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QUE MUNDO ESCROTO E INFELIZ FOI CONSTRUÍDO

Este pequeno texto não é um desabafo de um cara infeliz e revoltado. Pessoalmente, ando até num bom momento. Entretanto, é só ficar cerca de uma hora em frente a televisão assistindo o noticiário para você constatar como após milhares de anos de ampliação da ciência e do conhecimento tecnológico e sociocultural, o ser humano ainda apresenta tantos traços de crueldade, intolerância, ganância e falta de empatia. É perceptível a ausência de um sentimento amplo de humanidade mesmo.

No Brasil, temos as “viúvas” inconformadas do bolsonarismo que após a cassação do escroque, sua possível condenação e consequente prisão, vivem destilando ódio e falando asneiras todo dia, principalmente nas redes sociais. Seguem crescentes os casos de racismo, misoginia, feminicídio, violência institucionalizada contra os pobres nas favelas e comunidades, além da crueldade com os animais.

Nos EUA, Trump implementou uma política social racista contra imigrantes e estudantes estrangeiros oriundos dos países de “Terceiro Mundo”. Persegue e deporta a margem da lei. Implantou também políticas econômicas que envolvem um pacote tarifário arrogante e medidas que ajudam a destruir ainda o meio ambiente. Ameaça anexar vizinhos, humilha governantes de outros países mais pobres e acha de forma idiota que pode ser o “rei do mundo”.

Na Europa, especialmente na França, protestos repetidos contra a violência policial que atinge imigrantes e filhos de imigrantes. Uma xenofobia que cada vez mais alcança os outros países do continente. Esquecem estes europeus idiotas, das atrocidades que praticaram, principalmente contra os africanos nos séculos XVII, XVIII e XIX. Ocuparam na marra os territórios, pilharam e saquearem as riquezas destas nações em nome do mercantilismo e do capitalismo que se iniciava, traçaram fronteiras ao bel prazer, dividindo povos amigos e juntando povos rivais, tudo isso com muita violência e opressão.

Agora, que o processo inverso acontece, até mesmo pela pobreza que geraram nestes países e que faz com que estes imigrantes tentem uma vida melhor no continente europeu, reprimem e não aceitam uma possível integração e miscigenação, revelando um traço marcante e cruel de uma ultrapassada supremacia racial. É uma das maiores injustiças sociais presentes no planeta. Isso tudo sem falar da estupidez da guerra Rússia X Ucrânia. Sobre isso, não vale a pena aqui entrar em detalhes geopolíticos.

Entretanto, hoje, o ápice da desumanidade e da crueldade impune acontece no Oriente Médio, em Gaza, sob os olhares cúmplices das ditas maiores democracias ocidentais. Aquilo jamais foi uma guerra. O ataque do Hamas, facilitado de propósito pelo serviço de inteligência israelense, foi a desculpa necessária para que o sionismo aliado a extrema direita de Israel iniciasse um processo de limpeza étnica e genocídio do povo palestino. Depois de Gaza, certamente, virá a Cisjordânia. Nada justifica o massacre criminoso de inocentes, entre eles mulheres e crianças.

Nenhum país ao combater as ações de grupos terroristas fez o que faz Israel com os palestinos. Nem o próprio EUA agiram assim em vários episódios. O que acontece em Gaza está maculando de forma indelével a história da humanidade. Gaza, hoje, é o holocausto reverso!

Este mundo está cheio de um bando de velhacos e escrotos, principalmente governantes de países e autoridades internacionais. Porém, este “vírus da desumanidade” contamina também as pessoas comuns. Outro modelo de organização social e política precisa ser pensado e construído. Este modelo de governança global com perfil neoliberal, em que o lucro está acima da vida e do meio ambiente, está completamente falido.

Claudio Leitão é economista e professor de história.

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