BLOG DO TOTONHO

  • LAGUNA DE ARARUAMA – RJ

    Laguna de Araruama – Evangelos Pagalidis.

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    Justiça: colocando ordem na casa

    A prefeita Magdala Furtado (PV) teve mais uma de suas ações bloqueadas pela Justiça. Afinal, a terceirização da merenda escolar em fim de mandato, depois de uma fragorosa derrota eleitoral, não dá para aceitar. Cabo Frio não é um “fundo de quintal”, que possa absorver tudo, inclusive políticos sem respeito pela história da cidade.

    Bom-senso

    O bom-senso manda que prefeito derrotado tem que se abster de qualquer ação espetaculosa, inclusive mudar o direcionamento das políticas públicas. Deve manter a administração funcionando, fazer apenas o dever de casa e entregar tudo direitinho ao vencedor, que a partir de 1º de janeiro de 2025 será o novo síndico escolhido pela população.

    Nomeações retroativas

    Bom-senso não parece uma expressão que tenha calado fundo na administração de Magdala Furtado (PV), que parece preocupada em punir o povo cabofriense, que optou por sua não recondução ao cargo de prefeita. O obeso Diário Oficial ainda encontra espaço para nomeações com efeito retroativo, inclusive até maio.

    “Brincadeira”

    É uma “brincadeira” digamos assim com o Erário Público e com a nova administração que assume em 1º de janeiro de 2025, com uma dívida que ultrapassa o bilhão de reais. Parece que toda a austeridade financeira implantada pelo prefeito José Bonifácio (PDT) retroagiu com a ascensão de Magdala Furtado (PV) ao cargo de prefeita.

    A transição começou

    Ao menos fica claro que a transição político/administrativa começou, mesmo que parcial e gradativamente. Começam a vir a tona os primeiros números e a realidade de um governo lamentável, sob qualquer ponto de vista que se examine. Tudo leva a crer que o próximo prefeito vai encontrar um cenário patético em uma Cabo Frio, que precisa muito do poder público.

    Articulação política

    O prefeito eleito, Serginho Azevedo (PL) vai ter que fazer valer seu prestígio como líder do governo, na Assembleia Legislativa (ALERJ) e sua ligação com o governo do Estado para superar os primeiros meses da administração. O novo prefeito vai ter que conseguir muita articulação política com os três poderes e o TCE/RJ.

    O apoio da Câmara

    Com um orçamento da ordem de 1 bilhão e 500 milhões de reais e uma dívida que supera 1 bilhão e duzentos milhões vai ser preciso muita qualidade técnica e força política para superar os desafios de um município carente em quase tudo, especialmente organização. O governo vai precisar muito do apoio de sua base na Câmara de Vereadores, neste cenário tão desafiador.

    Conversa fiada ou afiada?

    O prefeito eleito continua com cobertura publicitária do cotidiano, o que não impede a multidão de boatos que só cresce na cidade. Há quem aponte que o novo secretário de educação vai ser o vereador Alfredo Gonçalves (Republicanos), abrindo caminho para a 2ª suplente Alessandra Codeço, que assumiria a Câmara, cabendo ao 1º suplente, o Bispo Flávio Moreira, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) a secretaria de Assistência Social. Até aqui é só conversa fiada ou afiada?

    Quem sabe?

    Outros informes, de outras fontes, afirmam que o novo prefeito vai entregar ao vereador Alfredo Gonçalves a secretaria de esportes e lazer, abrindo caminho para que o Bispo Flávio Moreira, 1º suplente do Republicanos, venha a se sentar nas macias poltronas do Plenário, que tem o nome do vereador Oswaldo Rodrigues, que, exerceu o mandato pelo PSB.

    Será Rafael?

    Em outros cafés e gabinetes da Câmara de Vereadores, a história é outra, com a definição da secretaria de esportes para Rafael Bernardo, filho do ex-deputado Mauro Bernardo, que não conseguiu se eleger vereador. Seria a consolidação da aliança do prefeito eleito Serginho Azevedo (PL) com o subtenente, que já exerceu o mandato na ALERJ.

    Cenário

    Alguém imagina algum futuro político para a prefeita Magdala Furtado (PV)? Até quando vai durar o apoio e a filiação ao PV? Alguns otimistas acreditam que até a noite de 31 de dezembro de 2024 e que depois disso, aproveitando o céu iluminado pelos fogos do Reveillon a ex-prefeita se retira da vida pública.

    Tudo é possível

    Como ficarão aqueles que atraídos pelo Diário Oficial e pelas artimanhas do “baronato petista” apoiaram o fracassado projeto de reeleição de Magdala e seu grupo? Que caminho político seguirão? Retornarão ao “campo progressista”, dizendo que foram enganados? Ou logo irão procurar abrigo no novo governo?

    José Sette de Barros – Cineasta e Artista Plástico.

  • EDUCAÇÃO | Não haverá avanços sem um plano que contemple as necessidades dos alunos

    Alessandro Teixeira Knauft (*)

    Diante dos resultados do IDEB que revelam desafios no alcance das metas educacionais, a rede pública municipal de ensino de Cabo Frio necessita, com extrema urgência e responsabilidade administrativa, implementar um plano de recomposição de aprendizagem visando à recuperação de conteúdos essenciais, especialmente em Língua Portuguesa e Matemática, e a criação de estratégias contínuas para melhorar o desempenho e o desenvolvimento dos alunos.

    Entendo que, para esse plano de recomposição seja eficaz, é fundamental investir na formação continuada de docentes, capacitando-os a diagnosticar lacunas no aprendizado e a adaptar metodologias que respondam às necessidades dos alunos. O uso de avaliações formativas periódicas permite-nos acompanhar o progresso dos estudantes e ajustar o planejamento pedagógico de acordo com os indicadores de aprendizagem identificados.

    Como registrado aqui no Blog do Totonho em recente artigo, as atividades no contraturno escolar devem ser estruturadas para oferecer aos alunos oportunidades de reforço e desenvolvimento integral. Nesse sentido, o plano pode incluir iniciativas no modelo de parcerias público-privadas (PPPs), envolvendo formandos e recém-formados de diversas áreas acadêmicas.

