BLOG DO TOTONHO

  • ECOSISTEMA DA DAMA BRANCA 2

    Ecossistema aquático de restinga no entorno do Complexo Dama Branca, Cabo Frio/RJ – Evangelos Pagalidis – 08/12/2022.

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    Boatos & Mistérios

    Na política os mistérios costumam sucumbir aos boatos e versões, dizem até que a versão é a inda mais importante que o fato. Portanto, nem mesmo a divulgação dos nomes por etapas acalma a alma boateira do entorno da Câmara de Vereadores e dos acompanhantes, que costumam estar a postos na Confeitaria Suisso.

    O Gabinete Feminino

    Bárbara Caetano (secretaria da mulher), Camila Saraiva (secretaria do idoso), Beatriz Trindade, filha do ex-vereador Antônio Carlos Trindade é quem vai segurar o abacaxi, na secretaria de saúde, enquanto Jéssica Guimarães vai pilotar a procuradoria geral do município. A princípio, esse é o grupamento feminino da prefeitura de Serginho Azevedo (PL).

    Bloco Feminino?

    Líder do “bloco conservador” e vencedor na eleição de 6 de outubro, o prefeito eleito parece querer avançar em algumas questões transversais, como o feminismo, que até agora eram monopólio do “bloco progressista”. Vale conferir se as escolhidas vão se empenhar em questões fundamentais para as lideranças feministas e se vão atuar em conjunto, formando um polo avançado dentro do governo.

    Sem receio de superstições

    O prefeito eleito não parece ter receio de superstições, afinal, vai anunciar a totalidade do secretariado na sexta-feira 13, embora muitos atribuam maus presságios a data. Pode ser um bom sinal, que o governo vai prestigiar a Ciência, inclusive porque Serginho Azevedo (PL) tem colocado duas palavras na roda: planejamento e tecnologia.

    Parque Ambiental e Arqueológico

    A coluna Informe, de Moacir Cabral, na Folha dos Lagos, merece o nome que tem e nos revela que o pesquisador e historiador Elísio Gomes entregou ao prefeito eleito, Serginho Azevedo (PL) o projeto do Parque Ambiental e Arqueológico Lina Kinep. Segundo Elísio Gomes, “o projeto abrange a área remanescente da Mata da Figueira, que existe entre o prédio, que deveria ser a Pasmed e o prédio do Shopping Park Lagos, no Novo Portinho.”

    Canais Palmer

    Os canais Palmer 1 e 2 estão precisando da atenção urgente do poder público municipal. As áreas, nos dois canais, que cabe a Prefeitura cuidar estão caindo literalmente aos pedaços: em certos trechos nem o velho cais existe mais, em função do abandono. Se demorar mais um pouco vai desaparecer.

    Banqueiros comunistas

    O maior sucesso da atualidade do cinema brasileiro, “Ainda estou aqui” sofreu uma tentativa fracassada de boicote, nas redes sociais pela extrema direita, acusando o diretor Walter Salles de comunista. Ora, Walter Salles e seus irmãos, junto com a família Setúbal, são nada mais, nada menos que os maiores acionistas do Banco Itaú, o maior banco privado do país.

    A ignorância está passando dos limites

    Por essa ninguém esperava, nem mesmo Karl Marx, Engels ou Lenin. “Banqueiros comunistas” formam uma nova classe ou categoria social? Dentro do ideário da talentosa e estudiosa extrema direita cabe qualquer coisa, inclusive teorias da conspiração e pseudociência. que desaguam na ‘terra plana’.

  • DIVULGAÇÃO
  • COLEÇÃO TEIXEIRA E SOUSA

    A publicação dessa coleção vem atender às exigências do público leitor que há muito exigia uma nova edição das obras do escritor. São onze obras publicadas no séc. XIX, e somente dois romances foram reeditados no séc. XX, sendo eles “O Filho do Pescador” e “Tardes de um Pintor”.

    A obra do escritor nos revela um homem culto, um leitor de vários autores clássicos, conforme cita em suas obras, um pesquisador de fatos documentados da História de nosso país, um conhecedor dos nossos costumes e da fauna e flora da Região dos Lagos, já demonstrando sua preocupação com a preservação ambiental.

    Ele aborda situações sócio-político-culturais, dentro do contexto de sua época, mas por ser um homem de larga visão, suas colocações são bem contemporâneas. Através de sua obra, poderemos constatar que ainda hoje, apesar da modernidade, muito do pensamento, da linguagem e das atitudes de seus personagens, permanecem em nós. Sua obra é um verdadeiro resgate de memória da cultura nacional.

    Outros nove títulos dessa coleção são reedições inéditas, cujos originais estão espalhados em diversos arquivos e bibliotecas, com isso foram dez anos de pesquisa, muito tempo e trabalho.

    Nesse momento, já estava encantada com essa obra, ao perceber a excelência da sua pesquisa e o interesse em divulgar os modos e costumes da nossa região, a qual ele fazia questão de declarar que amava e que era nascido em Cabo Frio. Com isso, me identifiquei com seu trabalho.

    Com o resultado do material pesquisado foi possível publicar pela Foco Letras, em 2018, uma obra inédita, sobre o autor, o ensaio biográfico, ”Um Novo Olhar sobre Teixeira e Sousa” trazendo ao conhecimento público um pouco da sua vida particular e sua trajetória no mundo literário na Corte Imperial, informações relevantes que mudam completamente uma biografia romantizada do autor, escrita em meados do século XIX, bem ao estilo da época, nos aproximando mais da realidade de sua trajetória de vida.

    A Foco Letras tem como proposta, estimular a leitura, a fim de se criar um novo público leitor, como também, despertar o interesse de novos escritores, facilitando o acesso para a publicação de suas obras.

    Dentro dessa proposta ficou acertada uma parceria e decidimos a publicação da “Coleção Teixeira e Sousa” com o primeiro volume “O Filho do Pescador”.

    Neste mês de dezembro de 2024, já publicamos o oitavo volume, a peça teatral “O Cavaleiro Teotônico, ou a Freira de Marienburg”.

