
A Semana Fassbinder, no falecido Bate Papo Café, em homenagem ao cineasta alemão, marcou o auge das intervenções artísticas do nobre monarquista e ambientalista, que não se conformava com o diminuto tamanho da plateia. Nunca maior que meia dúzia de falsos cinéfilos dos quais dois dormiram a sono solto durante as exibições.
Frustrada por inapetência a criação do cine clube, o lépido mecenas, herdeiro destituído da fábrica de bombons Lacta, tentou criar uma biblioteca especializada no cinema alemão. Não deu certo, enchendo de tristeza o coração do intelectual paulistano que, monarquista se orgulhava de ter o nome de Luiz Carlos, em homenagem ao “Cavaleiro da Esperança”: um strogonof.

Aquela trupe de velhos malucos, que habitava o café, delirava com as pornochanchadas estreladas por musas como Vera Fischer, em “As fêmeas”, Nicole Puzzi, Matilde Mastrangi, Aldine Müller, Helena Ramos e a maior de todas, Adele Fátima. Ela estrelou em 1979 “Histórias que as nossas babás não contavam”, em que fazia o papel de Branca de Neve protegida por anões tarados. Não havia lugar para Fassbinder.
Admirador da pompa da monarquia inglesa, particularmente das qualidades de Elisabeth II como mecânica e motorista de Land Rover, ecologista, maconheiro de longa data e admirador de Pepe Mujica, aos oitenta, Dom Barros revela uma mistura capaz de quebrar multiprocessador de última geração.
Nos últimos meses seu interesse pelas gravuras eróticas, de grandes mestres nacionais e internacionais foi se diluindo e se estendeu para as populares “revistinhas de sacanagem”, que o acanhamento religioso paulistano chamava “catecismos”. Tão ridículo quanto Ademar de Barros em cima de palanque segurando junto ao peito Nossa Senhora da Aparecida.

As obras de Carlos Zéfiro, pseudônimo de Alcides Caminha, parceiro musical e de poesia de Nelson do Cavaquinho e Guilherme de Brito, entraram no universo das nobres artes sexo criativas e tem absorvido quase a totalidade do tempo do ex-mecenas, agora pré-falimentar, após algumas diabruras no Cone Sul.


Herdeiro renegado do cofre e dos bombons de Ademar de Barros, ganhou profunda implicância com a ex-presidente Dilma Rousseff, tida como uma das arquitetas da expropriação do “tesouro” do ex-governador de São Paulo, guardado em Santa Tereza, no Rio.
Toda essa combinação contraditória ilumina o corpo magro, curvado, barba, cabelos brancos e ralos, que migrou para mais uma vez misturar erotismo com sacanagem, atravessando as linhas tênues entre os conceitos, se é que eles existem.
Pois é …! O herdeiro monarquista foi deserdado. Faliu, montou barraco proletário em praia de quinta, com mulheres gostosas que fazem inveja as rainhas da pornochanchada.
Ah! Está feliz da vida!
Manoel Lopes da Guia Neto