    A inclusão de estagiários no suporte às ações pedagógicas tente a contribuir para a formação e orientação dos estudantes da rede pública, ao mesmo tempo em que possibilita a experiência prática aos estagiários. Em Cabo Frio, a regulamentação para o estágio remunerado está estabelecida no Decreto 6.908/2022, que traz as diretrizes para a atuação dos estagiários em ambiente escolar, favorecendo a ampliação do aprendizado e a troca de conhecimentos com o corpo discente.

    A colaboração com as famílias e a comunidade escolar é outro pilar importante. O envolvimento de pais e responsáveis deve ser incentivado por meio de ações que promovam uma comunicação aberta e contínua, criando uma rede de apoio que fortaleça o ambiente educacional e auxilie na superação das dificuldades enfrentadas pelos alunos.

    No binômio família/escola está, no meu entender, uma significativa parcela das chances de resultados expressivos no que tange ao aprendizado, até porque os familiares, uma vez envolvidos, se estabelecem como fonte mais fidedigna de um diagnóstico que vá além do olhar de quem gere uma unidade escolar ou pauta as ações numa perspectiva macroadministrativa. A partir deles (dos familiares) é possível perfilar o aluno na sua condição cidadã e, assim, ampliar a extensão da abordagem institucional.

    Resta, ainda, compreender que a eficácia desse plano depende de uma gestão educacional comprometida, que mantenha o monitoramento dos indicadores e busque continuamente estratégias de melhoria. Com foco e coordenação, o plano de recomposição de aprendizagem pode representar um avanço significativo para a Educação em Cabo Frio, realinhando a rede pública municipal com as metas do IDEB e com o compromisso de oferecer uma educação de qualidade.

    (*) Alessandro Teixeira Knauft é Professor.

  • FORTE SÃO MATHEUS

    Forte São Matheus – Cabo Frio/RJ – Evangelos Pagalidis

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    “Enxugando gelo”?

    Hoje pela manhã, na Câmara Municipal, vai acontecer a partir das 10 horas a reunião do Conselho Comunitário de Segurança. Essas reuniões se repetem sem que a política de segurança pública seja efetivamente alterada, trazendo reais benefícios para a sociedade organizada e população em geral. A sensação é de “enxugar gelo”, sem nenhuma solução que tenha efeitos ao menos razoáveis para a sociedade.

    O modelo não funciona

    Todo mundo sabe que o atual modelo de segurança pública adotado nacionalmente não resolve absolutamente nada, em Cabo Frio não seria diferente. A maioria pobre da população é penalizada, a violência a cada dia cresce, envolvendo até mesmo os membros das corporações de segurança, que são agentes e vítimas ao mesmo tempo. Chega de rambos!

    Rambos?

    A política de exaltação dos “rambos”, com aquelas fotos manjadas de homens segurando armamento pesado, acompanhando drogas apreendidas pela equipe, realmente não funciona. Todos os dias é a mesma coisa, sem que a segurança pública tenha uma elevação de patamar e a população perceba e aprove.

    Entendimento necessário

    A sociedade cabofriense espera que o grupo indicado pelo prefeito eleito Serginho Azevedo (PL) e o governo da prefeita derrotada, Magdala Furtado (PV) estejam se entendendo. Afinal, ao assumir em 1º de janeiro o novo prefeito deve poder iniciar sua administração com dados precisos para que, de imediato, possa tomar as medidas que o município tanto precisa.

    Sobre a verticalização

    O engenheiro Juarez Lopes escreveu o seguinte texto e publicou nas redes sociais da Internet, que o Blog aqui reproduz.

    Quando o Movimento Cabo Frio Sustentável se coloca contra a verticalização e consequente aumento da densidade habitacional por m2, a gente não está contra o crescimento, a construção civil ou a geração de empregos. A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte, já dizia um poeta por aí.

    Uma das nossas preocupações é com o aumento da demanda por energia elétrica. Vc troca uma residência unifamiliar com 5 pessoas (????) com consumo médio de 150 kwh por habitante/mês, por uma edificação com 60 pessoas, 12 vezes mais habitantes, se não houver locação por temporada. Essa mudança de padrão precisa gerar investimento na rede pública para que não ocorram acidentes e/ou apagões. Assim se dá com lixo, a água, o esgoto, a mobilidade urbana, o trânsito…

    Precisamos discutir isso com mais maturidade. Será possível?

    Com a palavra a Câmara Municipal!

    Participação

    É preciso que a alteração na Lei do Uso do Solo, por sua importância e gravidade, no presente e futuro do município, seja discutida com bastante cuidado pelas diferentes partes interessadas. Depois de aprovada não adianta “chorar o leite derramado”. É preciso que a sociedade organizada participe.

    Por que tanta pressa? 1

    A pergunta que o Blog gostaria de fazer é a seguinte: uma Câmara de Vereadores em fim de mandato, com parte dos vereadores não reeleitos, tem legitimidade para votar e decidir por toda a sociedade uma Lei de tamanha importância para a vida de Cabo Frio? Não dá para esperar mais um pouco?

    Por que tanta pressa? 2

    Que tal esperar os novos vereadores assumirem, no início do próximo ano e de cabeça fresca e confortavelmente sentados nas poltronas do Plenário Oswaldo Rodrigues, refletirem e debaterem a nova Lei? É óbvio que é muito mais plausível e democrático, permitindo que o debate seja feito com mais cuidado e o que é ainda mais importante, com maior representatividade.

    Circulo de Leitura

    O Círculo de Leitura da Sophia Editora completou dois anos. Foram dezenas de autores lidos, muitos encontros regados a café, bolo e reflexões. Na semana passada, viagem a Petrópolis, com paradas no Hotel Quitandinha e na Livraria Funambule, marcou as comemorações do aniversário. No Dia do Livro, 29, foi feita homenagem a todas os integrantes do nosso círculo de leitura.

  • REELEIÇÃO

    Duca Monteiro

    No Brasil “moderno”, a Reeleição foi instituida em 1998, graças a vontade e interesses do então Presidente Fernando Henrique Cardoso, dando origem a mudanças na condução política dos Estados e Municípios.