    Coleção Teixeira e Sousa
    Rose Fernandes professora e pesquisadora
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  • ECOSISTEMA DA DAMA BRANCA

    Ecossistema aquático de restinga no entorno do Complexo Dama Branca, Cabo Frio/RJ – Evangelos Pagalidis – 08/12/2022.

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    Arrependimento

    O grupo que coordenou a aliança política, mas não ideológica, que fez a campanha de José Bonifácio (PDT) a prefeito de Cabo Frio, em 2020, deve ter um grande arrependimento pela indicação da companheira de chapa, Magdala Furtado. Levou pouquíssimos votos em Tamoios e após o falecimento de José Bonifácio, Magdala revelou-se grande fracasso político e administrativo.

    A Escolha!

    Algumas das lideranças que coordenaram a campanha e a formação do governo de José Bonifácio (PDT) empurram para o falecido prefeito a “culpa” pela escolha de Magdala Furtado (PV) para vice-prefeita. São atitudes bastantes constrangedoras, porque a escolha da equipe foi uma decisão coletiva e não de apenas uma pessoa, que, agora não tem condição de se defender.

    Sinatra & Jobim

    Moacir, o Dom Cabral, feliz proprietário do bar mais proletário do planeta, anuncia aos quatro cantos que o seu boteco está de portas arreganhadas para receber seus notívagos fregueses. A espera deles o clássico programador musical escolheu o LP “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim”, em homenagem ao mais “Brasileiro” de todos os músicos, falecido em 8 de dezembro de 1994 aos 67 anos: Antônio Carlos Brasileiro Jobim.

    Como mudar a imagem negativa?

    O nome do novo secretário municipal de cultura, que extra oficialmente é o de Carlos Ernesto (Carlão) vai ter duro trabalho para recuperar a credibilidade e o prestígio da secretaria muito abalado pelas intervenções externas durante o governo de Magdala Furtado. Vai ter que contar com o apoio decisivo do prefeito para mudar a imagem negativa da secretaria.

    Cadê o secretariado?

    O prefeito eleito havia dito que o anúncio da escolha oficial do secretariado seria nesta semana, mas até a manhã dessa quinta a divulgação não aconteceu. O meio político tradicional de Cabo Frio está ainda mais ansioso, o que é comum quando um novo governo está perto de assumir as rédeas do município.

    O Suisso

    A Confeitaria Suisso, na Avenida Nossa Senhora da Assumpção, estrategicamente localizada entre a Câmara Municipal e a Prefeitura, mais do que nunca é o centro de conversas, debates e acordos dos que convivem no entorno do poder ou nele próprio. Tem sido local de discussão civilizada e respeitosa, apesar das divergências no mapa político local.

    E quanto ao Orçamento …

    Cabo Frio tem um baita orçamento para 2025, isto é, 1 bilhão e 500 milhões, com uma população de 226 mil habitantes. Aparentemente é uma cidade abastada, se não existissem dívidas que chegam a 1 bilhão e 200 milhões de reais e com imensas necessidades a serem atendidas por políticas públicas municipais.

    Apoio político

    O próximo governo terá que, obrigatoriamente ser muito bem articulado com as diferentes instituições, que permitam espaço político para a Prefeitura ter recursos para administrar um cenário que parece caótico. O prefeito eleito tem falado muito de planejamento e tecnologia, mas vai precisar mesmo é de apoio político.

  • DIVULGAÇÃO 1
  • AS UVAS

    Dalton Trevisan – 14/06/1925 – 09/12/2024.

    O herói subiu pelo elevador com o velho, um a examinar o outro. Saltaram ambos no quarto andar. Ele apertou a campainha. Na porta ao lado, o velho escolhia uma chave. Nelsinho entendeu na sua careta zombeteira — Olha aí mais um…

    – Como vai o doutor? — cumprimentou Ivone, cerimoniosa. Fechou a porta e sorriu:

    – Tratei você de doutor. Esse velhote não me deixa em paz.

    Na mesa um vaso minúsculo de cacto. Espetada em areia, na haste negra luzia pontinho escarlate.

    – Incenso indiano, querido, para roubar teu coração!

    Na janela a tarde bruxuleava. Envolto na nuvem adocicada, tossiu de leve: Ai, só me falta crise de asma.
    – Muito distinto!

    O herói tomou-lhe as mãos e quis beijá-la, mas desviou o rosto.

    – Que tanta pressa! Nem me achou bonita.

    Um passo atrás, que a pudesse admirar: cetim negro, três voltas do colar dourado. Boca inchada de batom. Cabelo preto retinto, olho de sombra roxa – a última encarnação de Mata Hari.

    – Está linda, meu bem.

    A menina que escrevia bilhete no intervalo das aulas: Desta mujer que te quiere mucho, mucho, mucho! Travou das mãos, cruzou-lhe os braços nas costas:

    – Agora não escapa.

    O herói beijou o ar, galinha cega bicando às tontas. Ela sacudiu a cabeça com gritinhos de terror.

    – Por que me convidou?

    – Falar com você.

    – Insistiu que estava sozinha. Não pensei que para conversar.

    – Cruzes! Nunca imaginei você queria isso. Afastado na ponta dos braços:

    – O mesmo olhar inocente do menino. Você é inocente?

    – Você bem sabe — e forcejando para atraí-la, conseguiu derrubar um brinco.

    – Viu o que fez?

    – Depois eu acho.

    – Ai, que horror! Me solte um pouco. Que tal um cigarro? Com dedos de ponta amarela acendeu um fósforo.

    – Fuma demais.

    – Tão aflita. . .

    – Se quer, vou embora.

    – Não — e segurou-lhe a mão, ainda com o fósforo. — Olhe: do lado que cair a cabeça está o meu amor.

    A cabecinha negra rolou para ele.

    – Gosta de mim, querido? Preciso tanto de alguém. Tão só desde que a mãezinha morreu.

    – E teu marido?

    – Coitado do Vivi.

    Espreguiçavam-se nos cantos as primeiras sombras da noite.

    – Quer umas uvinhas, querido?

    Na ponta do filete ardia a brasinha — Ivone apresentou-lhe o prato com uvas geladas e um guardanapo engomado. No outro lado da mesa, o rosto em nuvem azul de fumaça. Cruzou a perna, exibiu o chinelinho de pompom vermelho.

