Cabo Frio se encontra diante de um quadro de vulnerabilidade social preocupante. Conforme dados disponibilizados no CECAD, ferramenta do Ministério da Cidadania que permite conhecer as características socioeconômicas das famílias e pessoas incluídas no Cadastro Único, Cabo Frio corresponde a 98.215 pessoas inscritas no Cadastro Único, das quais 55.827 são pessoas em situação de pobreza e 21.606 de baixa renda.
Esses números expressam tanto a vulnerabilidade a que uma parte significativa da população está exposta quanto a urgência de políticas públicas orientadas ao desenvolvimento humano com investimento responsável e expressivo na Educação, que é um dos eixos estruturantes da elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Considerando esses dados, que indicam que 34,8% dos moradores de Cabo Frio estão em situação de vulnerabilidade, entendo que o caminho para elevar o IDH passa, obrigatoriamente, pela melhoria da qualidade educacional. Investir na rede pública de ensino deve ser prioridade para além de simples reformas e de ações midiáticas com fins eleitorais.
É preciso fortalecer as escolas municipais, não apenas com melhorias estruturais, mas com a modernização dos recursos pedagógicos e tecnológicos disponíveis para professores e alunos. Um ambiente escolar mais bem equipado e preparado para as exigências atuais, sobretudo no que tange ao compromisso com o desenvolvimento da cidade a partir da atenção ao cidadão, contribuirá significativamente para o aprendizado dos estudantes, preparando-os melhor para o futuro.
Além disso, muitas das crianças e adolescentes que vivem em condições de vulnerabilidade socioeconômica carecem de suporte educacional e emocional para avançarem em seus estudos. O poder público precisa criar mecanismos, em estreita articulação institucional (Educação, Saúde e Assistência Social), que garantam a implementação de programas de reforço escolar e apoio psicopedagógico, fundamentais para aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem ou enfrentam barreiras emocionais que afetam o desempenho escolar. A atenção a essas questões, muitas vezes invisíveis, é crucial para reduzir a evasão escolar e melhorar o rendimento geral dos alunos, principalmente nas regiões mais afetadas pela pobreza.
Outro ponto central é a necessidade de integrar a Educação com o mercado de trabalho, oferecendo aos Jovens e Adultos oportunidades reais de inserção no ambiente profissional. O município pode, por exemplo, promover parcerias entre escolas e o setor privado, criando programas de formação técnica e profissional que preparem melhor os cidadãos para o mercado. Isso não apenas amplia as chances de empregabilidade, como também pode permitir que muitas famílias, hoje em situação de pobreza, tenham acesso a uma fonte de renda estável e digna.
Melhorar o IDH de Cabo Frio exige um compromisso sério com a Educação e o foco do chefe do poder Executivo deve ser a criação de um ambiente escolar inclusivo, que prepare os estudantes para os desafios da vida e do trabalho, ao mesmo tempo em que se combatem as causas estruturais da pobreza.
(*) Alessandro Teixeira é Professor.
(**) Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Blog.