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PELA “HORA H”

José Facury

Vários fatores acontecem para que o eleitor brasileiro esteja meio que não levando muito a serio o que lhe vendem na política. A princípio os partidos e em segundo lugar quem está no poder e em terceiro lugar aquelas celebridades que há anos estão sempre aparecendo na mídia, prometendo mundos e fundos e às vezes até jogando farofa no ventilador. A democracia favorece a alternância de poderes, isso é bom por um lado, ruim por outro, mas também abre possibilidades aos malucos da vez aparecerem e angariarem hordas de adeptos…

Hoje, existem modos comportamentais na sociedade ligadas ao trabalho, pois o trabalhador do século 21 não é igual ao trabalhador do século 20. O do passado era corporativamente engajado e do século 21 é libertado desse corporativismo, age muito pela conta própria e das ofertas de serviços atuais, pelas diversas políticas implementadas no início do século como o microempreendedor individual, o acesso global a internet e os serviços internáuticos. E isso por si só já configura um trabalhador diferenciado, sempre linkado, mas nunca antenado.

As comunidades da periferias já não são mais só comunidades de trabalhadores com ou sem carteira assinada, são trabalhadores que se viram também nesse parâmetro econômico virtual de serviços que existe no país, mas também se envolve com tráfico ou com a milícia se agregando misticamente as seitas evangélicas e carismáticas, criando uma rede de informação bem próprias. Estas são as que melhor nos representam sem a hipocrisia costumeira da classe média.

Então, mesmo com essência globalizante, estamos vivendo em uma sociedade diferenciadamente compartimentada, onde as igrejas entram meio que tentando dar um lenitivo lúdico para a pós vida, já que, por conta das redes sociais, uma certa crueldade se exacerba e é necessário protegerem-se do meio violento circundante.

As políticas do bolsa família, individualizando os membros familiares ao benefício, também não faz com que ele sinta necessidade de se engajar por alguma mudança pela via politico partidária, porque sabe que qualquer governo que entrar não vai retirá-lo desse benefício. Olha o mesmo como uma conquista social própria, coexistindo uma espécie de alienação geral que interage muito mais dentre os participantes das suas bolhas, se alienando por total, sem conseguir encontrar fora dela um discurso diferenciado que o seduza. Fazê-lo reviver a paternidade política destes ganhos é completamente fora das suas realidades.

Para essa massa desordenada é difícil, e eu diria que até impossível, pelo menos por enquanto, algum o convencimento fora da trama difusa que os constitue. Mas vale um diagnóstico profundo desses guetos presenciais ou virtuais para sabermos como agir em uma “Hora H’ pois assim como eles podem nos levar a um maravilhoso mundo novo, podem nos atirar no caos.

José Facury – Conselheiro Nacional de Cultura.

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