevedo dentro do bloco conservador no município.

    Mais uma troca?

    Nos lugares onde se discute política em Cabo Frio chegam notícias que também pode acontecer mais um troca-troca, dessa vez, na autarquia COMSERCAF. O pivô da crise seria mais uma vez o vice-presidente Bill da Piscina. Não seria surpresa acontecer mais uma troca em um governo onde o prazo de validade dos secretários parece se esgotar rapidamente.

    A Travessia

    A volta da travessia do Canal do Itajuru, de barca, entre o centro de Cabo Frio e a Gamboa é importante para a chamada Rua dos Biquinis, isto é, o centro de moda praia da Gamboa. Importante que a travessia funcionasse ao menos até às 22 horas, beneficiando principalmente as funcionárias, que são obrigadas a atravessar a Ponte Feliciano Sodré, no final do expediente: um trajeto perigoso.

  • JOÃO GOULART, 13 DE MARÇO DE 1964
    Rio de Janeiro (RJ) 13/03/1964 – Política – Comício da Central do Brasil – João Goulart (presidente) e sua esposa Maria Teresa Goulart no Comício da Central do Brasil – Foto Arquivo / Agência O Globo – Negativo: 32541

    Há exatos 51 anos, o então presidente João Goulart fez um comício na Central do Brasil, a maior estação de trem do Rio de Janeiro. Alvo de uma campanha brutal da oposição, com o único objetivo de desconstruir os avanços de seu governo e preparar o ambiente para um golpe, Jango discursou longamente sobre a democracia, fez um balanço das reformas de base que vinha conduzindo e defendeu não apenas o direito de manifestação, mas também a Petrobras e seu projeto de país, com reforma agrária e distribuição de renda. Seu lema, lançado na ocasião, seria “progresso com justiça e desenvolvimento com igualdade”. Lendo esse discurso hoje, nem parece que ele foi feito há 51 anos. Repara:

    Discurso do Jango

    Devo agradecer em primeiro lugar às organizações promotoras deste comício, ao povo em geral e ao bravo povo carioca em particular, a realização, em praça pública, de tão entusiasta e calorosa manifestação. Agradeço aos sindicatos que mobilizaram os seus associados, dirigindo minha saudação a todos os brasileiros que, neste instante, mobilizados nos mais longínquos recantos deste país, me ouvem pela televisão e pelo rádio.

    Dirijo-me a todos os brasileiros, não apenas aos que conseguiram adquirir instrução nas escolas, mas também aos milhões de irmãos nossos que dão ao brasil mais do que recebem, que pagam em sofrimento, em miséria, em privações, o direito de ser brasileiro e de trabalhar sol a sol para a grandeza deste país.

    Presidente de 80 milhões de brasileiros, quero que minhas palavras sejam bem entendidas por todos os nossos patrícios.

    Vou falar em linguagem que pode ser rude, mas é sincera sem subterfúgios, mas é também uma linguagem de esperança de quem quer inspirar confiança no futuro e tem a coragem de enfrentar sem fraquezas a dura realidade do presente.

    Aqui estão os meus amigos trabalhadores, vencendo uma campanha de terror ideológico e sabotagem, cuidadosamente organizada para impedir ou perturbar a realização deste memorável encontro entre o povo e o seu presidente, na presença das mais significativas organizações operárias e lideranças populares deste país.

    Chegou-se a proclamar, até, que esta concentração seria um ato atentatório ao regime democrático, como se no Brasil a reação ainda fosse a dona da democracia, e a proprietária das praças e das ruas. Desgraçada a democracia se tiver que ser defendida por tais democratas.

    Democracia para esses democratas não é o regime da liberdade de reunião para o povo: o que eles querem é uma democracia de povo emudecido, amordaçado nos seus anseios e sufocado nas suas reinvindicações.

    A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia antipovo, do anti-sindicato, da anti-reforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que eles servem ou representam.

