José Sette de Barros (*)
No Cafezinho A Vaca e o Brejo.
Navegando na mansidão do vazio a espera de uma louca epifania é como sinto a energia que emana do meu coração. A vontade está diretamente ligada ao prazer de contemplar uma boa idéia neste momento de trevas. Mesmo sem produção, sem dinheiro, eu quero filmar. Sei que quando o estalo soar, eu estarei pronto para passar, ao meu pequeno público cinematográfico o que eu acho sobre tudo isso que está acontecendo com o mundo, ou seja, toda essa hipocrisia que domina grande parte dos ditos seres humanos. Depois de construir esse poema cinematográfico já não haverá nebulosas forças a me enganar – Um personagem explode em cena – Livro-me dos canalhas e grito bem alto: basta dessa mandinga colonizadora de super heróis a espalhar mentiras, massacrando os que são poucos curiosos com os fatos ainda a serem vividos. A nossa juventude, sem causa e sem rebeldia, sofre da psicologia dos oprimidos. Mas nada dura para sempre, alguma coisa, alguém, haverá de desnudar um novo mundo, pois, olhando com as minhas lentes de aproximação, há lá na frente um futuro de esperança, se não, a lente embaça na fumaça do café e a vaca vai definitivamente pro brejo.
(*) José Sette de Barros é Cineasta e Artista Plástico.