    Esse ano, nas eleições municipais, foi batido o recorde de Prefeitos Reeleitos. Dos 3.006 candidatos com direito à reeleicao, mais de 2.450 (mais de 80 %) conseguiu o objetivo.

    Dessa forma, fica a impressão que em mais de 80 % dos municípios, a população está satisfeita com os rumos tomados pela administração local, não desejando qualquer mudança em sua cidade. Então todos estão achando a educação e saúde boas, os gastos públicos, a administração política da cidade……..ou não.

    Nas eleições com candidatos no poder, não existe igualdade de condições, não importa se é direita, esquerda ou centro. Quem está no poder, detém um poder magnífico em uma eleição, de forma geral, seja em recursos, contratações funcionários, marketing e propaganda, facilitando a vitória das urnas.

    Em Cabo Frio, após uma hegemonia de 3 nomes nos últimos cinquenta anos na política aparece Dr. Serginho, em caminho inverso, pois foi Deputado Estadual antes de ser Prefeito.

    Fora os 2 mandatos tampões e 1 de Ivo Saldanha, Alair, Marquinhos e Bonifácio centralizaram a política local nesses 50 anos.

    Serginho aparece como nova liderança, com apoio dos grupos políticos antigos e já nasce com a reeleição nas mãos, pois ainda não existe um contraponto ao seu governo.

    Esse contraponto é necessário para impor limites e melhor fiscalizar a qualquer administracao existente.

    Nesse novo período, o futuro Prefeito tem apoio político, popular e financeiro para gerir a cidade onde, com as vantagens a uma reeleição, só não terá continuidade se fizer muita besteira.

    O Contraponto ?

    Provavelmente nascerá nas suas próprias fileiras.

  • VIDA (1987)

    José Sette de Barros (*)

    Que dificuldade é terminar o que se começou

    Que abandono de alma é tentar esquecer

    Que sofrimento mais mortífero é o amor

    Que tristeza imaculada é se saber perdido

    Que santo-dia me afastei do abismo

    Quanta miséria tem nesta estrada, amigo

    Quanta insuficiência na ciência sagrada

    Quanta negligência de espúria consequência

    Quanta luxuria e quanta demência

    Que se transfigura em espetáculo de dor

    Que se coagula em jorros de sangue

    Que é mistura dos homens, de Deus e de horror.

    Mulheres do mangue

    que traz a fórmula do tempo

    que exercita a lógica delicada do trágico

    A mim no que tange

    a paixão eu invento e me esquivo

    da faca perdida na mão de um mágico.

    (*) José Sette de Barros é cineasta e artista plástico.

  • LAGUNA DE ARARUAMA

    Laguna de Araruama – Eduardo Pimenta

    Laguna de Araruama – Evangelos Pagalidis

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    Análise das eleições 1

    Os analistas estão se debruçando sobre o resultado das eleições para entender a votação do eleitorado brasileiro e tentar perceber os caminhos da sociedade. Em Cabo Frio, a vitória do chamado “bloco conservador” foi incontestável e uma das poucas cidades onde o prefeito (a) que buscava a reeleição não obteve sucesso.

    Análise das eleições 2

    Uma coisa é certa: a abstenção cresce e tudo leva a crer que dentro de algum tempo o voto não será mais obrigatório e sim facultativo. De certa maneira já é, porque a multa pelo não comparecimento é irrisória e a justificativa é fácil de ser implementada, junto a Justiça Eleitoral. O Poder Público precisa estar mais atento aos anseios da sociedade.

    Presença na internet

    O professor Rafael Peçanha (Rede Sustentabilidade), que foi o terceiro colocado na eleição para prefeito, em 6 de outubro dá mostras que não vai abdicar da vida pública. Tem estado frequentemente nas redes sociais da Internet, com intervenções que prometem dar dor de cabeça a quase ex-prefeita Magdala Furtado (PV).

    O lançamento!

    O lançamento do livro “refinaria” por Rodrigo Cabral, pela Sophia Editora reuniu muita gente do mundo político, empresarial e ligada a cultura. Foi uma boa oportunidade para colocar a conversa em dia e rever amigos, que no cotidiano não conseguimos encontrar. Serviu também para observar a alta qualidade das publicações da Sophia Editora: um ganho para Cabo Frio.

    O secretariado

    Durante o lançamento de “refinaria” o papo que mais rolou na Rua Major Bellegard foi sobre a formação do secretariado do prefeito eleito Serginho Azevedo (PL). A curiosidade é grande. Serginho Azevedo aparece em reunião com algum vereador e no dia seguinte nasce um secretário e as vezes até uma nova secretaria. A verdade é que o prefeito eleito tem sido muito discreto em relação a formação do seu governo.

    Nova legislatura

    Técnicos para contribuir com o debate sobre a alteração da Lei de Uso do Solo é correto, mas são os cidadãos e seus representantes que tem que dizer o que é melhor para a sua rua, seu bairro, finalmente para seu município. Assim, é preciso buscar a maior representatividade e ela é bem maior com os vereadores eleitos para a nova legislatura.

    Baronato petista

    Alguém imagina a prefeita Magdala Furtado permanecer no PV ou migrar para o PC do B ou mesmo para o PT? Claro que não! Por aí se pode avaliar o desastre que representou a intervenção do “baronato petista” no processo político-eleitoral cabofriense. Impediu o crescimento do “bloco progressista” e ainda alimentou o grupo de Santa Maria Madalena para no final sofrer uma derrota fragorosa.

    Magdala progressista?

    O grupo de Magdala Furtado nada tem de progressista. Basta lembrar que a prefeita esteve no Podemos e posteriormente migrou para o PL. Lá não ficou, porque o espaço estava ocupado por Serginho Azevedo. Foi aí que o grupo foi buscar amparo no “baronato petista” de Maricá e nos deputados Lindbergh Faria e Benedita da Silva.

    E agora ?

    Como a direção do PT no Estado do Rio imagina ressuscitar o partido em Cabo Frio após privilegiarem a prefeita Magdala Furtado (PV), como quadro político para bloquear o “bloco conservador”? Desautorizou a executiva municipal e desarmou a Federação Brasil da Esperança. O que fazer agora que todo o plano se frustrou?

