
Pouco se fala sobre isso, mas 12 anos antes da independência, em 1810, através da assinatura do Tratado de Aliança e Amizade, o comércio brasileiro deixou de ser monopólio de Portugal e passou a ser diretamente dependente do capitalismo inglês. A chamada “Independência” foi na realidade um acordo de cavalheiros mediado pela Inglaterra, onde Portugal aceitou receber 2 milhões de libras esterlinas como indenização para o rompimento de relações com o Brasil. Obviamente, a colônia recém formada não tinha fundos e contou com um empréstimo vultuoso de banqueiros ingleses.
Em tese, a nossa independência de Portugal aconteceu em 1822, ou seja, 203 anos atrás. A cena pintada no célebre quadro “Independência ou Morte” de Pedro Américo nunca existiu segundo historiadores. O quadro foi pintado 60 anos após o suposto evento.
O acordo para a independência gerou uma dívida enorme que levou décadas para ser sanada, gerando grandes prejuízos ao país, mas facilitando o reconhecimento da comunidade internacional. A dívida pública, hoje, segue crescendo e ainda impede a nossa completa e plena independência. O valor da Dívida Pública Federal até junho de 2025 alcançou a estratosférica marca de 7.8 trilhões de reais. É uma dívida impagável e os seus juros e encargos anuais representam cerca de 43% do Orçamento Geral da União. Os credores, nacionais e internacionais, seguem tendo grande influência na determinação de políticas econômicas no país, principalmente nas esferas fiscais e cambiais.
Nos dias atuais, a luta pela nossa independência segue diante dos ataques do Governo Trump, que com o tarifaço no campo econômico e com sanções a nossa Suprema Corte no campo político, pretende promover interferência e subordinação, confrontando nossa soberania. O ataque é estimulado e incentivado pela trupe bolsonarista, que coloca os interesses do clã Bolsonaro acima dos interesses do país. A condenação do escroque e seus asseclas golpistas, incluindo aí os generais de “meia pataca”, não será suficiente para vencer esta sanha norte-americana. O “Laranjão Celerado” vai continuar nos atacando e novas medidas de enfrentamento deverão ser adotadas por parte do atual governo.
A luta pela plena independência do Brasil, interna e externa, ainda seguirá por décadas e precisará de muita consciência política por parte do povo brasileiro !!
Claudio Leitão é economista e professor de História.