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Crônica / Conto

CABARÉ MINEIRO – 1992

Estou estatelado

entalado e desfigurado

por nada…

Pois nada vale

a fina pena de um artista.

Meus olhos ardem

os ouvidos doem

lendo o inaudito

ser indevido

vociferando

sobre o manto

das iniqüidades

passageiras.

Criar, criar, criar até mal

os ossos serem expostos…

Mas não serão os que não gosto

Que jogarão a última pá de cal.

A boa arte nunca está equivocada

O mal observador é que não consegue ver

A vaidade e a inveja são suas conselheiras

A indiscrição é sua viseira

Semear a discórdia

colher os frutos da ignorância

envenenar os corações

fazem parte da cultura

do cabaré das damas vendidas

Chão de ferro

Ouro de Minas

Já não existem mais

Seus personagens morreram

Sua fonte secou

Terra arrasada

Rio de lama

Miséria

A quem cabe a crítica

desconhece o espírito

que d`água límpida brotou

Quem ele pensa que é?

Quem ele pensa que sou?

Qual direito ele exige

da boa arte e do amor.

José Sette de Barros é Cineasta, Artista Plástico e Poeta.

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