    – Nervoso?

    – Nem um pouco.

    – Eu sim. Nunca enganei o Vivi. Boa a uva, não é?

    – Ótima. Você quer?

    – Já provei.

    Batia o cigarro no vasinho de cacto. Ali no ombro uma pinta de beleza.

    – Um beijinho na tua pinta! No estremeção de peixe arisco:

    – Sinto cócega. Ah, se o Vivi. . . Nem quero pensar!

    – Onde é que ele está?

    – Por aí.

    – É bom para você?

    – Muito. Atencioso, bem educado.

    Apanhou na radiola o retrato de moldura prateada.

    – Se não é parecido com você. Por isso goste dele. O primeiro beijo lá na varanda?

    – Eu podia esquecer? — e roçou o lábio no ombro, errou a pinta. — Você era virgem?

    – Que pergunta.

    – É certo o que dizem do Vivi?

    – Bem que noivo diferente. Pobre de mim, chorei de alegria. Moço prendado, falava línguas.

    Só beijinho de muito respeito. Uma educação inglesa. Depois você sabe.

    – Que foi que houve?

    – Abri de repente a porta: aos beijos com o filho do porteiro! Aspirou o cigarro ao ponto de recolher as bochechas.

    – Simpático teu apartamento.

    – Quer conhecer?

    Ivone indicou a cozinha. Abriu a porta do quarto:

    – Desculpe a desarrumação.

    O quarto em perfeita ordem, duas camas de solteiro. Desta vez conseguiu beijá-la, sem que retribuísse.

    – Espere. Limpar os lábios.

    – Mais um beijinho.

    – Não quero manchar tua camisa.

    Apanhou lenço de papel sobre a penteadeira.

    Ele observou as costas até achar a pinta — agora deixá-la nuazinha. Junto da cama, a lâmpada no garrafão azul.

    – Muito original.

    Olhando-o pelo espelho:

    – Não é mesmo?

    Voltou-se: rubros como antes, grossos de batom. Ele começou a beijar- lhe o pescoço, uma veia pulsava forte. Correu os dedos, esquecidos na nádega — louco por vestido com botão.

    – Como é que é?

    – O que, meu bem?

    – A gente tira?

    – Que pressa, cruzes! — o biquinho de contrariedade. — Conversar um pouco.

    – Tenha paciência, filha. Não é hora. Aborrecida, afastou-se dois passos:

    – Está bem. Tire a roupa.

    Sacou o vestido pela cabeça, tanta prática que nem se despenteou. Ele tirou o paletó.

    – Um cabide?

    – Penduro aqui mesmo.

    De costas, jogou a calça ao pé da cama. Virou-se e o que viu? Ela de sutiã, anágua, chinelinho de pompom. Em cueca, nosso herói investiu. Ergueu a saia, surpreendeu a coxa no espelho — a matrona é avó torta da donzela. Para se consolar, fechou o olho e fungou-lhe no pescoço. Repelão violento o fez cambalear:

    – Que é? Que foi?

    – Espere um pouco.

    Acendeu o cigarro, apanhou no guarda-roupa uma toalha, que estendeu sobre a colcha encarnada.

    Nelsinho despiu a cueca, apenas de camisa e sapato. Ela o encarou e, a mão atrás, abriu o sutiã: horrendo peito flácido. Excitadíssimo ao vê-la tirar a calcinha, só de anágua. Que se debateu aflita:

    – E o brinco?

    – Que brinco? Ah, depois eu acho.

    – Como é apressado, que horror! Vou lavar as mãos.

    – Agora não. Depois.

    – Tem de ser já.

    Sem se confessar deprimido, o herói exibiu-se no espelho, admirou as suas graças. De frente e de perfil, erguendo a aba da camisa — grande cadela, deixa estar, ela me paga!
    Ivone saiu do banheiro, soltou a anágua, pisou sobre ela — nua, cigarro na boca! Desviou-se mais uma vez do abraço:

    – Não tira o sapato?

    Foi sentar-se na cama, acendeu novo cigarro na brasa do outro.

    Nelsinho livrou-se do sapato. Trêmulo, beijava-lhe o braço, o pescoço, a orelha — lembra-se, querida, a noite na varanda?

    – Cuidado. Eu te queimo.

    Fumava sem pressa, a boca feroz, olho no teto.

    – Sossega, meu bem. Olha a cinza na colcha.

    Ergueu-se no cotovelo, amassou o cigarro no cinzeiro. De repente envolveu-o num abraço apertado. Sem explicação, deitou a gemer alto: Ai, ai, ai! Empurrou-o, sacudiu a cabeça:

    – Bonito o teu olho esquerdo!

    Agarrou-o com violência, entre ais lancinantes. O rosto afundado no cabelo, Nelsinho espirrou duas vezes.

    – Que foi, bem? Resfriou?

    – A velha asma.

    Sem aviso, a defender-se com unha e cotovelo:

    – Me machucando. Trocar de posição. Mais para baixo. De mau jeito.

    Não desmanche o penteado.

    Ele seguia as instruções, frustrado e miserável. Ivone enlaçou-lhe o pescoço e beijou-o, a gemer fora de tom. No meio do beijo, estremeceu a pálpebra, aos poucos abrindo o olho. Fixou-o no fundo da pupila, franziu a testa. Nelsinho começou a resfolegar, lavado de suor frio.

    – Nervoso, bem? — melíflua, suspirou a bela.

    Em desespero, fechando o olho, tornou a beijá-la: boca escarninha, cheia de dentes. Fio de baba escorreu no queixo, ela desviou o rosto:

    – Incomodou-se hoje, não foi?

    Inibido pela expressão de censura, o sulco na testa acusadora, ainda pediu:

    – Me beije, querida.

    – Não fique nervoso. Já passa.

    – Você é que sabe — a voz sumida.

    – Isso acontece.

    Na separação dos corpos suados um estalo obsceno. Nelsinho deixou-se rolar de costas.

    – Pois é. Acontece a qualquer um — com amargura medonha na alma.

    – Bem quietinho — as palavras untuosas de doçura. — Como eu e meu marido.

