Cláudio Leitão (*)
Desde o governo Collor escuto dos “economistas de mercado” que o negócio é privatizar e cortar gastos públicos. Privatizaram muito, venderam várias empresas públicas e deram inúmeras concessões. Cortaram recursos da educação, da saúde, da segurança pública, dos programas sociais, etc. O que aconteceu?
O governo federal e os estados seguem apresentando déficits orçamentários. As prefeituras, salvo raras exceções, continuam sem capacidade de investimentos estruturais. Contaram uma “estória” mentirosa todos estes anos. Privatizaram os lucros e socializaram o prejuízo para que nos dias atuais à conta seja paga com o sangue, suor e o sacrifício dos trabalhadores e aposentados.
Lula, neste momento, tem que ter a coragem necessária e mandar o mercado as favas. A prioridade deve ser o combate à fome e resgatar as políticas públicas de interesse popular que o desgoverno anterior do golpista covarde desmontou. O “mercado” blefa e especula o tempo todo. Dizem que vão levar o dinheiro para fora do país. Conversa fiada. O Brasil tem hoje a terceira maior taxa de juro real do mundo, Atrás da Rússia, que está em guerra, e da Turquia. Em qual lugar do mundo ganhariam tanto dinheiro com estas generosas taxas de juros com tanta segurança de receber direitinho?
Hoje, o Brasil ostenta o segundo lugar em investimentos estrangeiros. Só perdemos para os EUA. Temos dólares em excesso. Temos superávit na balança comercial e ótimo volume de reservas cambiais. O crescimento do PIB este ano será em torno de 4%, um dos maiores do mundo. O IBGE em recente estudo confirma a redução da pobreza e da extrema pobreza. E também não taxamos os super ricos, conforme faz a maioria das grandes economias capitalistas do mundo ocidental, inclusive os EUA. Do que “estes caras” reclamam?
O tal “mercado” nunca gostou de Lula e do PT, embora os governos petistas nunca tenham recusado o diálogo com os donos do capital no país. As concessões solicitadas são sempre atendidas. O “mercado” não se estressou quando Paulo Guedes deu um calote nos precatórios que estão sendo pagos por Haddad. O “mercado” jamais ficou nervoso quando tínhamos a “fila do osso”. Nada que afete os pobres interessa a essa gente. Esta alta artificial do dólar é fruto da especulação criminosa dos agentes financeiros. A elite financeira brasileira pratica aquele famoso dito popular: “Me engana que eu gosto”. O pior é que grande parte da classe média e o “pobre de direita” caem neste caô!!
(*) Claudio Leitão é economista e professor de história.