    A democracia que eles querem é a democracia para liquidar com a Petrobrás; é a democracia dos monopólios privados, nacionais e internacionais, é a democracia que luta contra os governos populares e que levou Getúlio Vargas ao supremo sacrifício.

    Ainda ontem, eu afirmava, envolvido pelo calor do entusiasmo de milhares de trabalhadores no Arsenal da Marinha, que o que está ameaçando o regime democrático neste País não é o povo nas praças, não são os trabalhadores reunidos pacificamente para dizer de suas aspirações ou de sua solidariedade às grandes causas nacionais. Democracia é precisamente isso: o povo livre para manifestar-se, inclusive nas praças públicas, sem que daí possa resultar o mínimo de perigo à segurança das instituições.

    Democracia é o que o meu governo vem procurando realizar, como é do seu dever, não só para interpretar os anseios populares, mas também conquistá-los pelos caminhos da legalidade, pelos caminhos do entendimento e da paz social.

    Não há ameaça mais séria à democracia do que desconhecer os direitos do povo; não há ameaça mais séria à democracia do que tentar estrangular a voz do povo e de seus legítimos líderes, fazendo calar as suas mais sentidas reinvindicações.

    Estaríamos, sim, ameaçando o regime se nos mostrássemos surdos aos reclamos da Nação, que de norte a sul, de leste a oeste levanta o seu grande clamor pelas reformas de estrutura, sobretudo pela reforma agrária, que será como complemento da abolição do cativeiro para dezenas de milhões de brasileiros que vegetam no interior, em revoltantes condições de miséria.

    Ameaça à democracia não é vir confraternizar com o povo na rua. Ameaça à democracia é empulhar o povo explorando seus sentimentos cristãos, mistificação de uma indústria do anticomunismo, pois tentar levar o povo a se insurgir contra os grandes e luminosos ensinamentos dos últimos Papas que informam notáveis pronunciamentos das mais expressivas figuras do episcopado brasileiro.

    O inolvidável Papa João XXIII é quem nos ensina que a dignidade da pessoa humana exige normalmente como fundamento natural para a vida, o direito ao uso dos bens da terra, ao qual corresponde a obrigação fundamental de conceder uma propriedade privada a todos.

    É dentro desta autêntica doutrina cristã que o governo brasileiro vem procurando situar a sua política social, particurlamente a que diz respeito à nossa realidade agrária.

    O cristianismo nunca foi o escudo para os privilégios condenados pelos Santos Padres. Nem os rosários podem ser erguidos como armas contra os que reclamam a disseminação da propriedade privada da terra, ainda em mãos de uns poucos afortunados.

    Àqueles que reclamam do Presidente de República uma palavra tranqüilizadora para a Nação, o que posso dizer-lhes é que só conquistaremos a paz social pela justiça social.

    Perdem seu tempo os que temem que o governo passe a empreender uma ação subversiva na defesa de interesses políticos ou pessoais; como perdem igualmente o seu tempo os que esperam deste governo uma ação repressiva dirigida contra os interesses do povo. Ação repressiva, povo carioca, é a que o governo está praticando e vai amplia-la cada vez mais e mais implacavelmente, assim na Guanabara como em outros estados contra aqueles que especulam com as dificuldades do povo, contra os que exploram o povo e que sonegam gêneros alimentícios e jogam com seus preços.

    Ainda ontem, trabalhadores e povo carioca, dentro da associações de cúpula de classes conservadoras, levanta-se a voz contra o Presidente pelo crime de defender o povo contra aqueles que o exploram nas ruas, em seus lares, movidos pela ganância.

    Não tiram o sono as manifestações de protesto dos gananciosos, mascarados de frases patrióticas, mas que, na realidade, traduzem suas esperanças e seus propósitos de restabelecer a impunidade para suas atividades anti-sociais.

    Não receio ser chamado de subversivo pelo fato de proclamar, e tenho proclamado e continuarei a proclamando em todos os recantos da Pátria – a necessidade da revisão da Constituição, que não atende mais aos anseios do povo e aos anseios do desenvolvimento desta Nação.

