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VOCÊ ENTENDE DE ECONOMIA

Paulo Cotias (*)

Nos últimos tempos, a cada ciclo eleitoral, percebemos que os planos de governo têm sido cada vez menos precisos no campo da economia. Geralmente, os tópicos usam e abusam de generalidades, contando para isso com palavras mágicas como desenvolvimento, progresso e incentivo. Mas, e na realidade?

Todos nós entendemos de economia. O que a gente precisa entender é o modo como essa nossa vivência ajuda a entender o seu funcionamento em uma escala maior. Por exemplo, ao trabalharmos recebemos um salário e, com ele, precisamos dar conta das despesas domésticas. Assim, nascem dois elementos fundamentais da economia, a receita e o orçamento. Fazemos uma lista física ou mental do que precisamos garantir o pagamento em primeiro lugar pois, sem isso, a vida fica mais difícil de funcionar. Priorizamos, então o pagamento da energia, do gás, medicamentos, do aluguel ou prestação habitacional. É preciso também cuidar da alimentação e, para isso, buscamos as melhores ofertas, os produtos que possam atender as necessidades, mas que caibam no orçamento.

Se percebemos que o orçamento está estourado, vemos se é possível fazer cortes ou substituições nos produtos que consumimos. Buscamos promoções, melhores fornecedores. Mas, como essa situação é desgastante e afeta a nossa própria condição de sobrevivência, buscamos alternativas para aumentar a nossa receita. Para isso, podemos nos valer da educação para tentarmos empregos mais bem remunerados ou, se isso não for possível imediatamente, buscamos ampliar nossa carga de trabalho ou um outro empregador. Podemos recorrer ao crédito para custear nossas despesas. Porém, se não houver aumento da nossa receita, a dívida vai ficando cada vez mais impagável.

Mas, em tempos normais, também podemos tomar o crédito para melhorar nossa casa, investir em um novo negócio que vai aumentar as nossas receitas, ampliar nossa escolaridade nos tornando mais atraentes aos que desejam investir na nossa força de trabalho. Morando melhor, com uma alimentação mais equilibrada, com maior possibilidade de usufruir da cultura e lazer, a saúde e a disposição para crescer ainda mais nos colocam em uma espiral de otimismo e isso também pode se refletir na vizinhança, na comunidade.

Se você entende isso em sua vida, você entende a economia de um município. O “salário” do município vem da arrecadação de impostos e do repasse de receitas (como os fundos estaduais, nacionais e os royalties). Ele também tem despesas fundamentais para o seu funcionamento, pois precisa garantir que as escolas, postos de saúde, hospitais, secretarias e os seus vários programas sociais continuem prestando serviços à população. Para isso, deve prover a energia, os recursos materiais e os salários dos seus servidores.

Porém, o governo por meio do prefeito(a) e secretários(as) precisam cuidar dessas obrigações de acordo com a lei e as regras da administração e contar com as indicações e a fiscalização dos vereadores. E isso significa usar adequadamente esses recursos e essa responsabilidade vai do arrecadar, ao contratar e executar.

Mas um município também precisa crescer e se desenvolver. E, para isso, são necessários investimentos. E eles podem vir dos recursos próprios quando há uma boa fiscalização para o pagamento dos impostos, por investimentos conquistados por meio das relações políticas com o Estado, o Governo Federal, ou ainda pela iniciativa privada.

Para conquistar o investimento da iniciativa privada e aumentar os recursos que podem fazer com que a prefeitura possa melhorar seus serviços públicos, ela precisa investir e manter coisas que são igualmente boas para a população e atraem investidores como o ordenamento das áreas públicas, ruas asfaltadas, saneamento, iluminação, uma burocracia simplificada e bom planejamento urbano, direcionando as áreas para os tipos de negócios possíveis. Isso gera receita para o município, mas gera igualmente empregos.

Por isso, ao votar, você escolhe quem vai administrar com você a sua vida e a vida da sua comunidade. É sempre bom lembrar.

Paulo Cotias é professor, historiador e psicanalista. Autor de 12 Lições Contra o Neofascismo (Sophia Editora). Adquira o seu pelo site www.sophiaeditora.com.br 

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