Cláudio Leitão (*)
Em 25 de dezembro de 336, em Roma, ocorreu a primeira celebração de Natal. Os cristãos puderam exercer abertamente seus cultos pois o cristianismo havia sido liberado no Império Romano. Pouco tempo depois, o papa Júlio I formalizou o 25 de dezembro como data oficial do Natal para a Igreja Católica. A Igreja Ortodoxa levou mais tempo para aceitar a data. Com o tempo, foi adotada aos poucos por cada igreja oriental: Constantinopla e Capadócia em 380, Antióquia em 386, Alexandria em 432, Jerusalém em 439. Com a oficialização do cristianismo pelo Edito de Tessalônica, de Teodósio, em 380, o Natal tornou-se comemoração do império.
Foi por esta época também a escolha do domingo, o Dies Solis como Dies Dominicus ou Dia do Senhor. A escolha do domingo se deu pelo fato de Jesus ter ressuscitado no primeiro dia da semana, aquele dedicado ao sol, o Dies Solis. O domingo, Dia do Senhor, foi declarado dia obrigatório de descanso para disputas legais, para negócios e cobrança de dívidas, ordenando que aqueles que não cumprissem o edital fossem considerados sacrílegos.
Hoje, muita coisa mudou em termos de compreensão do contexto religioso e suas datas mais marcantes. As religiões se diversificaram e se multiplicaram com o conhecimento dos “novos mundos”, entretanto, alguns dogmas da Igreja Católica seguem intactos. A filosofia, a antropologia e a sociologia, trouxeram novos conceitos em termos de compreensão dos fenômenos sociais e culturais que vem mudando o mundo, tornando-o cada vez mais diversificado e plural.
É penoso e triste perceber que apesar da alegria e das festas nesta época de comemorações de Natal e fim de ano, as desigualdades sociais e econômicas se tornem muito mais evidentes e visíveis. O espírito de caridade e solidariedade que “toma conta” de milhões de pessoas neste momento não substitui a necessária justiça social que deveria se tornar prática do Estado em suas ações de políticas públicas. Estas ações deveriam ter o apoio da parcela mais abastada da sociedade, fato que nem sempre acontece.
As religiões do mundo seguem devendo estes ensinamentos. Como dizia a Madre Tereza de Calcutá: “As mãos que fazem valem mais do que os lábios que rezam”.
(*) Claudio Leitão é economista e professor de História.