    Quando voltam?

    Será que vamos encontrar em Cabo Frio, fazendo política, os deputados federais Lindbergh Faria e Benedita da Silva, a partir de 2025? Terão essa cara de pau, depois de terem sido agentes de um grande desastre eleitoral? Quem sabe vão dar um tempo e reaparecer em 2026, como se nada tivesse acontecido?

  • A ESQUERDA BRASILEIRA PRECISA CONSTRUIR ALTERNATIVAS PARA A SUPERAÇÃO DO LULISMO

    Acho de um primarismo gritante toda vez que vejo setores da esquerda atribuindo a retirada de direitos e a derrota nas eleições municipais em 2024 apenas aos partidos do Centrão, da extrema direita e os segmentos ligados ao bolsonarismo. Que me desculpe os companheiros petistas, mas não podemos reproduzir um discurso pronto e calculado que é próprio para omitir o papel fundamental do PT e seu enorme grau de responsabilidade sobre a degradação política atual e o “fenômeno” que levou a eleição do fascista que habitou o Palácio do Planalto.

    Em primeiro lugar um pouco de memória histórica. O “companheiro” Michel Temer só assumiu depois do impeachment porque era vice de Dilma. Tudo começou lá atrás, quando Lula optou por estar ao centro e se aliar ao PMDB e seus asseclas do Centrão e entrar no jogo da elite capitalista tupiniquim. É preciso lembrar que Dilma, após sua eleição, aplicou uma política de ajustes fiscais com o banqueiro Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, mesmo prometendo não mexer nos direitos sociais. Apresentou um projeto na campanha e no governo adotou a “agenda aecista”, depreciando direitos adquiridos.

    A retirada de direitos não é recente. É importante lembrar que em 2003, depois que Lula foi eleito pela primeira vez, a Reforma da Previdência foi o cumprimento de parte das promessas da “Carta ao Povo Brasileiro”. Manteve o Sistema da Dívida Pública, o tripé macroeconômico, o Fator Previdenciário (vetou o seu fim em 2010 no dia da estreia do Brasil na Copa), colocou o banqueiro Henrique Meirelles no Banco Central, além de outras medidas, dando continuidade ao pacto neoliberal do governo FHC. Reformas estruturais zero !

    Os programas sociais ao longo do governo Lula e Dilma foram ações compensatórias e temporárias. Foram importantes e produziram resultados econômicos positivos na economia, mas também visavam não só o marketing eleitoral do PT, como também benefícios para a própria elite capitalista, a fim de alimentar a massa de consumo. Porém, por serem compensatórias e não estruturantes estas medidas têm sido hoje “implodidas” por este Congresso com predominância parlamentar de direita.

    O projeto “Minha Casa Minha Vida” compensou a imensa escalada de despejos nas periferias pelo avanço da especulação imobiliária, movido por empreiteiras regadas à verba pública superfaturada, como as antigas Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS, Andrade Gutierrez, etc. Fies e Prouni compensaram a privatização e o monopólio da educação pelos tubarões do ensino, Króton, Anhanguera, etc. O Reuni expandiu as universidades federais em quantidade, mas não em qualidade.

    A renda do trabalhador subiu um pouquinho com o Bolsa Família e os pequenos aumentos do salário mínimo (muito abaixo do patamar de dignidade humana segundo o Dieese). Foram medidas para que se adquirisse bens de consumo, mas não produziram efeitos significativos e duradouros na redução da desigualdade social. Dados e pesquisas recentes reafirmam este efeito.

    O orçamento da Educação, Saúde, Saneamento, Habitação, etc, seguiram pequenos como nos tempos de FHC, enquanto crescia a dívida pública interna, a isenção fiscal das grandes empresas e do setor agropecuário, as concessões públicas a grandes emissoras, assim como os esquemas corruptos envolvendo todos os grandes partidos. O favorecimento da elite latifundiária agroexportadora proporcionou o “boom” no comércio das commodities, sobretudo com a China, ao mesmo tempo em que o longo processo de desindustrialização do país cresceu sem providências efetivas.

    Em seu final, o governo Dilma teve que retirar cada vez mais os mesmos benefícios compensatórios e temporários para manter-se no poder agradando a uma elite cada vez mais exigente de um neoliberalismo radical. Para refrescar a memória de alguns, há alguns anos atrás, tínhamos o Exército promovendo uma ocupação na Maré, lei antiterror aprovada, criminalização de manifestantes, prisões arbitrárias em junho de 2013, Força Nacional para reprimir manifestações e garantir privatizações como a do pré-sal, tudo isso sob as bênçãos de José Eduardo Cardoso, ex-ministro da Justiça. Toda essa “democracia” ocorreu, infelizmente, durante o governo petista.

    No entanto, mesmo assim Dilma perdeu o controle do Congresso, fragilizando a tática da “governabilidade lulista”, diante do enorme descontentamento popular, através das greves, outras mobilizações e até as marchas pelo impeachment dos “paneleiros”, manipulados pela mídia de direita, ex-aliada do PT. A saída para elite, inclusive a judiciária, foi substituir Dilma por Temer, a fim de unir novamente o Congresso e dar continuidade a retirada de direitos sem passar pelo processo eleitoral.  A diferença desta vez é que o “novo tempo” fez com que o PT perdesse sua utilidade para a alta burguesia brasileira. Isso também incluiu a manobra jurídica de barrar Lula nas eleições de 2018, através de sua injusta condenação na Justiça.

    A partir de então, o PT mudou de estratégia e passou a tentar desgastar Bolsonaro, fazendo corpo mole para deixar passar as reformas (vide o cancelamento de duas greves gerais pelas centrais sindicais orbitadas pelo PT) para que no processo eleitoral vindouro, Lula, após sua libertação, pudesse realinhar um novo pacto a “La Concertacion” para atingir novamente a presidência. Este pacto, por incrível que pareça incluiu de novo o famigerado Centrão, Sarney, Barbalho, Alckmin, Renan, além de outros. Levar Lula novamente ao poder significou reeditar o processo de negar reformas estruturais e voltar com as políticas compensatórias de “novo estilo”, sob a ótica de que era a única alternativa possível.

