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A DOR E A DELÍCIA DE SER QUEM SE É

Rodolfo Campbell

As individualidades do ser humano é uma das belezas da diversidade, tornando cada um nós sujeitos únicos, e mesmo os que compartilham os mesmos genes tem suas particularidades e são singulares em alguns – para não dizer muitos – aspectos psicológicos, comportamentais e também físicos. E é libertador viver em plenitude com sua essência e suas vontades, sem cobranças, apontamentos e julgamentos por outros que gozam da mesma individualidade e são livres para serem quem são, mas que não entendem a delícia que a pluralidade proporciona.

Muita das vezes optamos por verde ou amarelo, azul ou rosa e arroz por cima ou por baixo do feijão, mas nós também somos condicionados em vários outros aspectos que independem de vontade, são características inatas que nos acompanham mas que podem gerar conflitos internos e também externos. E aí aparecem as dores que são das mais diversas possíveis, e uma delas é a representatividade, ou melhor, a falta dela.

Essa é uma dor silenciosa, difícil de ser diagnosticada, com consequências que vão do tentar reprimir suas vontades a não se reconhecer como um indivíduo dentro de um grupo. E quando os espaços de poder (que vai muito além da política) não refletem essa pluralidade, as decisões tomadas que influenciam a vida de todos são tomadas por apenas um. Por exemplo, o Brasil tem sua maior parte da população formada por mulheres e a maioria são “não brancos”, mas se observarmos os representantes eleitos pelo Brasil a fora, não veremos essa proporção, sendo as mulheres e os “não brancos” minorias.

Por ironia, num país laico, a melhor representatividade se dá no campo religioso, onde os cristãos são organizados e representados (no Congresso Nacional receberam a alcunha de “Bancada BBB – Bala, Boi e Bíblia”, e qualquer incoerência não é mera coincidência), mas que esquecem do princípio da laicidade, atacam outras religiões e governam sob os princípios bíblicos e não constitucionais (dizem “minha constituição é a bíblia”).

Em um pouco mais de 70 dias teremos a oportunidade de mudar esse panorama e devemos lutar por isso. Devemos ver uma pluralidade em todos os espaços e colocar nos lugares de tomadas de decisão pessoas que lutam por essa diversidade e respeitam a dor de ser quem se é!

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