
Não há virtude nem na arte que produzimos, nem na cultura que expressamos, imagina nos editais culturais de um sistema, seja num regime capitalista ou socialista.
A máquina burocrática nunca o deixará ser amplo, geral e inclusivo porque sempre haverá contas a prestar dos dois lados do balcão. Mas há pontos que precisamos anotar e brigar por eles: a necessidade, o limite, a multiplicação…
O conceito do fomento nasceu na agricultura, para incentivar aquele pequeno agricultor que precisava de algum apoio público a fundo perdido para se defender das intempéries e não parar com a sua pequena produção.
Esse conceito nos norteia, somos pequenos produtores e o nosso fazer precisa sobreviver para deleite nosso e dos poucos que nos apreciam. Porque se fossem muitos, migalhas não necessitaríamos, e sim de milhões. E aí, editais não nos serviriam e sim financiamentos bancários ou altos valores em leis de incentivos.
Então, o que vislumbro é que já temos quase tudo posto quando aderimos ao Sistema Nacional de Cultura, como é o caso de Cabo Frio, que ainda temos o PROEDI, nosso edital proprio. Na íntegra nacional, ainda se insere a leis do fomento e todo um aparato legal para tudo funcionar bem melhor que antes, no quais os órgãos de controle nos imperrava, recorrendo às leis de licitação.
Diante desse quadro, que nos cabe é termos a consciência, de qual seja o nosso papel nesse processo na busca do recursos a partir do desenvolvimento das nossas necessidades com o objetivo de um dia não precisarmos cada vez menos do apoio público, deixando que outros tantos, ainda afastados dessas benesses as utilize.
Assim agindo, a luta geral da cultura mudará de rumo, saindo do nosso interesse pessoal para o coletivo já que o nosso foi aprumado. Por tal, incentivar uma busca ativa permanente deve ser nossa bandeira e objetivo político maior.
Nós que não somos da arte e cultura de massa promovida pela mídia, temos que nos tornar importantes, pelo menos aos habitantes dos nossos territórios para que as autoridades de plantão, quaisquer que sejam, vejam que ali tem um trabalho necessário a todos. Estamos ainda no início dessas conquistas, agora é apará-las nos dois lados do balcão.
José Facury
(Conselheiro Nacional de Cultura)