    Essa Constituição é antiquada, porque legaliza uma estrutura sócio-econômica já superada, injusta e desumana; o povo quer que se amplie a democracia e que se ponha fim aos privilégios de uma minoria; que a propriedade da terra seja acessível a todos; que a todos seja facultado participar da vida política através do voto, podendo votar e ser votado; que se impeça a intervenção do poder econômico nos pleitos eleitorais e seja assegurada a representação de todas as correntes políticas, sem quaisquer discriminações religiosas ou ideológicas.

    Todos têm o direito à liberdade de opinião e de manifestar também sem temor o seu pensamento. É um princípio fundamental dos direitos do homem, contido na Carta das Nações Unidas, e que temos o dever de assegurar a todos os brasileiros.

    Está nisso o sentido profundo desta grande e incalculável multidão que presta, neste instante, manifestação ao Presidente que, por sua vez, também presta conta ao povo dos seus problemas, de suas atitudes e das providências que vem adotando na luta contra forças poderosas, mas que confia sempre na unidade do povo, das classes trabalhadoras, para encurtar o caminho da nossa emancipação.

    É apenas de lamentar que parcelas ainda ponderáveis que tiveram acesso à instrução superior continuem insensíveis, de olhos e ouvidos fechados à realidade nacional.

    São certamente, trabalhadores, os piores surdos e os piores cegos, porque poderão, com tanta surdez e tanta cegueira, ser os responsáveis perante a História pelo sangue brasileiro que possa vir a ser derramado, ao pretenderem levantar obstáculos ao progresso do Brasil e à felicidade de seu povo brasileiro.

    De minha parte, à frente do Poder Executivo, tudo continuarei fazendo para que o processo democrático siga um caminho pacífico, para que sejam derrubadas as barreiras que impedem a conquista de novas etapas do progresso.

    E podeis estar certos, trabalhadores, de que juntos o governo e o povo – operários , camponeses, militares, estudantes, intelectuais e patrões brasileiros, que colocam os interesses da Pátria acima de seus interesses, haveremos de prosseguir de cabeça erguida, a caminhada da emancipação econômica e social deste país.

    O nosso lema, trabalhadores do Brasil, é “progresso com justiça, e desenvolvimento com igualdade”.

    A maioria dos brasileiros já não se conforma com uma ordem social imperfeita, injusta e desumana. Os milhões que nada têm impacientam-se com a demora, já agora quase insuportável, em receber os dividendos de um progresso tão duramente construído, mas construído também pelos mais humildes.

    Vamos continuar lutando pela construção de novas usinas, pela abertura de novas estradas, pela implantação de mais fábricas, por novas escolas, por mais hospitais para o nosso povo sofredor; mas sabemos que nada disso terá sentido se o homem não for assegurado o direito sagrado ao trabalho e uma justa participação nos frutos deste desenvolvimento.

    Não, trabalhadores; sabemos muito bem que de nada vale ordenar a miséria, dar-lhe aquela aparência bem comportada com que alguns pretendem enganar o povo. Brasileiros, a hora é das reformas de estrutura, de métodos, de estilo de trabalho e de objetivo. Já sabemos que não é mais possível progredir sem reformar; que não é mais possível admitir que essa estrutura ultrapassada possa realizar o milagre da salvação nacional para milhões de brasileiros que da portentosa civilização industrial conhecem apenas a vida cara, os sofrimentos e as ilusões passadas.

    O caminho das reformas é o caminho do progresso pela paz social. Reformar é solucionar pacificamente as contradições de uma ordem econômica e jurídica superada pelas realidades do tempo em que vivemos.

    Trabalhadores, acabei de assinar o decreto da SUPRA com o pensamento voltado para a tragédia do irmão brasileiro que sofre no interior de nossa Pátria. Ainda não é aquela reforma agrária pela qual lutamos.

    Ainda não é a reformulação de nosso panorama rural empobrecido.

    Ainda não é a carta de alforria do camponês abandonado.

