Costumo dizer que, muitas vezes, quando estamos mais alinhados com nosso próprio ser, quando optamos por viver cada instante sentindo e percebendo o que o agora nos oferece, sem deixar que a angústia pelo futuro e o saudosismo do passado obscureçam nossa mente, tornamo-nos mais preparados para perceber e para receber certas mensagens que a vida nos transmite por meio de seus sinais.
No início da semana, ao voltar de um evento à noite, passei pela praia para sentir a brisa daquele instante. A noite estava quente, então decidi tirar os sapatos, andar na areia e molhar os pés na água do mar. E assim fiquei por alguns minutos, sentindo o frescor da areia e o toque da água em meus pés.
Quando eu já me virava pra voltar e ir embora, chegou uma garota, talvez com seus vinte anos, e me perguntou se eu ficaria ali por mais algum tempo. Respondi que já estava de saída, e perguntei a ela o porquê da pergunta. Ela me disse que havia feito uma promessa para si mesma de que, neste ano, iria fazer tudo aquilo que ela havia deixado de fazer por medo ou por não ter a companhia de outra pessoa. Disse que havia perdido muitas boas oportunidades na vida em função dessa insegurança, e que, em razão disso, naquela noite estava ali, sozinha, pronta para tomar um banho de mar noturno, algo que ela tinha vontade de fazer, porém nunca havia tido coragem. E, para isso, iria me pedir para tomar conta de seus objetos, caso eu ficasse ali por mais tempo. Prontamente, eu respondi: “Então vá lá, eu fico aqui mais um pouco! Você faz muito bem em querer superar-se!”.
E ali fiquei, ela enfrentou seus medos e foi para o mar. Curtiu aquele momento como quem sabia que era um momento único e que todo instante é único e nunca se repetirá em idênticas condições. Quando ela voltou, me agradeceu e eu dei parabéns a ela pela atitude de prometer a si mesma esse avanço, essa superação de seus medos, e de cumprir a promessa feita. Dei parabéns pela decisão de romper seus próprios bloqueios e se soltar em uma sociedade onde, raramente, uma mulher jovem consegue sair sozinha e em paz, para qualquer lugar onde queira ir, sem ser abordada por algum machistazinho desavisado.
Voltei pra casa pensando que, de fato, nada é por acaso. A vida costuma aproveitar fatos corriqueiros, aparentemente comuns, para nos mostrar caminhos e para nos estimular em nosso aprimoramento pessoal. Basta que estejamos dispostos e abertos a observar e a aprender com as experiências alheias. Um simples encontro casual pode nos trazer dicas valiosas e fazer com que nos sintamos refeitos, revigorados na disposição de seguir em frente com coragem!
Que o encontro que tive possa incentivar outras pessoas a olharem para si mesmas e buscar aquilo que precisam mudar em prol de seu aprimoramento pessoal, para adquirir segurança, autoestima, independência, enfim, para realizar a transformação necessária para ser uma pessoa melhor e mais capacitada para todos os lances da vida.
Luciana G. Rugani
Academia de Letras e Artes de Cabo Frio – ALACAF e Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA
