José Sette de Barros (*)
Que dificuldade é terminar o que se começou
Que abandono de alma é tentar esquecer
Que sofrimento mais mortífero é o amor
Que tristeza imaculada é se saber perdido
Que santo-dia me afastei do abismo
Quanta miséria tem nesta estrada, amigo
Quanta insuficiência na ciência sagrada
Quanta negligência de espúria consequência
Quanta luxuria e quanta demência
Que se transfigura em espetáculo de dor
Que se coagula em jorros de sangue
Que é mistura dos homens, de Deus e de horror.
Mulheres do mangue
que traz a fórmula do tempo
que exercita a lógica delicada do trágico
A mim no que tange
a paixão eu invento e me esquivo
da faca perdida na mão de um mágico.
(*) José Sette de Barros é cineasta e artista plástico.
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