    Compassiva, afofou o travesseiro, que descansasse a cabeça. Alcançou lencinho na gaveta, enxugou-lhe a testa em agonia. Dois cigarros na boca, acendeu-os, estendeu-lhe um.

    – Primeira vez? — a menina inocente na varanda. Não queria conversa, preocupado em não se distrair.

    – Nunca me aconteceu.

    – Será que das uvas? — os seios sacolejando com o risinho de pouco caso.

    – Se a gente ficasse de pé?

    De pé, não deu resultado: a visão medonha da nádega no espelho. Depois, sentados. E deitados retomaram os cigarros. Nelsinho de costas, ela apoiada no cotovelo, a soprar-lhe a fumaça no olho. Com a mão livre, Ivone ofereceu entre o indicador e o polegar o seio opulento; sem entusiasmo, ele sorveu o leite mais triste. O coração pulsava no travesseiro e rangia no colchão. Tornou o suor a escorrer-lhe da testa.

    – Igualzinho ao Vivi.

    Ivone aspirou fundo, soprou deliciada pelo nariz: uma vez com um homem. Abordada na rua. Na própria lua-de-mel. Nunca soube quem era. Em vez de indignar-se, recolheu-o no apartamento. Tristonho, Nelsinho observava o desejo afoguear-lhe as faces, rouca de perturbação. Engoliu em seco: esmagou a boca de beijos, com receio de que o empurrasse para rematar a frase. Entreabriu o olho a gozar o triunfo, notou a ruga incrédula na testa. Ai dele! a exaltação gloriosa esvaiu-se em derrota sem remédio.

    – Não se canse tanto, meu bem. Pode ter uma coisa!

    Concluiu em sossego a história, na verdade muito interessante.

    – Com calor? Que abra a janela?

    – Fique quieta. — E com humildade. — Não sei o que… A primeira vez.

    – Meu maridinho é bem assim.

    A vez do herói acender os cigarros. No silêncio, choro de criança no apartamento vizinho, um relógio ao longe deu as horas. Último clarão do crepúsculo na janela. Chegou até ele a fragrância enjoativa do incenso: Deus, ó Deus, por que não morri de asma aos cinco anos?

    Ivone saltou da cama, os peitos bamboleantes, foi apanhar um fósforo na sala. Voltou com o pratinho:

    – Não quer acabar as uvas?

    Deitado, beliscou dois e três grãos. Chupou o sumo, devolveu a casca ao prato. Apanhou outro bago. Tão desconsolado, em vez de cuspir, engoliu a semente e a casca.

    Pesquisadora – Rose Fernandes.

  • DIVULGAÇÃO 2
  • O HOMEM E A NATUREZA

    Luciano Barbosa – “O Homem e a Natureza” – 11/2024.

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    A Crise 1

    A crise financeira do governo de Magdala Furtado (PV) tem se espalhado em praticamente todos os setores do município, em especial no cancelamento da posse dos concursados e no atraso aos repasses da APAE. Muita gente previa a desorganização do governo, mas ninguém supôs que pudesse chegar a tanto.

    A Crise 2

    O presidente da Câmara e vice-prefeito eleito, Miguel Alencar (União Brasil) discursou no Legislativo sobre a crise e particularmente se referiu ao cancelamento da posse dos 80 concursados. Miguel ressaltou que o que mais o assombra é a grande desorganização da Prefeitura comandada por Magdala Furtado (PV).

    Ano Eleitoral

    Segundo algumas fontes do próprio meio político do município os contratados na área da Secretaria de Saúde, que ficaram sem receber seus salários, deveriam questionar os vereadores que fizeram as indicações políticas ao governo de Magdala Furtado (PV). Afinal, essas promessas em ano eleitoral tem que ser cobradas.

    Especulações

    Continua na cidade a especulação sobre a composição do secretariado do prefeito Serginho Azevedo (PL) e a importância política dos secretários, no novo governo. No Legislativo o novo presidente deve ser Vagner Simão, o Vaguinho, o vereador mais votado, ultrapassando os seis mil votos e que é homem de absoluta confiança do novo prefeito.

    Base sólida no Legislativo

    Constituir uma base sólida na Câmara de Vereadores é uma necessidade óbvia de qualquer governo, que não pretende se aborrecer diariamente com problemas no Legislativo. Essa parece ser a visão de Serginho Azevedo (PL), que deve ter aprendido muito sendo líder do governo na Assembleia Legislativa (ALERJ).

    O mandato e as delícias

    Essa maioria fica ainda mais tranquila quando os suplentes tomam posse: voltar para a aridez do deserto da política é muito duro: ninguém quer. A água que faz milagres é escassa. Daí, então, o suplente vota direitinho com o governo, porque sabe que se vacilar pode perder o mandato e as suas delícias, digamos assim.

    Tecnologia & Planejamento

    O prefeito eleito continua caminhando pela cidade, mostrando nas redes sociais alguns desafios que assegura pretender enfrentar. Continua falando sobre dois temas: planejamento e tecnologia. Quais serão os ocupantes desses cargos, que fundamentarão a nova administração pública municipal: técnicos ou políticos? Ou as duas coisas?

  • QUEBRANTO

    José Sette de Barros (*)

    Durante muitos anos eu possuía na minha pequena biblioteca alguns livros escritos por James Joyce. Confesso que sempre que começava a ler desistia de continuar. Não conseguia acompanhar a sua intricada narrativa. Assim Ulisses, Dublinense, Retrato do Artista Quando Jovem e também um estudo sobre o romance moderno com textos de Ezra Pound, Umberto Eco, Ítalo Svevo, Richard Ellmann, onde encontrei a epifania de sua essência, ficaram adormecidos nas estantes. Comecei a escrever esse filme há alguns anos atrás. Foi em uma noite de insônia que devorei novamente “As Irmãs” o primeiro dos contos de Dublinense e fiquei extasiado.

