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RADICALIDADE & MUDANÇAS

A palavra radical vem do latim “radicale”, e etimologicamente, deriva da palavra raiz. No campo político ser radical é encarado negativamente por diversos segmentos da nossa sociedade, principalmente, por setores mais conservadores que abominam mudanças que possam abalar seus privilégios. Nós, militantes da esquerda socialista, que lutamos por mudanças que atinja a raiz das desigualdades e dos problemas nacionais, estaduais e municipais somos sempre taxados assim.

Lembro da campanha presidencial de 2006, onde a ex-senadora Heloisa Helena recebia os elogios de inteligente, corajosa e honesta, mas era tachada de muito radical. Guardada as devidas proporções, aconteceu comigo em Cabo Frio nas 3 candidaturas que tive a prefeito em 2008, 2012 e 2016. Neste momento, tal pecha pejorativa acontece com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), candidato a prefeito em São Paulo e líder de todas as pesquisas.

Como militantes da esquerda socialista, democraticamente, temos o direito de opinar sobre diversos fatos políticos, econômicos e sociais que ocorrem em nossa cidade, no nosso país e até no mundo. Devido nossa formação política e ideológica temos um olhar crítico sobre este modelo neoliberal e globalizante que querem nos impor como verdade absoluta e como pensamento único de sucesso. O mais engraçado de tudo isso é que grande parte dessas pessoas que nos fazem críticas, quando perguntadas sobre o atual estado das coisas, principalmente no campo político, reclamam e pedem mudanças.

Neste contexto, penso em algumas perguntas. Que tipo de mudanças se fazem necessárias? É aquela “cara nova” que representa interesses de velhos caciques políticos? Será que basta uma mudança “meia boca”. Uma “melhorazinha” aqui e outra ali. Isso atende as nossas necessidades? Qual a profundidade das mudanças que seriam realmente transformadoras? Como esperar mudanças votando sempre nos mesmos candidatos? Quem se atreve a responder?

Ser radical não é ser negativo. Volto a frisar, é lutar por mudanças que possam atingir a raiz do problema. Encontrar soluções que possam mudar a vida das pessoas para melhor de forma a impedir retrocessos. Somos adjetivados como radicais por lutarmos por uma reforma política que possa restabelecer a ética e as boas práticas políticas. Por lutarmos por mudanças no modelo econômico que possam trazer mais igualdade e justiça social. Por combatermos com firmeza à corrupção, um câncer que atrasa o desenvolvimento do país. Por batalharmos pela total transparência no trato com a coisa pública. Por acharmos que o capital humano tem que estar acima do capital financeiro. Que o desenvolvimento tem que estar atrelado a distribuição de renda e a preservação ambiental, respeitando o planeta e as futuras gerações.

No plano municipal, não há nenhuma radicalidade por se lutar contra um modelo de gestão que enriquece há décadas uma elite política em detrimento da maior parte da população que não é atendida com políticas públicas eficazes na saúde, educação, habitação, segurança pública e geração de empregos. No atual estágio não cabem mais meias-medidas. Precisamos de mudanças profundas que só virão com muita luta e participação popular. Em nosso município, Dr. Serginho, Magdala Furtado, Marquinho Mendes, Alair Correa e vários vereadores, se orgulham de não serem radicais. Atuam para que tudo permaneça como está. Querem que você acredite que tudo é assim mesmo e que agentes políticos são todos iguais.

De minha parte, vou continuar sendo radical. A história política de Cabo Frio tem sido uma sucessão de repetições que transitam entre a tragédia e a farsa. Marx já dizia há tempos atrás: “A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”. O voto do trabalhador e do povo pobre vale o mesmo dos ricos e milionários da cidade.

Por que continuar a elegê-los?  Até quando vamos tolerar esta esculhambação?

Uma resposta precisa ser dada a este quadro caótico na cidade. Por que não nesta eleição em 6 de outubro?

Eu vou estar nesta luta novamente. E como nunca fico “em cima do muro” vou estar ao lado do companheiro Rafael Peçanha, pré-candidato a prefeito pelo PT, com minha pré-candidatura a vereador também pelo PT. O resultado de tudo isso depende de quem quer participar realmente de um processo de mudanças com a coragem e a responsabilidade que o atual momento exige.

Claudio Leitão é economista e professor de história.

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