    Mas é o primeiro passo: uma porta que se abre à solução definitiva do problema agrário brasileiro.

    O que se pretende com o decreto que considera de interesse social para efeito de desapropriação as terras que ladeiam eixos rodoviários, leitos de ferrovias, açudes públicos federais e terras beneficiadas por obras de saneamento da União, é tornar produtivas áreas inexploradas ou subutilizadas, ainda submetidas a um comércio especulativo, odioso e intolerável.

    Não é justo que o benefício de uma estrada, de um açude ou de uma obra de saneamento vá servir aos interesses dos especuladores de terra, quese apoderaram das margens das estradas e dos açudes. A Rio-Bahia, por exemplo, que custou 70 bilhões de dinheiro do povo, não deve bemeficiar os latifundiários, pela multiplicação do valor de suas propriedades, mas sim o povo.

    Não o podemos fazer, por enquanto, trabalhadores, como é de prática corrente em todos os países do mundo civilizado: pagar a desapropriação de terras abandonadas em títulos de dívida pública e a longo prazo.

    Reforma agrária com pagamento prévio do latifundio improdutivo, à vista e em dinheiro, não é reforma agrária. É negócio agrário, que interessa apenas ao latifundiário, radicalmente oposto aos interesses do povo brasileiro. Por isso o decreto da SUPRA não é a reforma agrária.

    Sem reforma constitucional, trabalhadores, não há reforma agrária. Sem emendar a Constituição, que tem acima de dela o povo e os interesses da Nação, que a ela cabe assegurar, poderemos ter leis agrárias honestas e bem-intencionadas, mas nenhuma delas capaz de modificações estruturais profundas.

    Graças à colaboração patriótica e técnica das nossas gloriosas Forças Armadas, em convênios realizados com a SUPRA, graças a essa colaboração, meus patrícios espero que dentro de menos de 60 dias já comecem a ser divididos os latifúndios das beiras das estradas, os latifúndios aos lados das ferrovias e dos açudes construídos com o dinheiro do povo, ao lado das obras de saneamento realizadas com o sacrifício da Nação. E, feito isto, os trabalhadores do campo já poderão, então, ver concretizada, embora em parte, a sua mais sentida e justa reinvindicação, aquela que lhe dará um pedaço de terra para trabalhar, um pedaço de terra para cultivar. Aí, então, o trabalhador e sua família irão trabalhar para si próprios, porque até aqui eles trabalham para o dono da terra, a quem entregam, como aluguel, metade de sua produção. E não se diga, trabalhadores, que há meio de se fazer reforma sem mexer a fundo na Constituição. Em todos os países civilizados do mundo já foi suprimido do texto constitucional parte que obriga a desapropriação por interesse social, a pagamento prévio, a pagamento em dinheiro.

    No Japão de pós-guerra, há quase 20 anos, ainda ocupado pelas forças aliadas vitoriosas, sob o patrocínio do comando vencedor, foram distribuídos dois milhões e meio de hectares das melhores terras do país, com indenizações pagas em bônus com 24 anos de prazo, juros de 3,65% ao ano. E quem é que se lembrou de chamar o General MacArthur de subversivo ou extremista?

    Na Itália, ocidental e democrática, foram distribuídos um milhão de hectares, em números redondos, na primeira fase de uma reforma agrária cristã e pacífica iniciada há quinze anos, 150 mil famílias foram beneficiadas.

    No México, durante os anos de 1932 a 1945, foram distribuídos trinta milhões de hectares, com pagamento das indenizações em títulos da dívida pública, 20 anos de prazo, juros de 5% ao ano, e desapropriação dos latifúndios com base no valor fiscal.

    Na Índia foram promulgadas leis que determinam a abolição da grande propriedade mal aproveitada, transferindo as terras para os camponeses.

    Essas leis abrangem cerca de 68 milhões de hectares, ou seja, a metade da área cultivada da Índia. Todas as nações do mundo, independentemente de seus regimes políticos, lutam contra a praga do latifúndio improdutivo.