    Porém, neste momento, reconheço, que como a esquerda brasileira ainda não conseguiu construir projetos e nomes para 2026, Lula ainda é a melhor alternativa para derrotar o bolsonarismo, e isso, apesar do descontentamento com ele, se torna mais importante. A eleição em 2026, infelizmente, sinaliza uma disputa não entre esquerda e direita, mas sim, entre o pior, a barbárie bolsonarista, e o menos pior, a sempre frustrada tentativa de conciliação petista, sem nenhuma reforma estrutural no país.

    A democracia no Brasil nunca foi plena. Temos ainda milhões de pessoas sem acesso à habitação e saneamento básico, milhões de presos preventivos sem julgamento, a concentração da grande mídia nas mãos de algumas famílias, uma polícia alicerçada em métodos de exceção permanente nas periferias das grandes cidades, cinco grandes empresários têm patrimônio equivalente ao da metade da população, e por aí vai.

    A esquerda no Brasil só poderá ter um projeto novo, verdadeiramente transformador e estrutural, quando superar Lula e todas as distorções do “lulopragmatismo”. O pior que o PT fez não foi manter e aprofundar a reforma da previdência, os escândalos de corrupção em campanhas eleitorais, não auditar a dívida pública, o loteamento fisiológico de ministérios, não fazer a reforma tributária, a reforma agrária, a reforma política, nomear banqueiros para gerir o Banco Central, a Lei Antiterror e outras medidas restritivas a mobilização popular. Isso tudo os outros também fizeram.

    O que de pior fez o PT foi aniquilar ideologicamente com centenas de milhares de ativistas de esquerda que hoje acreditam que a única saída possível é a conciliação de classes e essas tais “alianças pela governabilidade”, ambas defendidas arduamente por Lula. Este prejuízo tem uma dimensão devastadora, principalmente entre os jovens, que em número cada vez maior passaram a desacreditar na política como ferramenta de transformação social.

    Vamos parar com este papo furado que “carimba” segmentos da esquerda socialista que fazem críticas a Lula e ao PT, críticas políticas e respeitosas, de estar “a serviço da direita”. É óbvio que eu não sou dono da verdade, respeito opiniões contrárias, mas penso que quem se afirmar de esquerda precisa reconstruir esta luta em cima de uma alternativa radical e popular, que dialogue melhor com as massas periféricas e os trabalhadores informais.  Radical no sentido de mudar pela raiz, por fora deste modelo de governança apodrecido. Precisamos lutar por mudanças que não se limitem apenas às eleições.

    Este movimento já existe, mas ainda é muito tênue, e confesso, não consigo enxergar esta possibilidade de acerto no curto e médio prazo, ou ainda, se isso de fato será alcançado algum dia. Lula X Bolsonarismo. É o que temos no momento. Vamos ver mais à frente se o quadro político vai mudar.  Teremos uma “terceira via” pela esquerda? Não sei.

    Desculpem o pessimismo !!

    Claudio Leitão é economista e professor de história.

  • NA COMEMORAÇÃO DE “REFINARIA”

    A foto de Evangelos Pagalidis reuniu três ex-secretários de cultura. Da esquerda para a direita: José Correia Baptista, João Félix e o novo vereador Milton Alencar Jr. Todos na festa de lançamento do livro “refinaria”, do editor e poeta Rodrigo Cabral, na noite de sexta-feira, no Espaço Cultural Sophia Editora.

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    “Faz-me rir”

    O “novo” e ressignificado Diário Oficial do governo de Magdala Furtado (PV) está na edição nº 1046, de 25 de outubro de 2024 e continua trabalhando incansavelmente para emagrecer a folha de pagamentos do município: as exonerações são de “punhado”. As reclamações são gerais, tanto da população, que sente falta dos serviços públicos municipais, como dos “cabos eleitorais”, que desfrutavam daquele gordo “faz-me rir” oficial.

    Falta humor?

    O prefeito eleito Serginho Azevedo (PL) se deixou fotografar saindo do mar, com roupa de mergulho, cheio de peixes pendurados. Publicou a foto nas redes sociais da Internet, mas impressionou o número elevado de “puxa-sacos”, que lascaram elogios, de toda sorte, sobre a pescaria miraculosa do prefeito. Pouca gente brincou e gozou o episódio, o que seria mais natural e leve numa sociedade mais sadia.

    Enfrentando a realidade 1

    O prefeito eleito, em diferentes ocasiões, reitera que através de organização vai colocar a casa em ordem, isto é, as finanças e a administração municipal. Revela preocupação com o inchaço da folha, as dívidas e os compromissos deixados de lado pelo grupo de Magdala Furtado (PV), que orgãos como o Ministério Público não deixam de cobrar.

    Enfrentando a realidade 2

    Na tentativa frustrada de reverter a rejeição da população e tentar ganhar a eleição, considerada pelos analistas como praticamente impossível, o governo de Magdala Furtado (PV) “meteu os pés pelas mãos” e impactou a realidade do município para pior, agravando os problemas de Cabo Frio. Basta olhar e caminhar pelas ruas para se ter clareza dos graves problemas que a sociedade enfrenta.

    “refinaria”

    O lançamento do livro “refinaria” de Rodrigo Cabral, no Espaço Cultural da Sophia Editora, na Rua Major Bellegard, centro, na noite de sexta-feira, foi um sucesso e reuniu boa parte dos agentes políticos, jornalistas e intelectualidade cabofriense e cidades da Região dos Lagos. O velho Moacir, leia-se Folha dos Lagos (Informe) estava emocionadíssimo. Não era pra menos!

    Melancolia & Barraco

    O governo do grupo de Santa Maria Madalena está chegando ao fim com traços marcantes de melancolia, mas sem deixar para trás uma de suas características mais frequentes, o velho e conhecido “barraco”. Dessa vez entre dois notórios membros do grupo de Magdala: a ex-secretária de educação Rejane Jorge e o vereador Adeir Novaes. Motivo? Não vamos perder tempo com isso. Parabéns!!!

    Saravá!

