
O nível cognitivo de alguns parlamentares de extrema direita, a maioria bolsonarista, no Congresso é sofrível. Alguns são idiotas mesmo. Defendem a ditadura militar de dentro do Parlamento, que seria uma das primeiras instituições democráticas a serem fechadas num regime como este. Em alguns até percebo uma certa “obsessão fálica” com relação a farda. Ui !
São mal educados e agressivos no trato com colegas que pensam diferente deles. Com as mulheres, então, são machistas e misóginos. A forma como trataram a Ministra Marina Silva na semana passada no Congresso, ilustra esse aspecto sinistro. Não admitem perder um debate no argumento, fato que ocorre na maioria absoluta das vezes. E quando falta o argumento, sobra a agressão e ataques pessoais do mais baixo nível.
Já outros insistem numa comparação absurda e imbecil entre comunismo e nazismo. Nunca leram nada a respeito dos temas e não conhecem os conceitos mais básicos. Na verdade, eles têm verdadeira ojeriza a leitura, principalmente história, filosofia e sociologia.
O comunismo é uma teoria crítica social e econômica de igualização da sociedade, que em sua concepção original marxista jamais foi empregada em lugar nenhum do planeta, salvo algo próximo na Comuna de Paris em 1871. Já o nazismo foi e ainda é uma ideologia de morte, de extermínio de minorias que desagradam ao opressor de plantão no poder. O nazismo ou o neonazismo nada tem de diferente do capitalismo sob o ponto de vista econômico, do modo e posse dos meios de produção e da acumulação da riqueza.
Neste mesmo Congresso existe ainda um pequeno grupo de parlamentares canalhas que conhecem a história e as concepções filosóficas, mas fazem proselitismo político falando estas asneiras para manter unido e do seu lado o “gado eleitor” para lhe garantir votos futuros. Eu não tenho dúvidas em afirmar ao longo de mais de 40 anos como agente e observador político que este é o pior nível de representação parlamentar já visto no Congresso Nacional. E infelizmente, isso tem se repetido na maioria das Assembleias Legislativas dos estados e Câmaras Municipais das cidades brasileiras.
O Brasil está entre as maiores democracias de massa do mundo. O eleitor tem baixa consciência política, e em sua maioria, vota em quem defende interesses divergentes de sua classe social e necessidades políticas, econômicas e sociais. Estes eleitores são fortemente influenciados pelo poder econômico que em democracias burguesas determinam o resultado das eleições. Além disso, temos ainda um punhado de políticos de extrema direita, espertalhões, que defendem uma pauta comportamental conservadora, escondendo assim, sua atuação antipovo nas votações que participam.
É estranho e paradoxal verificar que a minoria que está lá no Congresso brigando e defendendo pautas que contemplam os interesses populares e dos trabalhadores mais pobres é criticada, e muitas vezes execrada, por este mesmo eleitor que não consegue enxergar o impacto que as decisões políticas irão ter em sua vida presente e futura. O que se se tem verificado, para citar um exemplo claro, é que esta maioria eleitoral ingênua acha mais importante a pauta dos banheiros unissex nas escolas do que a redução da jornada de trabalho 6 por 1. Enfim, apesar dos pesares, a luta precisa seguir, mas que está difícil, ah está !!
Claudio Leitão é economista e professor de história.