Categorias
Crônica / Conto

VIDA (1987)

José Sette de Barros (*)

Que dificuldade é terminar o que se começou

Que abandono de alma é tentar esquecer

Que sofrimento mais mortífero é o amor

Que tristeza imaculada é se saber perdido

Que santo-dia me afastei do abismo

Quanta miséria tem nesta estrada, amigo

Quanta insuficiência na ciência sagrada

Quanta negligência de espúria consequência

Quanta luxuria e quanta demência

Que se transfigura em espetáculo de dor

Que se coagula em jorros de sangue

Que é mistura dos homens, de Deus e de horror.

Mulheres do mangue

que traz a fórmula do tempo

que exercita a lógica delicada do trágico

A mim no que tange

a paixão eu invento e me esquivo

da faca perdida na mão de um mágico.

(*) José Sette de Barros é cineasta e artista plástico.

Compartilhe este Post com seus amigos:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *