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Crônica / Conto

ARQUEOLOGIAS URBANAS

Ricardo do Carmo

Eu venho de arqueologias urbanas
peneirando camadas de asfalto
salvando fósseis de homens apressados.
Passageiro e de passagem
subo à carcaça do ônibus queimado.
Minhas mãos são ruínas!
Meus olhos são ruínas!

Não sei se foi o acaso
ou ancestrais bondosos,
me inventaram agora
uma nova prospecção!
E eu quero sim o carvão
de datações mais leves.
Quero soprar para longe
os resíduos do ódio e da violência.

Cúmplice de deuses desconhecidos,
neste novo registro, aproveitando
o pincel macio da ponta dos dedos,
quero desenhar nos paredões
e deixar marcado na eternidade
um sorriso de mulher.

Vestígios da alegria feminina
circundando tempos afora!

Muito depois de nós
quando olhos de encantamento
regarem outras artes, outros momentos,
hão de descobrir nesses lábios que riam,
o instante feliz de uma época!
(Ricardo do Carmo – 20/07/2023)

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