    Depois foram vindos de roldão os outros 14 contos restantes e toda obra do genial escritor. Apaixonado pela redescoberta, debrucei-me na vida e na obra deste misterioso artista, primeiro com os ensaios dos autores acima citados e depois com algumas pesquisas feitas pela internet. Assim, ilustrado, pude experimentar o prazer de degustar o seu intricado texto, a poesia inocente do “Retrato do Artista Quando Jovem” e finalmente o colosso de “Ulisses”, o que mais demorei a reler, o mais difícil de ser decifrado. Apaixonado comecei, de pronto, a ordenar e a digitalizar a urdidura, a trama, que alinhei a outros autores – Shakespeare, Gabriele D´Annunzio, Oswald de Andrade – vistos como peças de um quebra-cabeça que no tabuleiro tomavam a forma da história poética que deveria ser contada. Como a minha poesia, é composta por imagens e sons, resolvi fazer um esboço do que mais havia sensibilizado os meus sentidos em todos os textos lidos e imaginados cinematograficamente. Frases soltas, deste ou daquele momento, retiradas do romance ou dos contos, poemas e todo erotismo fantástico deste anárquico e misterioso ser, foram enchendo páginas e mais páginas de papéis com a minha confusa caligrafia. No final dessa maratona enlouquecida eu já havia esboçado o desenho do que viria a ser o primeiro tratamento do roteiro do meu mais ambicioso filme. A partir do meu encantamento cinematográfico, criado pelas imagens que surgiam da leitura dessas anotações esquecidas, nasceu “Quebranto”- um filme das alucinações literárias e dos sonhos existenciais do personagem João, que também é José e Joyce, antropofagicamente enfeitiçado pelo cinema nas suas duas horas de vida.

    Obrigado a todos vocês que participaram deste sonho.

    (*) José Sette de Barros é Artista Plástico e Cineasta.

  • INCIDENTE NA LOJA

    Dalton Trevisan – 14/06/1925 – 09/12/2024.

    NELSINHO marcou o cartão, desceu pelo elevador com o guarda-livros. Pediu que o justificasse perante o gerente, no caso de se atrasar: almoçava com o tio chegado de viagem.

    – Por que não fala com o homem?

    O herói mordia o canto da unha e, de instante a instante, sugava uma gota de sangue.

    – O bruto me deixa aflito.

    No bar da esquina o primeiro cálice – um gole só.

    – Cuidado, rapaz. Bebe muito depressa.

    Metendo-se na vida alheia, não se queixe a guarda-livros quando mergulhe no poço do elevador. Nelsinho virou mais dois tragos, saiu para a rua ensolarada. Olhava o relógio de pulso, embora sem pressa nem rumo, seguindo de longe as damas; ah, esquecera o óculo escuro, admirar-lhes as prendas sem se denunciar. Não resistiu a um chope bem gelado e enxugou o bigodinho.

    Graças a Deus pelas mulheres, tão bem feitas para serem acariciadas – ratinho branco, gato angorá, porquinho-da-índia. Algumas gostaria de embalar no colo. A outras pediria, virando o olho, que lhe queimassem o cabelo do peito na brasa do cigarro. Para onde girasse a cabeça, lá estavam elas, braços nus, a penugem dourada arrepiando-se aos seus beijos soprados na brisa fagueira. Seguiam a passo decidido, estremecendo as bochechas rosadas, indiferentes e tão distraídas que, se olhavam para ele, era através dele: nuvem, folha de papel, gota d’água. Voltando-se irritado, acompanhava o balanço dos cabelos na nuca, a ondulação das saias no boleio aliciante dos quadris.

    Cão sequioso, a língua de sol resfolegava-lhe no pescoço. Jogou o paletó ao ombro, o toureador no seu manto de glória. Estava para o amor, não fosse a humilhação da carteira vazia – até a última das mulheres tem o seu preço. Mais um vale no caixa, o guarda-livros iria denunciá-lo ao gerente: o poço do elevador era o fim do espião. Sonolento da bebida, os bancos da praça convidavam-no para o descanso reservado aos pais de família. Resistiu impávido, desviou-se para uma rua transversal, observou a mocinha na calçada oposta – É ela. Agradeceu com falsa modéstia – Obrigado, Senhor. Eu não mereço.

    Sem perdê-la de vista, preparava a abordagem. Os cartazes na parede sugeriam que fosse ao cinema. Vestiu o paletó para bem impressionar, atravessou a rua. Ultrapassou-a alguns passos, fingiu que lia os anúncios. Na vitrina a figura sinistra de galã barato: desde quando se reflete a imagem do Nosferatu? Esfregou o lenço no nariz, onde latejava uma espinha – tarde demais para espremê-la. Então o coração de Nelsinho disparou: um amigo da família vinha ao seu encontro. Ainda não o avistara, escondeu-se atrás de uma coluna do saguão – vai saber que persigo a menina.

    Ela admirava os deslumbrantes cartazes de Ava Gardner, não havia reparado em Nelsinho. Antes que pudesse olhar através dele – folha de papel, nuvem, gota d’água -, cumprimentou-a risonho e cuidadoso de não revelar o dentinho preto. A ingênua correspondeu ao sorriso. Aguardou um pouco, atrás da coluna, não fosse o amigo da família aparecer. Aflito, rompeu em marcha batida, esbarrou na menina, que estava abrindo a loja vizinha.

    – Já vai entrar, meu bem?

    Quase gritou, a mão no decote da blusa amarela:

    – Puxa, que susto!

    Meio sorriso, verificou se era seguido.

    – É aqui que você trabalha?

    – Trabalha com quem? Ah, sozinha, é? Que importante.

    – O teu patrão?

    – Está doente.

    – Loja de que é?

    Era casa decadente, duas portas. A moça abriu uma das folhas, guardou a chave na bolsa com alça de bambu. Nelsinho relanceou os olhos na escuridão.

    – Colchão, acolchoado, travesseiro.

    – A que hora você sai?

    – Fico até às seis.

    – Se a encontrasse na saída?

    Não roa a unha, desgraçado, que está perdido.

    – Como é? Posso ou não posso?

    Ela sorriu, no lábio uma gotinha de suor: sim.

    – Ah, seu nome, qual é?

    Ó, Senhor, não tens piedade; cometera o primeiro erro, voltando para a menina a orelha boba. Escapou-lhe o nome, já não teria coragem de repetir a pergunta. A seus pés, a nuvem de fogo tremulando no asfalto, como resistir à sedução da fresca penumbra?

