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LAGOA DE ARARUAMA – DESAFIO POLÍTICO E CONFLITOS AMBIENTAIS – 2   

O texto abaixo foi compilado do livro de FABIÁN ATACÓZ (ORG) RIO DE JANEIRO 2000. Ele está inserido no trabalho de final de curso do Programa de Formação Profissional em CIÊNCIAS AMBIENTEAIS do Instituto de Biologia & Escola Politécnica/UFRJ, sob o título “DIAGNOSE DA LAGUNA DE ARARUAMA – RJ À GUISA DE VISTORIA AD PERPETUAM REI MEMORIAM”  

Luiz Fernando Vieira – Oceanólogo, Professor e Ambientalista

Edson Bedim de Azeredo – Advogado, Especialista em Direito Ambiental e Ambientalista

A PARTICIPAÇAO DE CABO FRIO: PROJETO “LAGOA VIVA”

Alair Corrêa (Prefeitura Municipal de Cabo Frio)

A importância da Lagoa de Araruama para os municípios que a margeiam não pode ser medida exclusivamente pela exuberância de sua beleza natural. Durante mais de dois séculos a alta salinidade de suas águas, aliaria aos constantes ventos leste e nordeste e à baixa média pluviométrica anual, fizeram da então chamada Região dos Lagos, a maior produtora de sal do continente.

A evaporação resultante deste processo e a quase inexistente contribuição fluvial fazia com que o volume de água proveniente do mar fosse sempre muito maior que o respectivo retorno nas marés mais baixas. Isso provocava uma renovação das águas da lagoa de tal intensidade que a pesca interior, principalmente siris e camarões, era o sustentáculo de centenas de famílias que faziam dessa atividade sua única fonte de renda.

Passaram-se os anos. No primeiro quarto do século XX, a ligação ferroviária de Cabo Frio com Niterói era desativada. Anos depois, a rodovia Amaral Peixoto foi asfaltada abrindo, ainda que meio sem jeito, as portas de Cabo Frio para o resto do país, especialmente para Minas Gerais. No começo da década de setenta, a indústria de extração de sal já dava os primeiros sinais de cansaço. Paralelamente, as salinas do Rio Grande do Norte desbancavam a Região dos Lagos como produtores de sal. A ponte Rio — Niterói é inaugurada e aí, definitivamente, o turismo passa s ser encarado conto a mais importante atividade econômica regional.

Desde então, a cidade não parou mais de crescer, criando sérios problema de abastecimento d’água e de esgotamento sanitário. Hoje, o problema da água está equacionado, nas a coleta e o tratamento dos esgotos carecem de providências imediatas, porquanto as servidas — em que pese a exigência da Prefeitura de Cabo Frio em exigir a instalação de filtros anaeróbicos domiciliares — são despejadas, ainda em grande quantidade, in natura, no leito lagunar, através das galerias de águas pluviais.

Ciente da gravidade do problema e disposta a resolve-lo dentro de suas possibilidades, Prefeitura de Cabo Frio iniciou as obras e está concluindo a construção de duas lagoas de estabilização, que irão receber e tratar os esgotos oriundos do canal Parque Burle e do Jardim Excelsior. No que tange especificamente à Lagoa, contratou em maio deste ano unta empresa de consultoria especializada, para realizar os estudos técnicos a fim de recuperar a navegabilidade do Canal do Itajuru desde da Ponte Feliciano Sodré até a boca do Canal Palmer 11, dragando seu leito, retificando suas margens e criando novas opções de turismo e lazer. Esta obra, quando concluída, aumentará o volume de troca de água entre o mar e a Lagoa, o que permitirá a recuperação da flora e da fauna lagunar, reativando a atividade pesqueira, hoje prejudicada.

Estas medidas, já em andamento, e outras em fase de planejamento, demonstram, por si só, a preocupação da Prefeitura de Cabo Frio em cuidar e preservar esse magnifico tesouro natural que é a nossa Lagoa.

Alair Corrêa é prefeito do Município de Cabo Frio, reeleito para o período de 2001/2004.

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