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RESPOSTA A UMA CRÍTICA CONSTRUTIVA

Hoje, conversando com um amigo, lembrei do episódio que segue. Pouco tempo depois do fim das últimas eleições municipais em 2024, que aliás deu uma vitória estrondosa a direita em Cabo Frio, uma pessoa me parou na rua e embora tenha elogiado minha conduta em eleições anteriores me fez uma crítica. que segundo ele era “construtiva”, dizendo que eu “desaparecia” fora dos períodos eleitorais. Entendi essa crítica como não sendo apenas a minha pessoa, mas também como referência aos outros candidatos de esquerda no município. Ouvi com atenção e expliquei o que segue abaixo:

Meu caro, vou procurar ficar atento a sua crítica e melhorar minha visibilidade política, mas na boa, sou um cidadão comum igual a qualquer um de vocês e que sempre esteve nas manifestações ao lado dos professores, estudantes, aposentados e demais trabalhadores públicos e privados e dos segmentos médios da sociedade. Agi assim mesmo enquanto ocupava o cargo de Secretário de Educação do município. Os avanços conquistados nos curtos nove meses de gestão estão aí para comprovar. Saí porque não compactuo com irregularidades, daí as minhas denúncias sobre os desvios de verbas para a educação.

Eu como todos os companheiros dos partidos de esquerda da cidade, estamos nas ruas o ano inteiro, vamos ao supermercado, banco, bares, mercado, restaurantes, cafés, farmácias, lojas, etc. Conversamos diariamente com centenas e até milhares de pessoas ao ano. Tanto eu quanto vários outros companheiros de luta sempre estamos presentes nas inúmeras manifestações populares que acontecem na cidade. Sei que tem muitos na cidade que criam “projetos sociais” para aparecer e fazer “caridade”, mas estes têm claros objetivos eleitoreiros. Isso, inclusive, é prática condenada pela justiça eleitoral. A ação social cabe ao Estado e o vereador precisa cobrá-la sempre que necessário.

Sempre disputamos eleições majoritárias para prefeito contra candidatos que tem mandatos e muito dinheiro para gastar nas campanhas, e que por isso, estão quase que diariamente na mídia e falam para toda a população. Nós, ao contrário, praticamente não temos acesso à mídia, salvo algumas exceções. Tanto eu quanto os demais companheiros temos nossos afazeres pessoais e familiares, mas estamos sempre ativos nas redes sociais.  É o espaço que nos resta neste período. Quando chega o período eleitoral a nossa presença se torna mais visível porque os meios de comunicação por uma questão legal precisam dar espaço igual para todos.

Quem hiberna são alguns que tem mandatos, principalmente a maioria dos vereadores, que não aparecem nas ruas para conversar com os eleitores. Eles têm uma responsabilidade e uma obrigação muito maior do que a nossa, pois foram eleitos para isso. Outros votam sistematicamente contra demandas legítimas dos trabalhadores e da população naquela “velha barganha” com o prefeito. Apoiam o executivo por interesses pessoais e não coletivos. Não cumprem o seu papel de fiscalização do dinheiro público. O cotidiano da política mostra isso.  Estes caras são reeleitos quase sempre com o voto de vocês.

Como cidadãos comuns que somos e filiados a um partido político temos o direito democrático de colocar nosso nome à disposição. Eu por exemplo, sou economista, professor de história, conheço muito bem os problemas e os potenciais desta cidade onde moro há cerca de 40 anos. Hoje, conheço bem a “máquina pública” por dentro e sei os pontos necessários dentro da execução orçamentária para agir no processo de fiscalização. Eu posso falar com confiança que estou preparado técnica e politicamente para atuar no legislativo ou executivo municipais

Os demais companheiros também conhecem e estudam a cidade. Possuem conhecimento e competência para também buscarem ter a chance de participar do processo política de forma a contribuir com uma cidade melhor, priorizando sempre os interesses coletivos. Você pode ter a certeza de que independentemente dos resultados eleitorais recentes, nós vamos continuar na luta por uma cidade melhor, apesar de todas as dificuldades conjunturais, de todos os ataques e críticas que sofremos e de todos os “muros” que impedem uma maior participação popular nas grandes decisões sobre a nossa cidade.

Ele escutou e foi embora sem retrucar. Se concordou ou não, não sei, mas teve que ouvir o desabafo. Lutar sem paridade de “armas” numa democracia burguesa segue sendo um grande desafio para todos nós da esquerda socialista.

Claudio Leitão é economista e professor de história.

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