    – Será que podia entrar?

    Avançou na frente dela, que ainda protestou:

    – Não tem nada para ver.

    Apertava os olhos, sem distinguir na sombra: pilhas de colchões erguiam- se pelos cantos. Curvou-se a menina, o trinco da segunda folha. O herói descortinou a face calipígia – quem diria, aquela mocinha magra! -, ficou tremendamente excitado. Estou cansado, Senhor, são tantas mulheres e eu tão sozinho. Ela não conseguia suspender a lingüeta, ergueu-se a soprar o dedinho:

    – Veja se faz alguma coisa. Puxe o trinco ao menos.

    Sem beber, voltava ao que era: cão lazarento. Na penumbra, o bafio da loja decrépita Encaminhou-se a menina para a outra porta. Nelsinho, ao sacudir o torpor, sentiu debaixo do pé o soalho vacilante e, cruzando com ela, alisou-lhe em furtiva carícia o cabelo ruivo.

    – Não. Não me pegue.

    Nelsinho inclinou-se para o trinco, o acento lânguido e perverso – Não, não me pegue -, em recusa que, tão indolente, era antes um convite, mudou de idéia e empurrou a porta com o pé. Lá fora, sentado no carro, um motorista gordo bocejando volveu a cabeça tarde demais.

    Para surpresa de Nelsinho, não ficou no escuro: os dois quadros luminosos das bandeiras no soalho. A moça, ainda sem entender – meu Deus, terei de fazer uma carnificina? -, bulia na segunda porta. Chegando- se por trás, mãos em concha empolgou-lhe o busto. Sua longa busca recompensada e, sob as barbatanas, encontrou a mansa paz de dois pequenos seios. Surpreendida, sem largar a tranca, inocente do que lhe acontecia:

    – Nojento… Seu nojento!

    Ao ouvido bom do herói queixume de amor, algum travo de fúria. A moça cravou-lhe as unhas na mão. Ela enterrava as unhas, Nelsinho esmagava os seios com força. Crispando a mão, alegrou-se de roer as unhas, não a machucava mais do que devia. A menina não resistiu e gemeu, a cabeça inclinada para trás. Deixou que se voltasse. Soltando os seios, agarrou nas duas mãos o rosto.

    Ela girou e bateu com a bolsa na sua perna direita.

    Beijou-a duramente na boca. Ela se opôs, sem conseguir afastar o rosto. O herói descolou os lábios para recobrar fôlego. A menina fitava-o com susto atrás do óculo de gatinha. Daí a beijou novamente. Continuava se recusando, mas não muito: abateu o braço, a bolsa escorregou. Nelsinho recuou um instante a cabeça para respirar. Na terceira vez a menina retribuiu, ainda de boca fechada – ele sopesava na palma um dos seios, precioso e frágil ovo quente do ninho.

    Suspendeu o beijo, olhou ao redor: a luz das bandeiras na chita encarnada dos edredões e travesseiros azuis. O rosto nas mãos, arrastou-a até a pilha de colchões. A moça tombou com um gemido, o vestido suspenso descobriu a combinação branca enfeitada de rendas. De joelho, quis voltar a beijá-la, os dedos agarrados no seio. A bela fugiu com o rosto. Como também usava óculo, constrangido a retirar o seu, que rolou fora do leito e quase deu um grito no susto de quebrá-lo. Imobilizou lhe o rosto, alcançou os lábios e, a beijá-la, subia o vestido, desde o joelho redondo até a amplidão da coxa alvacenta. A calça de malha, teria de rasgar.

    Óculo embaçado da moça, estava de olho aberto? Ela não se mexia, ofegante de medo ou prazer. Nelsinho enterrava-lhe o nariz nos longos cabelos vermelhos – ai, Senhor, de nós dois qual a vítima?

    Tateou o soalho empoeirado até achar o óculo. Morcego condenado à caça nas trevas, observou a boca infantil, antes agressiva de batom, indefesa nos lábios finos e entreabertos. Ergueu-se e, a seus pés, na trêmula faixa de poeira luminosa, a pecinha de malha rósea.

    Bem educado, deu-lhe as costas para se abotoar, recolheu as medalhas bulindo na corrente. Por sua vez, a bela ajeitou a anágua e as pregas da saia, alisando-a diversas vezes com a mão.

    Voltara a sua timidez, uma vontade de chorar, como agir em face das damas? Não queria chegar tarde, podia perguntar a hora.

    Também ela se atrasara na abertura da loja; dirigiu-se à porta, apanhando a bolsa no caminho, deslocou a tranca. Em galanteio, Nelsinho abriu a outra porta. Escancarou uma das folhas e abaixou-se para o trinco, que correu fácil. E o gordo que o tinha ouvido ou visto bater a porta? Piscou o olho: o carro lá não estava. A moça entretida com a máquina de escrever. Ah, Senhor, deste-me a voz, não as palavras. Pedir desculpa, combinar encontro, perguntar a hora? Antes que ela se voltasse, partiu sem se despedir.

    Bateu o ponto, olhou o cartão. Chegara em tempo: o incidente na loja consumado em poucos minutos. Sentou-se à sua mesa, enrolou o papel na máquina: a mão suja de sangue. Foi ao banheiro lavá-la com receio de infecção. Ao procurar o lenço, não o achou, perdido na loja – o seu nome bordado no canto.

    De repente viu-se no espelho, pálido de susto. Umedeceu o cabelo, penteou-se devagar: o cabelo fabuloso de Nelsinho. Sorriu entre surpreso e satisfeito, baixou a cabeça e murmurou: Obrigado, Senhor.

  • TRAINEIRA NA PRAIA DO FORTE

    Antônio José Christovão

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    A Academia e Teixeira e Sousa

    No evento realizado pela Academia Cabofriense de Letras (ACL), no fim de semana, no Charitas, foi lançada a reedição do oitavo livro da obra de Teixeira e Sousa, “O Cavaleiro Teotônico” ou a “Freira de Mariembug”, peça teatral publicada em 1848. A “Coleção Teixeira e Sousa”, está sendo reeditada pela pesquisadora Rose Fernandes, secretária da Academia.