    O que realmente deve lhe interessar meu caro leitor é que após esse desastroso período, o governo do grupo político da prefeita Magdala Furtado (PV) está chegando ao fim. Temos que torcer para que o estrago não seja maior daquele que imaginamos e que tudo possa ser remediado no menor espaço de tempo. Saravá!

    Fim de legislatura

    Será de bom tom que a Câmara Municipal, em final de legislatura, inclusive com vereadores, que não conseguiram a reeleição, se abstivesse de votar projetos importantes para a vida da população. Afinal, a nova Câmara foi eleita e é evidente, que tem mais representatividade política, na medida em que tem quatro anos de mandato pela frente.

  • NÃO QUERO CHORO NEM VELAS

    José Sette de Barros (*)

    Eu estava pintando aleatoriamente,

    Pensando em todos amigos que partiram para outras galáxias…

    Amigos fraternos, artistas revolucionários de prazerosos convívios

    Que não entristeciam o meu devenir, pois só a alegria é saber que o infinito sempre é…

    Que abre seus braços para todos, e mais dia, menos dia, vou novamente encontra-los.

    Em quem acreditar neste mundo de sonhos findos?

    A morte é uma libertação que se deve comemorar…

    Um passo á frente. Um novo mundo além de mim…

    Assim pensando, ofereço a cada um, de ontem, de hoje e de amanhã, nas cores do meu pincel, um vazo repleto de pinceladas.

    Só isso posso deixar para todos nós. Flores, flores e mais flores… Vida!

    Oh pura contradição.

    (*) José Sette de Barros é cineasta e artista plástico.

  • GRUNIDO ELETRÔNICO

    Luis Fernando Veríssimo

    “Querida Arroba Misteriosa. Sim, aceito casar com você. Será que o nosso será o primeiro casamento a nascer neste chat site? Pode dar matéria em revista.

    Engraçado como são as coisas. Meus bisavós namoravam por correspondência. Foi um casamento arranjado pela família, a parte que emigrou e a parte que ficou na Europa. Só se conheceram quando ela chegou ao Brasil, de navio, e ele estava no cais, abanando as cartas dela em papel azul. Cheguei a ler uma destas cartas. Eram compridas, formais, o equivalente literário de um vestido abotoado até o pescoço. Um casto vestido azul. Não sei como eram as cartas do meu avô, mas tenho certeza de que ele tentou desabotoar, metaforicamente, alguns botões e até introduzir uma sugestão, um símile, uma alusão que fosse sob o vestido da bisa, sem sucesso. Corresponderam-se durante dois anos sem que ela sequer soubesse o que era sexo, quanto mais fazê-lo.

    Já os meus avós se conheceram numa quermesse de igreja. Se mandavam recados pelo alto-falante da quermesse. ‘Alô garota do vestido grená, seu admirador de boina azul lhe dedica a música…’ Sabe? Durante quatro, cinco anos, eles só se falaram na quermesse anual da igreja, e sempre pelo altofalante. Quando finalmente se aproximaram, foram mais dois anos de namoro e um de noivado e só na noite de núpcias, imagino, ficaram íntimos, e mesmo assim acho que o vovô disse ‘com licença antes de era.

    Meu pai pediu minha mãe em namoro, depois em noivado, depois pediu em casamento. Quando finalmente foi comê-la foi como chegar ao guichê certo depois de preencher todas as formalidades, reconhecer todas as firmas e esperar que chamassem a sua senha. Entende? Durante o namoro ele lhe mandava poemas. Minha mãe sempre dizia que os poemas é que a tinham conquistado, e que se fosse ser justa deveria ter casado com o Vinícius de Moraes. E você lembra qual foi a primeira coisa que você me disse quando nos conhecemos neste site*. ‘Eu não faço sexo no primeiro encontro, mas quem está contando?’ Só muito depois perguntou meu nome verdadeiro — meu nickname era ‘Brazilian Stallion’, lembra? — e deu outros detalhes da sua personalidade. As pessoas dizem que houve uma revolução sexual. O que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução. No tempo das cavernas, o macho abordava a fêmea, grunhia alguma coisa e a levava para a cama, ou para o mato. Com o tempo desenvolveu-se a corte, a etiqueta da conquista, todo o ritual de aproximação que chegou a exageros de regras e restrições e depois foi se abreviando aos poucos até voltarmos, hoje, ao grunhido básico, só que eletrônico. Fechou-se o ciclo.

    A corte, claro, tinha sua justificativa. Dava à mulher a oportunidade de cumprir seu papel na evolução, selecionando para procriação aqueles machos que, durante a aproximação, mostravam ter aptidões que favoreciam a espécie, como potência física ou econômica ou até um gosto por Vinícius de Moraes. Isto quando podiam selecionar e a escolha era feita por elas, não pelos pais ou por casamenteiros. No futuro, quando todo namoro for pela Internet, todo sexo for virtual e as mulheres — ou os homens, nunca se sabe — só derem à luz bytes, o único critério para seleção será ter um computador com modem e um bom provedor de linha.

    Quem ou o que será que nos juntou neste site, Arrobinha? Terá sido apenas o acaso, ou nossas almas já se buscavam no ciberespaço mesmo antes da Internet? Não interessa. O que interessa é que vamos nos casar e ser felizes. Por sinal, você ainda não disse o seu nome.

    Sei que seremos felizes, Arroba Misteriosa. No futuro, muitos casamentos começarão assim como o nosso, num chat site.