    Nações capitalistas, nações socialistas, nações do Ocidente, ou do Oriente, chegaram à conclusão de que não é possível progredir e conviver com o latifúndio.

    A reforma agrária não é capricho de um governo ou programa de um partido. É produto da inadiável necessidade de todos os povos do mundo. Aqui no Brasil, constitui a legenda mais viva da reinvindicação do nosso povo, sobretudo daqueles que lutaram no campo.

    A reforma agrária é também uma imposição progressista do mercado interno, que necessita aumentar a sua produção para sobreviver.

    Os tecidos e os sapatos sobram nas prateleiras das lojas e as nossas fábricas estão produzindo muito abaixo de sua capacidade. Ao mesmo tempo em que isso acontece, as nossas populações mais pobres vestem farrapos e andam descalças, porque não tem dinheiro para comprar.

    Assim, a reforma agrária é indispensável não só para aumentar o nível de vida do homem do campo, mas também para dar mais trabalho às industrias e melhor remuneração ao trabalhador urbano.

    Interessa, por isso, também a todos os industriais e aos comerciantes. A reforma agrária é necessária, enfim, à nossa vida social e econômica, para que o país possa progredir, em sua indústria e no bem-estar do seu povo.

    Como garantir o direito de propriedade autêntico, quando dos quinze milhões de brasileiros que trabalham a terra, no Brasil, apenas dois milhões e meio são proprietários?

    O que estamos pretendendo fazer no Brasil, pelo caminho da reforma agrária, não é diferente, pois, do que se fez em todos os países desenvolvidos do mundo. É uma etapa de progresso que precisamos conquistar e que haveremos de conquistar.

    Esta manifestação deslumbrante que presenciamos é um testemunho vivo de que a reforma agrária será conquistada para o povo brasileiro. O próprio custo daprodução, trabalhadores, o próprio custo dos gêneros alimentícios está diretamente subordinado às relações entre o homem e a terra. Num país em que se paga aluguéis da terra que sobem a mais de 50 por cento da produção obtida daquela terra, não pode haver gêneros baratos, não pode haver tranquilidade social. No meu Estado, por exemplo, o Estado do deputado Leonel Brizola, 65% da produção de arroz é obtida em terras alugadas e o arrendamento ascende a mais de 55% do valor da produção. O que ocorre no Rio Grande é que um arrendatário de terras para plantio de arroz paga, em cada ano, o valor total da terra que ele trabahou para o proprietário. Esse inquilinato rural desumano é medieval é o grande responsável pela produção insuficiente e cara que torna insuportável o custo de vida para as classes populares em nosso país.

    A reforma agrária só prejudica a uma minoria de insensíveis, que deseja manter o povo escravo e a Nação submetida a um miseravel padrão de vida.

    E é claro, trabalhadores, que só se pode iniciar uma reforma agrária em terras economicamente aproveitáveis. E é claro que não poderíamos começar a reforma agrária, para atender aos anseios do povo, nos Estados do Amazonas ou do Pará. A reforma agrária deve ser iniciada nas terras mais valorizadas e ao lado dos grandes centros de consumo, com transporte fácil para o seu escoamento.

    Governo nenhum, trabalhadores, povo nenhum, por maior que seja seu esforço, e até mesmo o seu sacrifício, poderá enfrentar o monstro inflacionário que devora os salários, que inquieta o povo assalariado, se não form efetuadas as reformas de estrutura de base exigidsa pelo povo e reclamadas pela Nação.

    Tenho autoridade para lutar pela reforma da atual Constituição, porque esta reforma é indispensável e porque seu objetivo único e exclusivo é abrir o caminho para a solução harmônica dos problemas que afligem o nosso povo.

    Não me animam, trabalhadores – e é bom que a nação me ouça – quaisquer propósitos de ordem pessoal. Os grandes beneficiários das reformas serão, acima de todos, o povo brasileiro e os governos que me sucederem. A eles, trabalhadores, desejo entregar uma Nação engrandecida, emancipada e cada vez mais orgulhosa de si mesma, por ter resolvido mais uma vez, pacificamente, os graves problemas que a História nos legou. Dentro de 48 horas, vou entregar à consideração do Congresso Nacional a mensagem presidencial deste ano.