    Brincadeira?

    Na organização da festa da Academia mais uma vez ficou clara a inapetência do governo de Magdala Furtado (PV) em relação a área de Cultura. As cadeiras foram alugadas, porque o Charitas tinha apenas 30 e som parece ter tomado “chá de sumiço” e o evento foi realizado também com som alugado. É brincadeira?

    Urgências

    O novo secretário municipal de cultura deve ser Carlos Ernesto, o Carlão e certamente vai se deparar com uma situação constrangedora: a Biblioteca Pública Municipal Walter Nogueira precisa de reforma urgente. O Teatro Ináh de Azevedo Mureb tem que ser reaberto e tantas outras reivindicações não apenas do setor, mas da sociedade.

    A Recuperação!

    A recuperação em todos os setores da administração pública municipal, mais ou menos que trocar os pneus com o carro andando, vai ser penosa, porque o serviço público na prefeitura de Magdala Furtado (PV) nunca foi tão esculhambado. Vai ser necessária muita vontade política para colocar a cidade no eixo.

    Como explicar?

    O que pensam os dirigentes do PC do B, PT e PV, que decidiram apoiar a tentativa de reeleição da prefeita Magdala Furtado, ao se deparar com o caos instalado na administração pública de Cabo Frio? Como vão explicar a seus militantes e simpatizantes? Como vão reconstruir a credibilidade de suas legendas?

    A pergunta!

    A pergunta que mais perturba o cabofriense é: como a cidade vai aguentar o Reveillon em meio a essa bagunça, quando a cidade recebe milhares de visitantes? Aqueles cabofrienses que tem alguma condição financeira estão procurando outras paragens com receio do que possa acontecer numa cidade superlotada e largada a própria sorte.

  • O TAL NERVOSISMO DO MERCADO

    Cláudio Leitão (*)

    Desde o governo Collor escuto dos “economistas de mercado” que o negócio é privatizar e cortar gastos públicos. Privatizaram muito, venderam várias empresas públicas e deram inúmeras concessões. Cortaram recursos da educação, da saúde, da segurança pública, dos programas sociais, etc. O que aconteceu?

    O governo federal e os estados seguem apresentando déficits orçamentários. As prefeituras, salvo raras exceções, continuam sem capacidade de investimentos estruturais. Contaram uma “estória” mentirosa todos estes anos. Privatizaram os lucros e socializaram o prejuízo para que nos dias atuais à conta seja paga com o sangue, suor e o sacrifício dos trabalhadores e aposentados.

    Lula, neste momento, tem que ter a coragem necessária e mandar o mercado as favas. A prioridade deve ser o combate à fome e resgatar as políticas públicas de interesse popular que o desgoverno anterior do golpista covarde desmontou. O “mercado” blefa e especula o tempo todo. Dizem que vão levar o dinheiro para fora do país. Conversa fiada. O Brasil tem hoje a terceira maior taxa de juro real do mundo, Atrás da Rússia, que está em guerra, e da Turquia. Em qual lugar do mundo ganhariam tanto dinheiro com estas generosas taxas de juros com tanta segurança de receber direitinho?

    Hoje, o Brasil ostenta o segundo lugar em investimentos estrangeiros. Só perdemos para os EUA. Temos dólares em excesso. Temos superávit na balança comercial e ótimo volume de reservas cambiais. O crescimento do PIB este ano será em torno de 4%, um dos maiores do mundo. O IBGE em recente estudo confirma a redução da pobreza e da extrema pobreza. E também não taxamos os super ricos, conforme faz a maioria das grandes economias capitalistas do mundo ocidental, inclusive os EUA. Do que “estes caras” reclamam?

    O tal “mercado” nunca gostou de Lula e do PT, embora os governos petistas nunca tenham recusado o diálogo com os donos do capital no país. As concessões solicitadas são sempre atendidas. O “mercado” não se estressou quando Paulo Guedes deu um calote nos precatórios que estão sendo pagos por Haddad. O “mercado” jamais ficou nervoso quando tínhamos a “fila do osso”. Nada que afete os pobres interessa a essa gente. Esta alta artificial do dólar é fruto da especulação criminosa dos agentes financeiros. A elite financeira brasileira pratica aquele famoso dito popular: “Me engana que eu gosto”. O pior é que grande parte da classe média e o “pobre de direita” caem neste caô!!

    (*) Claudio Leitão é economista e professor de história.

  • VIVA NÓS ANTIGOS BOTAFOGUENSES

    BOTA !
    Pode ser calçado
    Ou colocar qualquer coisa
    Em seu devido lugar

    FOGO!
    Pode ser o que vem de dentro
    O que vem de fora
    E também o que incendeia
    Em chamas qualquer coisa
    Que se queira queimar

    BOTAFOGO,
    Era uma antiga caravela
    Que tacava fogo
    Em que ousasse invadir
    Aquele pedaço do meu Rio
    Emprestando-lhe o nome
    Assim como a um quilombo daqui
    A quem tenho muito apreço

    BOTAFOGO,
    Ainda que tudo o mais
    É a estrela que me conduz
    Quando bota fogo no futebol
    Claudica meu velho coração

    José Facury
    Teatrólogo

  • PAISAGENS – CABO FRIO/RJ

    Paisagens de Cabo Frio/RJ – Luciano Barbosa.

  • PEQUENAS DOSES

    Luiz Antônio Nogueira da Guia.

    O Secretariado

    O meio político de Cabo Frio está ansioso para a definição do secretariado do novo governo, que se instala em 1º de janeiro de 2025. O prefeito eleito prometeu anunciar oficialmente o secretariado para esta semana e isso colocou ainda mais ansiedade na mídia, apesar de Serginho Azevedo (PL) ter antecipado oficiosamente alguns nomes.

    Eleição no PT de Cabo Frio

    O PT de Cabo Frio está se reconstruindo após a desastrada intervenção do “baronato” durante o processo eleitoral encerrado em 6 de outubro, com a derrota acachapante de Magdala Furtado (PV). O atual presidente, Ricardo Cardoso, um dos líderes que resistiram a colocar o partido a serviço do projeto de reeleição da prefeita, é candidato a continuar dirigindo o partido.

