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O MITO DO PAPAI NOEL E A DESIGUALDADE SOCIAL

Poucos conhecem esta história. No dia seis de dezembro, comemora-se o dia de São Nicolau de Bari, bispo que originou o mito do Papai Noel. Ele é o santo padroeiro da Rússia, Grécia, Noruega e dos coroinhas de Bari, na Itália. É considerado também o santo das dificuldades econômicas e foi intercessor da Opus Dei. Naquele período histórico, a Idade Média, o terror era uma estratégia educacional para forçar o bom comportamento infantil. Isso por volta dos nos anos 300 d.C.

Neste período também existia a figura de uma entidade na Europa Central chamada Krampus. Era um monstro que vinha junto com São Nicolau na época natalina. O bom bispo dava presentes para crianças comportadas e Krampus levava embora as que tinham tido atitudes ruins. As crianças eram assustadas para que fossem dóceis aos desejos dos adultos. O medo como estratégia educacional, por incrível que pareça, segue sendo usado até os dias atuais. No Brasil de hoje ainda se cultiva na mente das crianças o mito de Papai Noel. Nada contra. Entretanto, isso leva a crer que “o bom velhinho vermelho” pode ofertar presente para todas as crianças sem levar em conta, não o mito, mas a realidade da desigualdade social no Brasil, e lógico, também no mundo.
Recentemente, a equipe do economista francês Thomas Piketty, autor do best-seller, O Capital no Século XXI, publicou um vasto estudo sobre a desigualdade social no mundo. Analisemos alguns dados sobre o Brasil. É o quinto país mais desigual do mundo, atrás de África do Sul, Colômbia, México e Chile. Aqui, 10% da população detém 60% da renda nacional. Os 50% mais pobres ficam com apenas 9% da renda. Globalmente, os 10% mais ricos detêm 75% da riqueza, enquanto que os 50% mais pobres, apenas 2%. Um outro dado chama a atenção em relação ao mundo é que 56 mil pessoas tem uma renda 3 maior que 50% da população do planeta. O estudo é muito amplo e está disponível com todos os seus dados na internet.

Voltando ao Papai Noel, já as vésperas de um novo Natal, dá para perceber que muitas crianças não receberão a visita do “bom velhinho”. O mito se desfaz um pouco a cada ano. Quando os pais mais pobres não “confessam” para os pequenos que Papai Noel “presenteiro” não existe, as próprias crianças descobrem sozinhas. Infelizmente para além do mito, existe uma triste realidade concreta da pérfida desigualdade social brasileira e que também se faz presente em todo o mundo. A “sorte” das crianças mais pobres é que elas também acreditam que Krampus não leva mais ninguém embora !!

Claudio Leitão é Economista e Professor de História.

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