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A HIPOCRISIA DA RELIGIÃO NA POLÍTICA

O pior religioso radical é o recém convertido. Isso ocorre em várias religiões ao redor do mundo. Digo isso e faço uma análise sobre o crescimento político da esposa do mito de araque, Michele Bolsonaro, paralelo ao seu discurso religioso radical em todos os encontros políticos que vem participando. Não há um único evento em que ela participe, onde a pretensa candidata à presidência da república não associe um possível programa político a religião evangélica. Usa a Bíblia no lugar da Constituição Federal.

Muita gente no país não está percebendo o quanto isso é perigoso e pernicioso para a sociedade brasileira. Não se pode subestimar o potencial de crescimento político desta enganadora. O campo progressista precisa estar atento a esta movimentação da extrema direita brasileira que passa a ver em Michele uma alternativa real para enfrentar Lula num pleito que será de novo muito duro. Embora a escolha de Bolsonaro seja o 01, Flávio, penso que esta candidatura é apenas “um balão de ensaio”. O objetivo é negociar com o Centrão, que fez cara feia para a indicação, uma possível anistia lá na frente. Todas as pesquisas apontam vitória de Lula no primeiro turno, mas projetam um processo mais complicado no segundo turno com uma possível união destas forças conservadoras e reacionárias.

Com o escroque preso e a inviabilidade política dos vários governadores de direita do PL e seus associados, tendo em vista que falta a eles visibilidade nacional, Michele vem assumindo liderança dentro do partido e já está se estruturando a fazer uma campanha nacional com trabalho de marqueteiros profissionais contratados pelo PL. Já existe uma grande estrutura por trás das aparições e do discurso político nestes eventos. O discurso religioso, antifeminista e conservador da Michele “recatada e do lar” seduz grande parte do público feminino, evangélico e até em alguns segmentos católicos.

Este discurso hipócrita que não bate com o passado da ex-primeira-dama, evidentemente será explorado no debate político, mas mesmo assim não deixa de ser perigoso, pois uma parte significativa do eleitorado vota a margem de tudo isso. Ela está claramente vencendo o duelo político com os filhos de Bolsonaro, que sempre tiveram uma relação conturbada com ela. As pesquisas mostram que sua rejeição é menor do que a dos seus “enteados” e com isso vem se cacifando para herdar esse legado bolsonarista, usando o seu sobrenome também como referência.

Michele “Micheque” Bolsonaro é completamente despreparada para o cargo sobre quaisquer aspectos. Até os aliados reconhecem isso, mas diante do desespero da extrema direita com a ausência de Bolsonaro, da desistência do governador Tarcísio de Freitas, o preferido do Centrão, além do bom momento vivido por Lula, entendo que ela, dentro da família, está se “solidificando” como a melhor alternativa para este enfrentamento. Mas como dizia um certo barbudo, “tudo que é sólido se desmancha no ar”. Torceremos por isso, sob pena de uma nova idade das trevas no país!!

Claudio Leitão é Economista e Professor de História.

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