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EXISTE CONTRADIÇÃO ENTRE CAPITALISMO E DEMOCRACIA?

Cláudio Peres Leitão (*)

O texto abaixo é uma crítica resumida de economia política ao modelo capitalista de produção. Aviso logo que não é uma “propaganda socialista”, até porque não traço uma linha sobre isso. Serve de reflexão, mostrando os caminhos que a sociedade brasileira e mundial segue ao fazer suas escolhas. O capitalismo não é um modelo político, estes são, república, monarquia, parlamentarista ou não, federações, além de outras menos vistas. O capitalismo é o modelo econômico que predomina no mundo.

Tudo no modelo capitalista de produção tem preço e é transformado em mercadoria, inclusive a mão de obra do trabalhador. Toda mercadoria precisa ter um “tempo de validade”, pois a obsolescência dos produtos é condição para produção de novos itens para retroalimentar o sistema.

A democracia plena pressupõe que todos devem participar do contexto sócio-político com igualdade de condições. Em sua definição literal, democracia representa o poder popular ou o governo do povo. Hoje, no mundo, não existe um só país capitalista governado pelo poder popular. Absolutamente nenhum.

O que existe, na verdade, é uma democracia deformada, que muitos chamam de “democracia burguesa”, que com base no poder econômico de uma elite política e financeira, governa os tais países capitalistas que se dizem “democráticos” apenas porque tem eleições. Neste modelo até o voto vira mercadoria é e cooptado ou mesmo “comprado” por quem é escolhido para governar. O Brasil é um “exemplo mor” desta faceta. O povo vota e o poder econômico elege.

O modelo “democrático capitalista” produz e acumula poder e riqueza, que entretanto, são divididos de forma desigual nas camadas da sociedade.  As regras são ditadas pelo tal “Mercado” que não tem nenhum compromisso solidário de prestar contas a um suposto poder democrático que emanaria do povo.

Logo, penso que todas as práticas de produção e criações humanas que possam ser convertidas em mercadorias, e por consequência, em acumulação de riquezas, e estas, deixam de ser acessíveis por inteiro ao povo, obviamente deixam de ser plenamente democráticas. Para que o capitalismo pudesse ser verdadeiramente democrático tudo em sua essência teria que ser “desmercantilizado”.

Entretanto, esta “desmercantilização” em sua própria definição seria o fim do capitalismo. Essa é uma grande contradição filosófica entre capitalismo e democracia.

(*) Claudio Peres Leitão é economista e professor de história.

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