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A BIBLIOTECA MUNICIPAL WALTER NOGUEIRA NA CULTURA CABO-FRIENSE

Pesquisa – Professora Rose Fernandes

A importância desse Patrimônio

Neste ano de 2024, houve a comemoração dos 60 anos da Biblioteca Walter Nogueira e 30 anos do tombamento do prédio, uma casa colonial datada de 1797, restaurada em 1964, pelo pintor Adail Bento Costa, localizada à Praça Pedro II, no coração da cidade.

A biblioteca funciona de segunda à sexta de 8h às 17h com atendimento ao público leitor, pesquisador e visitantes com visitas guiadas para escolas das redes públicas estaduais e particulares.

Em 1994 o Prefeito José Bonifácio Novellino em seu segundo Governo comprou o Solar para sede definitiva da biblioteca que após reformas entregou ao público em 1996, sendo divulgado em Diário Oficial o seu Regimento Interno, aprovado pelo Conselho Municipal de Cultura.

A Biblioteca Walter Nogueira é filiada ao SEB-Sistema Estadual de Biblioteca, ao I.N.L-Instituto Nacional do Livro, ao SNB-Sistema Nacional de Bibliotecas e ao PLANOR-Órgão Protetor de Obras Raras, tombadas pelo IMUPAC em 2011.

A biblioteca é um órgão administrado pela Secretaria de Cultura com dois bens tombados, o prédio e o acervo de Obras Raras por Decretos, hoje com 356 obras raras fazendo parte do Catálogo Bibliográfico de Obras Raras do Sistema Nacional, onde Cabo Frio tornou-se à 6a cidade da Região Sudeste a ter esse acervo.

Segundo a Diretora Zuleika Crespo que requereu o tombamento do prédio e das obras rara em 2011, a biblioteca possui 1000 obras que estão sendo pesquisadas para serem tombadas, quando pedirá também o tombamento do entorno do prédio.

Hoje a biblioteca abriga um acervo de 25.000 volumes com 3.000 leitores registrados, dente eles a frequências de leitores desde sua fundação em 1964 e alguns desses alunos, são hoje escritores como poetas e pesquisadores com publicações, cujas obras são encontradas nesta mesma biblioteca.

Fundação da Biblioteca

A Cidade de Cabo Frio, na década de 50, ainda conservava características de uma cidade colonial, não só na sua arquitetura, como também em seus hábitos e costumes. No final da década de 50, começam surgir as primeiras mudanças com um surto de progresso, principalmente na área urbana, no setor de educação com algumas escolas particulares e com a fundação do Colégio Estadual Miguel Couto, absorvendo de forma democrática estudantes de todos os seus distritos.

Nesse contexto, chega em Cabo Frio, Walter Nogueira da Silva, vindo da grande São Paulo, trazendo para a nossa cidade a sua bagagem cultural, um professor formado em Português e Literatura pela Faculdade de Filosofia do Rio de Janeiro e respeitado literato, em São Paulo.

Walter Nogueira, cabo-friense retorna a sua terra como professor do Colégio Estadual Miguel Couto, e para atender as necessidades urgentes dos estudantes, tomou a iniciativa de montar uma biblioteca com o apoio do poder público. 

Em 1º de maio de 1964, a biblioteca foi montada por Walter Nogueira da Silva em caráter particular com acervo próprio, e aberta ao público em 23 do mesmo mês com cerca de 5.000 volumes catalogados, numa das salas do Colégio Ismar Gomes com o apoio do Prefeito Antonio de Macedo Castro que se comprometeu em atender a todas as suas necessidades técnicas e manter ali duas funcionárias.

Em abril de 1966, o Prefeito levou à Câmara um “Ante Projeto de Resolução”, fazendo ver aos vereadores que a Biblioteca Pública, aberta a consultas era uma realidade e que considerassem que a oficialização de tal instituição se fazia extremamente necessária para a obtenção de benefícios, através de órgãos com tal finalidade e que também considerassem que a Biblioteca Municipal, já estava prestando grande benefício à classe estudantil.

Em 2 de junho de 1966, a Resolução nº 198, de 26 de maio de 1966 pelo Artigo 1º- “Fica criada, na sede do Município, a Biblioteca Pública Municipal de Cabo Frio, subordinada à Serviços de Patrimônio da Prefeitura de Cabo Frio.”

Em 1975, o Prefeito Antonio Castro, assina com a Irmandade de Santa Isabel, o contrato de locação do prédio da Charitas com a responsabilidade de fazer as obras necessárias. Nesse ano, a biblioteca foi instalada no prédio da Charitas, dividindo o espaço com um departamento do Fórum.

Entre 1977 e 1982, no Governo de José Bonifácio Ferreira Novellino, o prédio da Charitas foi tombado pelo INEPAC- Instituto Estadual do Patrimônio Cultura (1978). No ano seguinte, tombado pelo IMUPAC- Instituto Municipal do Patrimônio Cultural (1982) e sofreu a primeira restauração. Durante as obras, a Biblioteca ficou abrigada no Colégio Edílson Duarte. Após a restauração, em 1982, foi instituída a Casa de Cultura da Prefeitura Municipal de Cabo Frio, subdividindo-se em Biblioteca, Pinacoteca, Museu e Instituto Municipal de Patrimônio Cultural, abrigando também a Secretaria de Turismo (1989).   

Entre 1990 e 1993, laudos técnicos atestaram que a qualquer momento, o telhado poderia ruir e a fiação elétrica pegar fogo. Em 1993 a prefeitura transferiu os serviços públicos, interditou o prédio e realizou uma restauração completa do prédio. Desde 1991, a biblioteca já estava funcionando no salão anexo da Igreja metodista Central, com um acervo de 15.000 livros. A restauração do prédio foi realizada em quatro meses, mas a biblioteca não voltou para o Charitas. Em 1994, o Prefeito José Bonifácio Ferreira Novellino comprou o Solar dos Massas e transferiu a Biblioteca para a sede definitiva denominando-a Biblioteca Municipal Walter Nogueira.

Entre 1964 e 2011, a Biblioteca Municipal criada por Walter Nogueira, atendeu a duas ou três gerações de estudantes, leitores e escritores que hoje são professores, escritores, artistas plásticos e leitores estão preocupados com o destino da biblioteca.

Os Descaminhos da Biblioteca

Em 2011, o prédio e o acervo da biblioteca foram tombados pelo IMUPAC, precisando de uma restauração. Em 2014 a biblioteca desocupou o prédio e foi transferida para o Edifício Meson na Av. Júlia Kubsheck, e em 2017 mudou-se para São Cristóvão na Av. das Américas. Esses espaços não comportavam todo o acervo, com isso, parte dos livros continuaram embalados em caixas de papelão.

Nesse período entre 2014 e 2017, o prédio ficou desocupado e se tornou alvo de vandalismo, correndo risco de algum dano, até que em 2017 foi realizada um restauro, mas o prédio foi ocupado por um departamento da Secretaria de Cultura.

Com a mudança para local mais distante do centro, caiu a frequência da biblioteca e surgiram vários questionamentos do público leitor que pediam a volta para o seu local de origem e de direito por Lei.

Aconteceu uma movimentação por parte do público ligado à cultura como escritores, pesquisadores e antigos leitores com registros na biblioteca com o apoio da Diretora Zuleika Crespo, pedindo a volta para o centro da cidade. Houve alguma resistência da parte da administração, mas em 2019 a biblioteca retorna ao seu local de origem, ocupando parte de seu espaço no andar térreo.

Nesse deslocamento, a biblioteca perdeu 10% de seu acervo, e por sorte conseguiu preservar o acervo de obras raras com livros registrados, que torna a Biblioteca Municipal Walter Nogueira a sexta da Região Fluminense em obras raras.     

Esses amantes da cultura participam das programações durante o todo o ano, fazendo deste espaço vivo, um local de encontro da cultura cabo-friense e é graças a eles que esta instituição se mantêm de pé.

Neste ano de 2024, o espaço restante do prédio no segundo andar foi restituído à biblioteca que ainda precisa de restauração nas estruturas, mas a Secretaria de Cultura tem a proposta de fazer uma manutenção adequada ao tipo de construção e uma sala aclimatada para o acervo de obras raras.

Esta decisão está devolvendo ao aos interessados pela cultura a esperança para ampliar sua programação, realizando novos projetos de forma independente com base em suas normas de função, conforme seu Regimento Interno e de forma gratuita, levar ao público a oportunidade de contato com diversos saberes, realizados pelos criadores de cultura.

É incontestável que o valor Histórico da Biblioteca Walter Nogueira na cultura Cabo-friense é hoje uma realidade.

Pesquisa: Professora Rose Fernandes

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