    Nela, estão claramente expressas as intenções e os objetivos deste governo. Espero que os senhres congressistas, em seu patriotismo, compreendam o sentido social da ação governamental, que tem por finalidade acelerar o progresso deste país e assegurar aos brasileiros melhores condições de vida e trabalho, pelo caminho da paz e do entendimento, isto é pelo caminho reformista.

    Mas estaria faltando ao meu dever se não transmitisse, também, em nome do povo brasileiro, em nome destas 150 ou 200 mil pessoas que aqui estão, caloroso apelo ao Congresso Nacional para que venha ao encontro das reinvindicações populares, para que, em seu patriotismo, sinta os anseios da Nação, que quer abrir caminho, pacífica e democraticamente para melhores dias. Mas também, trabalhadores, quero referir-me a um outro ato que acabo de assinar, interpretando os sentimentos nacionalistas destes país. Acabei de assinar, antes de dirigir-me para esta grande festa cívica, o decreto de encampação de todas as refinarias particulares.

    A partir de hoje, trabalhadores brasileiros, a partir deste instante, as refinarias de Capuava, Ipiranga, Manguinhos, Amazonas, e Destilaria Rio Grandense passam a pertencer ao povo, passam a pertencer ao patrimônio nacional.

    Procurei, trabalhadores, depois de estudos cuidadosos elaborados por órgãos técnicos, depois de estudos profundos, procurei ser fiel ao espírito da Lei n. 2.004, lei que foi inspirada nos ideais patrióticos e imortais de um brasileiro que também continua imortal em nossa alma e nosso espírito.

    Ao anunciar, à frente do povo reunido em praça pública, o decreto de encampação de todas as refinarias de petróleo particulares, desejo prestar homenagem de respeito àquele que sempre esteve presente nos sentimentos do nosso povo, o grande e imortal Presidente Getúlio Vargas.

    O imortal e grande patriota Getúlio Vargas tombou, mas o povo continua a caminhada, guiado pelos seus ideais. E eu, particurlamente, vivo hoje momento de profunda emoção ao poder dizer que, com este ato, soube interpretar o sentimento do povo brasileiro.

    Alegra-me ver, também, o povo reunido para prestigiar medidas como esta, da maior significação para o desenvolvimento do país e que habilita o Brasil a aproveitar melhor as suas riquezas minerais, especialmente as riquezas criadas pelo monopólio do petróleo. O povo estará sempre presente nas ruas e nas praças públicas, para prestigiar um governo que pratica atos como estes, e também para mostrar às forças reacionárias que há de continuar a sua caminhada, no rumo da emancipação nacional.

    Na mensagem que enviei à consideração do Congresso Nacional, estão igualmente consignadas duas outras reformas que o povo brasileiro reclama, porque é exigência do nosso desenvolvimento e da nossa democracia. Refiro-me à reforma eleitoral, à reforma ampla que permita a todos os brasileiros maiores de 18 anos ajudar a decidir dos seus destinos, que permita a todos os brasileiros que lutam pelo engrandecimento do país a influir nos destinos gloriosos do Brasil. Nesta reforma, pugnamos pelo princípio democrático, princípio democrático fundamental, de que todo alistável deve ser também elegível.

    Também está consignada na mensagem ao Congresso a reforma universitária, reclamada pelos estudantes brasileiros. Pelos universitários, classe que sempre tem estado corajosamente na vanguarda de todos os movimentos populares nacionalistas.

    Ao lado dessas medidas e desses decretos, o governo continua examinando outras providências de fundamental importância para a defesa do povo, especialmente das classes populares.

