
No último dia 2 de maio completaram-se 28 anos da morte de Paulo Freire, o educador e filósofo pernambucano, que se vivo fosse, faria 103 anos nesta data. É necessário ressaltar que as muitas fake news bolsonaristas que associam Paulo Freire e seu método de alfabetização as notas do Pisa são simplesmente mentirosas. Nunca o método de Paulo Freire foi adotado pelo governo federal. Só em um curto período de tempo no Rio Grande do Norte, em 1963 e logo a seguir em Pernambuco, tentou-se implantar um plano nacional da educação no curto governo João Goulart.
Em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o golpe militar extinguiu esse esforço. Freire foi encarcerado como subversivo por 70 dias. Em seguida passou por um breve exílio na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Ficou no exílio até 1979, onde trabalhou em vários países e publicou a maioria de seus livros.
Quando o PT venceu as eleições municipais paulistanas de 1988, iniciando-se a gestão de Luiza Erundina (1989-1993), Freire foi nomeado secretário de Educação da cidade de São Paulo. Exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela Secretaria Municipal de Educação estão a criação do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de educação de jovens e adultos, aumento do salário dos professores, criação dos Conselhos Escolares para que as comunidades participassem das decisões, entre outras ações. Exerceu o cargo por dois anos. Sua morte ocorreu em 1997.
O método de alfabetização “freiriano” é utilizado em diversos países do mundo e tem cursos sobre ele em Harvard, Oxford, Princeton e em inúmeras outras importantes e destacadas universidades do mundo. Mas no Brasil seu método nunca foi utilizado. Portanto, ele nada tem a ver com a péssima avaliação brasileira no Pisa.

Paulo Freire é o intelectual brasileiro com maior número de títulos de professor “honoris causa” em universidades pelo mundo, incluindo as conceituadas, Harvard, Oxford e Cambridge. Apesar de todos estes títulos ele não era um “academicista”. Defendia que o saber do mundo precedia o saber acadêmico. Preconizava que se ensina e se aprende ao mesmo tempo no ofício de educar, tendo em vista toda a diversidade de saberes que norteiam o processo educacional.
Em seu livro Pedagogia do Oprimido, Freire coloca o papel da educação como um ato político, que liberta os indivíduos por meio da consciência crítica, que emerge da educação como prática de liberdade. É preciso ler e conhecer para não falar ou escrever coisas equivocadas e desconectadas com a verdade. Como os críticos bolsonaristas não leem nada, bostejam nas redes sociais, expressando suas mentiras, suas convicções idiotas e seus inconformismos com a grandeza do educador brasileiro. A “práxis freiriana” vive!!
Claudio Leitão é economista e professor de História.