    Na nossa primeira conversa na Internet, você pediu especificações do meu aparelho e eu não sabia se você estava falando do meu computador ou do meu pênis. Mandei detalhes dos dois. Comecei na Internet procurando sexo, como todo mundo. Encontrei com facilidade. Só o que você precisa ter, além do software adequado, é curiosidade, tempo, paciência e um cartão de crédito internacional válido. Entrei em alguns sites incríveis. Eu pensei que conhecesse todas as variedades de sexo possíveis. Não conhecia nem a metade. De sexo com frutas e plantas eu já sabia. Mas não entrei nessa não. Meu negócio era gente. Meu negócio, vamos ser bem claros, era a minha solidão. Decidi criar coragem e entrar nesta sala de bate-papo na Internet para me comunicar com outros como eu. E com mulheres. Sou um cara tímido, meus contatos pessoais com mulheres sempre foram difíceis. A verdade é que minha vida sexual se resumia em chamadas para sex-fones em lugares que eu nunca identifiquei. Todas as mulheres tinham sotaque português e, quando eu perguntava onde elas estavam, respondiam ‘na cama, pois, ou ‘na banheira, ora e nunca diziam o país. Uma me perguntava uma coisa que parecia ‘estereto?’. Eu não entendia. Ela estereto?, e eu ‘o quê?’. E ela ‘estereto, pois não?’, e eu ‘o quê?’. Até que ela perdeu a paciência e gritou o nome da peça! Pensei que estivesse me xingando, só depois me dei conta de que estava perguntando se ele estava ereto. Não era uma vida sexual satisfatória. Até que entrei na Internet e você apareceu, Arrobinha. Foi como se eu fosse um peixe, um peixe pequeno me debatendo na rede, pedindo para ser notado e ao mesmo tempo com medo de ser pescado, e você tivesse metido sua longa mão branca na água e me pegado. Pelo menos imagino que a sua mão seja longa e branca. A primeira coisa que você me disse foi: ‘Eu não faço sexo no primeiro encontro, mas quem está contando?’ Eu disse que o meu nome verdadeiro não era ‘Brazilian Stallion’ e dei o meu verdadeiro nome — falso, claro — e só naquele nosso primeiro papo ficamos mais de uma hora, lembra? Durante a qual você me disse que tinha uma coleção de ursos de pelúcia que dormiam com você e era loira e alta e eu me apaixonei. Eu me apaixonei por palavras na tela de um computador. Amor ao primeiro chat. Naquela noite, tenho que confessar, eu tive um pensamento terrível. E se fosse tudo mentira? Se você não fosse o que dizia ser, nem loira, nem alta, nem louca para me conhecer e, meu Deus, nem mulher? Agora sei que você é sincera, e você sabe o meu nome de verdade mesmo. Vamos nos casar. Mas antes precisamos nos conhecer. Já fizemos o amor virtual, agora precisamos ter o supremo contato sexual, a união externa, a coisa mais íntima que dois seres podem fazer, que é nos olhar nos olhos. Enquanto não nos encontrarmos, Arrobinha, tudo permanecerá uma mentira em potencial. A começar pelos nossos orgasmos simultâneos. Diga a verdade. Você estava fingindo, não estava?”

  • O EMPREGO DE JUDAS

    Paulo Cotias (*)

    Reza uma lenda (sem nenhuma pretensão de autenticidade) de que a história de Judas teria sido um tanto diferente. O que todos sabem é que o empertigado ex-discípulo havia tentado uma vaga naquele grupo de galileus após ter ouvido falar por aí numa conversa sobre um novo reino que estaria prestes a surgir. E onde um reino novo surge, também com ele aparecem novas oportunidades e isso é excelente para os negócios e, claro, para os gananciosos.

    A vida em Queriote não andava lá essas coisas. Num belo dia, como funcionário contador de uma pequena corporação de mercadores, o ainda estafeta achou que mudaria a sua sorte vendendo informações de seu mestre para os grandes controladores da Rota do Incenso. Realmente conseguiu assumir o lugar do mestre e se tornou um burocrata cheio de empáfia e que não tinha o menor pudor de causar danos aos seus antigos colegas, desde que isso atendesse aos interesses dos seus novos patrões. Até que um dia seus patrões perderam o controle da rota para outro grupo e, sem o poder que o sustentava, Judas teve voltar a trabalhar no mesmo ambiente e com as mesmas funções daqueles que ele tanto prejudicara com suas ambições. E, conhecendo Judas como nós o conhecermos, isso não duraria por muito tempo. Resoluto, sabia que era hora de mudar de dono.

    O que sabemos ainda é que as habilidades de Judas o levaram a controlar as finanças do grupo dos galileus. Como era o único “estrangeiro”, ganhou o apelido de Iscariotes, o “que veio de Queriote”. O que os teólogos ainda discutem é sobre qual habilidade de Judas foi decisiva para as necessidades do grupo, a de contador ou a de traidor. Mas isso deixamos para os exegetas. No fim das contas, o desfecho dessa história já é conhecido. Ou não. Aí entra novamente a lenda.

    Para trair o Mestre, Judas teve que arrumar um novo figurão. Só que dessa vez não poderia errar. Até que um jovem e inescrupuloso político daquele tempo, ansioso por consolidar-se definitivamente entre os fariseus e os romanos, decidiu patrocinar Judas. E o contrato foi fechado em trinta moedas de prata que, naquele tempo, equivaleria mais ou menos ao preço de um escravo. Ou seja, dali por diante, em troca do Mestre e por tabela de todos os seus seguidores, Judas estaria ligado para sempre ao seu novo chefe e este, por sua vez, percebeu que alguém como Judas seria interessante: deslumbrado, suficientemente perverso para realizar tudo o que o precisasse na sua escalada ao poder e, enquanto fosse alimentada sua ganância e o seu ego, confiável.

    Só que tudo deu errado. Ou quase. Com a morte do Mestre, o tal reino que Judas esperava não rolou. Para quem estava acostumado com a fama e com cargos, teve que se contentar em voltar para o antigo emprego. O problema é que à essa altura, a fama de traidor e sem-vergonha já tinha pegado. O que fazer? Esperar que o patrão colasse em algum novo figurão da província ou mesmo do Império. Mas até lá, Judas tentou dar uma limpada na sua barra. Tentou se passar por autoridade dos contadores e economistas, escrevia, publicava, recitava e participava dos podcasts daquele tempo. E aqui a lenda fica obscura. Não se sabe se ele conseguiu voltar aos cargos de prestígio, se prejudicou tantos outros ou foi perder as botas em seu antigo emprego em um lugar distante. Os evangelistas, em sua sabedoria, provavelmente encurtaram a sua história, pendurando-o na corda da traição. Se a lenda é ou não verdadeira, pelo menos fica a lição sobre os seus estragos.

    Paulo Cotias é psicanalista e escritor. Visite o site www.psicotias.com

  • POEMA DA AMANTE

    Adalgisa Nery – 1905/1980.

