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FRAGMENTOS COTIDIANOS DE UMA ELEIÇÃO

Neste último fim de semana estava “de molho” em casa operado de catarata e recebi a visita de um amigo. Estávamos conversando sobre política, particularmente sobre as eleições no ano que vem e as dificuldades conjunturais da esquerda na cidade, quando me lembrei de um episódio que aconteceu comigo nas eleições municipais de 2024 e que reflete exatamente estas dificuldades. Contei para ele, nos preocupamos, mas ao mesmo tempo rimos juntos e queria mais uma vez dividir este texto publicado ano passado com vocês. Segue abaixo:
“Ontem, eu estava numa caminhada pelo centro da cidade com os companheiros e o nosso candidato a prefeito, Rafael Peçanha 18, quando um cidadão me abordou com a seguinte pergunta: “Pô Leitão, eu sei que você é um cara inteligente, mas você até hoje não ganhou nenhuma eleição que disputou”. O cara não perguntou de forma agressiva e por isso respondi.
Minha resposta: Rapaz, você tem razão. Não ganhei. Eu sou ruim de voto e os caras são bons. Os eleitores também são bons de votos. Olha para a cidade. Está uma maravilha. Os prefeitos “bons de voto” eleitos fizeram uma gestão espetacular. Aposto que você e eles estão felizes, e por isso, irão votar neles novamente. A Câmara de Vereadores então, está excelente. Só gente preparada. Veja quantas leis eles fizeram para melhorar a sua vida e dos outros eleitores. Eu não vou nem te perguntar porque você ficaria um tempão me lembrando delas. O dinheiro público sempre foi bem fiscalizado, né! Uma belezura. Por isso tudo me dá o meu panfleto de volta, você certamente não precisa dele.
É isso galera. Eu entendo que o meu papel como cidadão e morador desta cidade que escolhi para viver é colocar o meu nome à disposição para exercer uma função pública. Faço porque me sinto preparado para isso. Faço porque não concordo com a forma de como a gestão da cidade vem sendo feita há décadas. Faço porque vejo que estes vereadores não cumprem a sua função. Muitos candidatos a prefeito e vereador são notórios ladrões do dinheiro público, mas são também reverenciados pelos eleitores, que os olham até com uma “ponta de inveja”.
Quando perco uma eleição, o meu sentimento não é de derrota. Conheço bem como funciona o “esquema da eleição”, mas me recuso a praticá-lo. Sei como funciona o mecanismo de nossa democracia burguesa, onde o povo vota e o poder econômico elege. Mas mesmo assim, eu entendo que é necessária a luta e a tentativa. Em muitos lugares, muitas vezes uma brecha se abre, e aí com um mandato a luta muda de patamar.”
Voltando ao tempo atual, outubro de 2025, no plano nacional, principalmente na eleição presidencial, o quadro está neste momento favorável a dita esquerda. A isenção de IR para quem ganha até 5.000 reais, além de outras pautas, favorecem Lula e deixou a direita e a extrema direita desarticuladas. As “patetices” dos seus expoentes, principalmente do clã Bolsonaro, estão também ajudando a afundas suas expectativas de poder. Mas no plano regional e municipal a coisa não está favorável ao campo progressista. Creio que o texto acima, postado em 2024 ainda expressa essa realidade. O que poderá ser feito? Teremos alguma estratégia específica? Haverá ´possibilidade de união de pautas? Temos capacidade de articulação na periferia da cidade? Teremos candidatos locais?
Estas perguntas ainda estão sem respostas !!
Claudio Leitão é economista e professor de História.

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