Cláudio Leitão (*)
A palavra política tem origem no verbete grego “politiká”, que é composto por duas vertentes. Uma chamada “polis”, que significa aquilo que é público, que é de todos. O complemente vem do termo “tikós”, que está relacionado ao bem comum do conjunto de pessoas de uma determinada sociedade. Portanto, simplificando, política é tudo aquilo que está relacionado a coisa pública, ao espaço público e destinado ao bem comum do cidadão.
Logo, trazendo este contexto para a atualidade, não cabe dizer que política é um coisa ruim e negativa. Os tais “agentes políticos eleitos” é que negam a política e fazem com que ela seja exercida de forma equivocada e direcionada para outros interesses que não o interesse público. Tem vários outros conceitos “caozeiros” para definir política, mas no fundo é só para nos enrolar e justificar a “bagaça” que muitos fazem na política atual. Por exemplo: “Política é a arte de negociar”. Outro: “Política é como nuvem. Uma hora está de um jeito, quando você olha de novo já mudou”. E por aí vai.
Dentro do processo jurídico e institucional que é o que caracteriza o que chamamos de “Estado Democrático de Direito”, definido na nossa Constituição Federal, o que precisa mudar não é o conceito, mas a retirada do “poder de fazer política” daqueles agentes políticos que não a praticam da forma correta. Assim, entendo que não devemos demonizar a política. As relações políticas estão presentes em nosso dia a dia nas mais variadas formas e não apenas nas ações relacionadas ao poder público ou ações partidárias. O instrumento que temos dentro da nossa organização política vigente para realizarmos mudanças neste quadro é o VOTO!
É óbvio que não vamos acertar sempre. Erros, enganações, agentes políticos mentirosos, expectativas frustradas, além de outras situações, fazem parte da prática da aprendizagem deste processo político, afinal pelo menos em tese, o poder emana do povo. Os nossos representantes eleitos precisam nos representar e não nos substituir. Parece, a princípio, uma tênue diferença, mas não é. É uma diferença enorme e devemos estar atentos a isso.
Trazendo esta questão para o lado prático, entendo que o voto precisa ser dado com critério e apuro, merecendo de todos uma atenção igual para eleger nossos representantes em ambos os poderes no município, no estado e na união. O prefeito não é mais importante que os vereadores, deputados estaduais e federais também não são menos importantes que governadores e o presidente da república. As atribuições, prerrogativas e deveres é que são diferentes.
Quando se pensa em renovação dos quadros políticos é preciso estar atento ao perfil do candidato. Tem muita gente com cara de “novo”, mas com histórico de defesa de velhas práticas e quase sempre representam velhos caciques da política. O voto no “novo” não quer dizer garantia absoluta de renovação verdadeira, mas você tem duas possibilidades: Uma de acertar e outra de errar. São riscos e responsabilidades que precisam ser assumidos na avaliação do candidato neste momento.
O voto no candidato já investido num cargo público que seguidamente contraria o conceito correto de política e que repete na sua atuação as tais velhas práticas, certamente nos levará a um novo erro. Temos também que analisar que em tempos de crise a experiência e conhecimento da coisa pública por parte de candidato também é importante, desde que seu passado seja limpo e com serviços e realizações prestadas a população.
Respeito a posição daqueles que se recusam a participar do processo político ou anulam o voto, mas também entendo que esta atitude não isenta ninguém da responsabilidade coletiva com o futuro da cidade, do estado e do país. A omissão acaba sendo também uma ação política.
(*) Claudio Leitão é economista, professor de história e pré-candidato a vereador pelo PSOL.