
Outro dia me dei conta, que não guardei nada do que escrevi ao longo de tantos anos no impresso e na internet, que já está ficando velha como eu, que não consigo encontrar fios pretos, mesmo que ocasionais nesses cabelos de 75 anos.
Sempre tive a mania de não guardar nada para resistir a tentação de me repetir, embora a quantidade de textos acumulados e certamente empoeirados daria para publicar uns dois livros entre artigos, crônicas e contos.
Quando Moacir Cabral me lembrou que a Folha dos Lagos está fazendo 35 anos e que velhos articulistas deveriam estar presentes na comemoração, lembrei que não tinha nada guardado pra poder contar as velhas histórias e muitos casos engraçados, que permearam a história do jornal.
Teria que recorrer a memória, travessa como ela só, pregando peças quase diariamente no velhinho em que me transformei, beirando o Quasimodo de Victor Hugo, arrastando um pé incômodo e com medo de bater com a cara no chão nessas calçadas absolutamente disformes de Cabo Frio.
Pois é! Quanto à Folha dos Lagos, acredito que sobreviver é a palavra certa mesmo. Sobreviver nesse universo cabo-friense é milagre e dos bons, daqueles que podem gerar uma corrente de turismo religioso, como em Porto das Caixas. Poderíamos beatificar Moacir e Rodrigo pela inventividade e persistência em terras tão áridas. Quem sabe no próximo Conclave?