    E o PV?

    Como fica o PV de Cabo Frio, presidido nacionalmente por José Luiz Senna? Vai continuar acumulando o desgaste da filiação da prefeita, a “ambientalista” Magdala Furtado? Haverá alguma intervenção na executiva cabofriense ou tudo permanecerá do jeito que está? Qual o futuro do partido em Cabo Frio após o episódio Magdala?

    Novas lideranças?

    Muita gente especula quais serão as novas lideranças que surgirão no município a partir dessa mudança geracional, que a eleição de Serginho Azevedo (PL) promete. No balaio das apostas surgem dois nomes: na esteira do governo, o vice-prefeito Miguel Alencar (União Brasil) e na oposição, Rafael Peçanha (Rede Sustentabilidade). Existem outros?

    Caminhos 1

    O vice-prefeito eleito, Miguel Alencar (União Brasil) surge naturalmente como uma liderança capaz de suceder a Serginho Azevedo (PL), dentro do mesmo campo político. Serginho Azevedo (PL), certamente vai trabalhar pela reeleição, mas ambos, Serginho e Miguel, terão um campo bastante amplo para crescer, dependendo é claro das escolhas políticas que fizerem.

    Caminhos 2

    O prefeito eleito anunciou que o vice vai ocupar uma espécie de secretaria com ampla autoridade política/administrativa, uma espécie de coordenação de outras secretarias. Dentro desse quadro, Miguel Alencar terá que ter muita habilidade política para não se chocar com outros secretários.

    A Academia Cabofriense de Letras 1

    Em julho de 2025 a Academia Cabofriense de Letras completará 50 anos e já está se preparando para a grande festa, no próximo ano. No fim de semana a Academia, em evento no Charitas (Museu José de Dome) lançou sua Antologia de 2024 e quer fazer muito mais tanto na Cultura como na Educação.

    A Academia Cabofriense de Letras 2

    Os acadêmicos e todos que amam a cultura esperam mais apoio público e privado para suas atividades. Precisa mesmo de apoio, porque para a realização do evento no fim de semana a Academia foi obrigada a alugar até mesmo o som e as cadeiras, que a Prefeitura de Cabo Frio sequer ofereceu.

  • DISCO DE VINIL

    Paulo Cotias (*)

    Que mania é essa que inventaram de compactar as coisas para transformá-las em “experiências de consumo”? Outro dia, me peguei no saudosismo dos tempos em que era mais novo e desejava aquelas aparelhagens de som que vinham com os módulos para discos e fitas cassete. Tudo bem que as fitas eram mais práticas e tal, uma primeira tentativa de compactar a experiência, mas o disco de vinil era imbatível.

    Havia uma reverência e um ritual para o vinil. A conservação das capas de papel, o plástico que evolvia o disco, aquela passada de flanela para remover poeiras e sujidades do manuseio. A paciência de ouvir cada faixa, ou a impaciência de ir para a faixa onde sua música preferida estava… E o som… Inigualável, quente, repleto de nuances. Não pense você que isso é apenas uma sensação subjetiva. O vinil obedece ao método analógico, pelo qual o som é capturado como ondas contínuas, do mesmo modo como o faz na mãe natureza. Os ouvidos agradecem.

    Mas aí veio o povo da compactação. Primeiro com os cds (compact disc) e depois com os frios arquivos ainda mais comprimidos. Obviamente, essas novas mídias ocupam menos espaço, são compartilhadas mais facilmente, sobretudo se esse compartilhamento visar a individualização extrema. Antigamente, não era incomum convidar os amigos para ouvir um disco e bater um papo. O vinil era parte do que havia de bom na experiência social no antropoceno. Hoje, você compartilha à distância ou divulga nas redes sociais a sua playlist. Quem quiser que te siga, ouça ou não.

    Infelizmente o saudoso vinil foi apenas a primeira vítima. A vida está cheia de arquivos compactados por pessoas comuns, pelos influenciadores de ocasião e empresas que asseguram que o pacote embalado, rotulado e precificado que te mostram compulsivamente é a garantia de que você viverá uma experiência roteirizada. E, como reza todo script, deve-se seguir as instruções sobre como você registrará tudo isso com os tipos “certos” de vídeos, fotos, hashtags, frases de efeito e, obviamente, já incluso com a opinião pronta sobre o que você acha que viveu.

    Talvez seja por isso que ao término desses pacotes compactados, retornamos ainda mais cansados e esvaziados. Porém, cheio de registros dos pratos, do desenho do cafezinho, do menu da moda, da pose com aquele fundo que todo mundo já usou. Com a memória das conversas vazias de conteúdo, mas cheias de clichês, comparações e exibicionismo. E isso está valendo desde uma “experiência” de cafeteria, “experiência” de atividade física, “experiência” de compras, e por aí vai.

    Andam dizendo que as bolachas de vinil estão voltando aos poucos. Quem sabe se com elas também não voltaremos a perceber o que é sublime, significativo e autêntico?

    (*) Paulo Cotias é psicanalista clínico e escritor. Visite www.psicotias.com e inscreva-se no nosso Canal Psicotias no YouTube para conteúdos exclusivos!


182 respostas em “BLOG DO TOTONHO”

Parabéns Totonho pela volta do seu blog! Análises sempre coerentes e precisas sobre a política e assuntos relevantes de nossa região! 👏👏👏

Saudades da Praia da Barra, sem carros, sem barracas e sem pedras soltas. Abraço e sucesso nesse retorno, já é a primeira coisa que faço quando ligo o computador.

Concordo plenamente com a primeira colocação sobre a falecida lembrança do sal. Podia- se ter um parque com um trenzinho mostrando como funcionavam as salinas .Seria,sem dúvida , uma atração turística rentável.

Sobre um monumento pra resgate da memória do sal em nossa cultura e economia sugeri já há algum tempo em transformar o antigo monstrengo da finda Praça das Águas num Memorial às Salinas. Mas ninguém parece ter interesse sendo melhor pro governo transformar aquele espaço numa horta, jardim ou oca indígena.

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