    Eu te amo
    Antes e depois de todos os acontecimentos,
    Na profunda imensidade do vazio
    E a cada lágrima dos meus pensamentos.
    Eu te amo
    Em todos os ventos que cantam,
    Em todas as sombras que choram,
    Na extensão infinita dos tempos
    Até a região onde os silêncios moram.
    Eu te amo
    Em todas as transformações da vida,
    Em todos os caminhos do medo,
    Na angústia da vontade perdida
    E na dor que se veste em segredo.
    Eu te amo
    Em tudo que estás presente,
    No olhar dos astros que te alcançam
    E em tudo que ainda estás ausente.
    Eu te amo
    Desde a criação das águas,
    desde a idéia do fogo
    E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.
    Eu te amo perdidamente
    Desde a grande nebulosa
    Até depois que o universo cair sobre mim
    Suavemente.

  • CARCAÇA NA LAGUNA

    Evangelos Pagalidis

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    Boca aberta

    O Diário Oficial continua com as oficinas trabalhando a todo vapor, na estante relativa a exoneração, com o claro objetivo de emagrecer a folha de pagamento, visivelmente obesa. Em contrapartida as reclamações e críticas ao governo de vereadores e cabos eleitorais são intensas. Gente que desfrutou do governo de Magdala Furtado (PV) descobre defeitos inimagináveis na prefeita.

    Fica feio …

    No mínimo fica feio, mas a cara de pau dessa turma é tão grande que abre mão, inclusive do velho e bom “óleo de peroba”, que faz muitos milagres, mas mão devolve empregos para ninguém, principalmente a candidatos derrotados. O 6 de outubro tem sido cruel para o grupo político de Santa Maria Madalena e dos que aderiram em Cabo Frio.

    Café gelado 1

    Enquanto isso, a população, principalmente a mais pobre, justamente a que mais precisa, sente falta dos serviços públicos municipais, que parecem estrangulados por falta de recursos. Não seria também falta de vontade política por parte do grupo derrotado em 6 de outubro? Afinal, a derrota foi de não deixar dúvidas.

    Café gelado 2

    É aquele período em que até o cafezinho servido pelos funcionários já de olho no próximo governo, começa a esfriar, cuja tendência é ficar gelado. O resfriamento tem a medida do grupo da prefeita se esfarinhando e sumindo do cenário político de Cabo Frio e de toda a Região dos Lagos, do qual o município é a capital política e econômica.

    Não é bem assim 1

    Tudo leva a crer que o governo de Magdala Furtado (PV) não gosta de licitação (são muitos e seguidos os exemplos) e acaba se enrolando, mais do que deveria, na dispensa delas. Não é por acaso que a prefeitura tem acumulado problemas com o Ministério Público, Tribunal de Contas e a própria Justiça.

    Não é bem assim 2

    O mais recente episódio foi com a Moeda Social Itajuru, criada ainda no governo de José Bonifácio (PDT). Magdala Furtado (PV) trocou a empresa responsável a E-dinheiro pela Green Card, sem a necessária licitação e a Justiça bloqueou. Parece que a prefeita imaginou que ao chegar ao poder tudo seria defensável e permitido.

    Força política X Problemas

    O prefeito eleito Serginho Azevedo (PL) tem soltado bem devagar alguns projetos e nomes para o governo. É evidente que Serginho Azevedo procura maturar todas as decisões antes de torná-las públicas. Com cerca de 70% dos votos válidos o prefeito eleito tem uma grande força política, mas, pela extensão e heterogeneidade do grupo político que o apoiou a capacidade de gerar problemas não é pequena.

  • O TEMPO!

    Ângela Maria Sampaio de Souza (*)

    O tempo é um bem precioso, que todo mundo possui, mas ninguém é dono.
    Apesar de muitas vezes possuirmos a sensação de que temos todo tempo do mundo para fazer alguma coisa, na verdade nenhum de nós jamais terá esse privilégio, pois o tempo, apesar de infinito é limitado para todos que dele fazem uso.
    O tempo é um investimento sem garantia de retorno.
    Uma pessoa de 70 anos já teve 30, mas uma de 30 não necessariamente terá tempo disponível para chegar aos 70.
    Para ter tempo é preciso, antes de mais nada, saber respeitá-lo, não menosprezando quem teve a sorte de acumulá-lo.
    Muitas vezes vejo pessoas classificando outras como de meia-idade.
    Mas qual é o real parâmetro de referência, se ninguém sabe quando a vida lhe será tirada!
    Não seria muito precoce essa análise?
    Não seria então o momento de rever nossos conceitos sobre passagem do tempo, encarando com mais sabedoria?
    Como podemos classificar pessoas como velhas e novas, se nem mesmo sabemos quanto mais tempo temos?
    Pense jovem, independente de quanto tempo tenha vivido.
    Pense sempre, ainda que para sempre jamais exista!
    Podemos dizer que é: a finitude do tempo infinito!

    (*) Ângela Maria Sampaio de Souza é Professora.

  • PRAIA DO FORTE & CANAL DO ITAJURU

    Amanhecer na Praia do Forte – 2013 – Antônio José Christovão.

    Canal do Itajuru – 2013 – Antônio José Christovão.


179 respostas em “BLOG DO TOTONHO”

Parabéns Totonho pela volta do seu blog! Análises sempre coerentes e precisas sobre a política e assuntos relevantes de nossa região! 👏👏👏

Saudades da Praia da Barra, sem carros, sem barracas e sem pedras soltas. Abraço e sucesso nesse retorno, já é a primeira coisa que faço quando ligo o computador.

Concordo plenamente com a primeira colocação sobre a falecida lembrança do sal. Podia- se ter um parque com um trenzinho mostrando como funcionavam as salinas .Seria,sem dúvida , uma atração turística rentável.

Sobre um monumento pra resgate da memória do sal em nossa cultura e economia sugeri já há algum tempo em transformar o antigo monstrengo da finda Praça das Águas num Memorial às Salinas. Mas ninguém parece ter interesse sendo melhor pro governo transformar aquele espaço numa horta, jardim ou oca indígena.

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