    Dentro de poucas horas, outro decreto será dado ao conhecimento da Nação. É o que vai regulamentar o preço extorsivo dos apartamentos e residências desocupados, preços que chegam a afrontar o povo e o Brasil, oferecidos até mediante o pagamento em dólares. Apartamento no Brasil só pode e só deve ser alugado em cruzeiros, que é dinheiro do povo e a moeda deste país. Estejam tranqüilos que dentro em breve esse decreto será uma realidade.

    E realidade há de ser também a rigorosa e implacável fiscalização para seja cumprido. O governo, apesar dos ataques que tem sofrido, apesar dos insultos, não recuará um centímetro sequer na fiscalização que vem exercendo contra a exploração do povo. E faço um apelo ao povo para que ajude o governo na fiscalização dos exploradores do povo, que são também exploradores do Brasil. Aqueles que desrespeitarem a lei, explorando o povo – não interessa o tamanho de sua fortuna, nem o tamanho de seu poder, esteja ele em Olaria ou na Rua do Acre – hão de responder, perante a lei, pelo seu crime.

    Aos servidores públicos da Nação, aos médicos, aos engenheiros do serviço público, que também não me têm faltado com seu apoio e o calor de sua solidariedade, posso afirmar que suas reinvindicações justas estão sendo objeto de estudo final e que em breve serão atendidas. Atendidas porque o governo deseja cumprir o seu dever com aqueles que permanentemente cumprem o seu para com o país.

    Ao encerrar, trabalhadores, quero dizer que me sinto reconfortado e retemperado para enfrentar a luta que tanto maior será contra nós quanto mais perto estivermos do cumprimento de nosso dever. À medida que esta luta apertar, sei que o povo também apertará sua vontade contra aqueles quenão reconhecem os direitos populares, contra aqueles que exploram o povo e a Nação.

    Sei das reações que nos esperam, mas estou tranqüilo, acima de tudo porque sei que o povo brasileiro já está amadurecido, já tem consciência da sua força e da sua unidade, e não faltará com seu apoio às medidas de sentido popular e nacionalista.

    Quero agradecer, mais uma vez, esta extraordinária manifestação, em que os nossos mais significativos líderes populares vieram dialogar com o povo brasileiro, especialmente com o bravo povo carioca, a respeito dos problemas que preocupam a Nação e afligem todos os nossos patrícios. Nenhuma força será capaz de impedir que o governo continue a assegurar absoluta liberdade ao povo brasileiro. E, para isto, podemos declarar, com orgulho, que contamos com a compreensão e o patriotismo das bravas e gloriosas Forças Armadas da Nação.

    Hoje, com o alto testemunho da Nação e com a solidariedade do povo, reunido na praça que só ao povo pertence, o governo, que é também o povo e que também só ao povo pertence, reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil.

  • ENERGIA SOLAR
  • NOVO LIVRO DE PAULO COTIAS

125 respostas em “BLOG DO TOTONHO”

Noto, no seu blog, Totonho, que nada muda em Cabo Frio, a amizade e honras, com uma familia (Bolsonaro )e um lider religioso inexpressivo, ativo pq lhe rende dividendos, fora o aspecto de Lula, viver no seu paraiso! Estamos, a caminho de uma derrocada,não só federal, mas, tambem estadual e municipal. Lembrar, que os Bolsonaros, nunca fizeram na vida e estão ricos, maior exemplo, atual, é o Jair Renan, que nunca acordou e tem um bom capital! E tem mais, não entendo como o Juninho quer se juntar a essa gentalha! Abraços na Rugani e em vc.

Finalmente , conseguir ver a revelação da foto de Evangelos Pagalidis ,a falésia. Com toda a minha idade, não a conhecia, mas, tem a mesma aparencia da falesia do Morro branco, no nordeste!

Hoje o seu blog está imbatível : intercalar velhas matérias políticas, com uma crônica de Rubem Braga musicada pelos dedos mágicos desse violonista : é realmente tudo que precisamos no momento
O resto é lixo !
Tati Bueno

Infelizmente, o PT tem um vice presidente, o Quaqua,que não merece nenhum credito! É capaz ate de aderir ao Serginho! Cuidado?

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