
Estou estatelado
entalado e desfigurado
por nada…
a fina pena de um artista.
Meus olhos ardem
os ouvidos doem
lendo o inaudito
ser indevido
vociferando
sobre o manto
das iniqüidades
passageiras.
Criar, criar, criar até mal
os ossos serem expostos…
Mas não serão os que não gosto
Que jogarão a última pá de cal.
A boa arte nunca está equivocada
O mal observador é que não consegue ver
A vaidade e a inveja são suas conselheiras
A indiscrição é sua viseira
Semear a discórdia
colher os frutos da ignorância
envenenar os corações
fazem parte da cultura
do cabaré das damas vendidas
Chão de ferro
Ouro de Minas
Já não existem mais
Seus personagens morreram
Sua fonte secou
Terra arrasada
Rio de lama
Miséria
A quem cabe a crítica
desconhece o espírito
que d`água límpida brotou
Quem ele pensa que é?
Quem ele pensa que sou?
Qual direito ele exige
da boa arte e do amor.
José Sette de Barros é Cineasta, Artista Plástico e Poeta.