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PERCEPÇÕES PODEM ENGANAR

Durante grande parte da minha vida vivi sob o jugo do medo e da ansiedade. Sempre muito sensível, sentia-me muito fragilizada e vulnerável. Como defesa era arredia e desconfiada. Assim era a minha parte mais interiorizada e pouco conhecida, até porque sou uma mulher de extremos e o meu lado Leila Diniz esbravejava. Somos todos dualidade, antíteses, paradoxos.

As melhores amigas sabem que tenho um pé no romantismo do século XIX e outro na contemporaneidade. E dessa forma sou para mim mesma um complexo labirinto de possibilidades. Quem não é? Passei por momentos que trouxeram muita instabilidade e foi aí que o mergulho no processo de autoconhecimento se iniciou. Sou uma buscadora voraz, quero tudo ao mesmo tempo agora.

Descobri que a mente não diz a verdade sobre mim e que ela não sou eu. A nossa mente está impregnada de inverdades a respeito de nós e o nosso ego costuma ouví-la tal qual um aluno dedicado. A nossa mente traz percepções de situações de forma equivocada e particular, muitas vezes são percepções irreais e baseadas em ideias limitantes, falsas crenças sobre o que disseram sobre quem somos.

Muitas pessoas têm percepções diferentes sobre mim, algumas me amam e outras não gostam. E nenhuma dessas percepções mudará o que sou em essência. É o olhar de cada um sobre o outro e cheio de interferências, cheio de “pré-conceitos”. Percepções podem enganar.

Quando entendemos isso, passamos a olhar o outro com mais generosidade, porque entendemos que TODOS SOMOS UM em essência, embora os nossos caminhos sejam diversos e não se encontrem no mesmo estágio evolutivo. É por isso que os grandes mestres proclamam amor de forma irrestrita. Sabem que o nosso destino é a reconexão com a nossa divina criatura.

Passei a cultivar a gratidão, pois a gratidão é um mantra transformador e percebo que tenho sido capaz de ressignificar os meus medos, eles podem vez ou outra me assustar, mas não me intimidam. Não tenho mais medo de dizer que gosto, valorizo a troca de afeto, entendo que necessitamos de reciprocidade e de aconchego. Tenho expressado amorosidade, pois é o que sinto na minha verdade mais sincera.

Tenho aprendido a olhar nos olhos, pois as almas doces me interessam. Gosto de declarar o quanto amo as pessoas que amo. Algumas tem tanta dificuldade em receber que eu acabo por me conter, cada um no seu tempo, cada um com a sua história.

Tudo me valeu até aqui. E só estou no início do caminho, mas já é tudo tão libertador! A minha ansiedade hoje está submetida à ideia que trago de que tudo está no seu devido lugar, porque o futuro faço nascer agora. Há um contentamento enorme pelo que a vida me apresenta a todo instante.

Não existe passado, ele já foi vivido até a última gota. Por isso, tudo na vida depende da forma que escolhermos significar os acontecimentos, perceber as pessoas. Que possamos nos desarmar, que possamos ressignificar as nossas atitudes perante as nossas relações. Que possamos escolher a frequência amorosa no conviver para que os nossos medos nunca mais nos paralise o abraço. Por fim, abracemo-nos com amor!
Junia Rocha

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