A catastrófica gestão ambiental do governo Bolsonaro foi uma unanimidade no país e no exterior. Neste momento, o governo Lula, as ONGs sérias e outros órgãos da sociedade civil estão remontando os mecanismos de regulação e fiscalização buscando encontrar soluções para minorar os efeitos desta “despolítica ambiental” e iniciar novos projetos de sustentabilidade. A COP 30 que será realizada no Brasil, na cidade de Belém, será um termômetro para a avaliação destes resultados.
A assertiva de que o enfoque das mudanças em relação ao meio ambiente está nas pessoas está correta. As decisões são tomadas pelas pessoas que podem ter sua consciência ambiental aumentada pelas novas informações, pelas possibilidades tecnológicas de diminuir impactos ambientais e pela maior aplicação dos conceitos de Educação Ambiental.
Entretanto, não podemos esquecer que as pessoas podem ser influenciadas pelo ambiente político e econômico na tomada de decisões, principalmente, em se tratando de governantes e CEO’s de grandes corporações, que muitas vezes tomam decisões contrárias à preservação ou conservação ambiental de forma negligente ou até mesmo proposital. O desenvolvimento sustentável precisa ser uma prática recorrente e presente nas políticas públicas governamentais e na atuação empresarial. O grande desafio dos novos tempos, presente e futuro, é conciliar os interesses econômicos com os ambientais.
Já percebemos que quando algum desequilíbrio ambiental acontece do outro lado do mundo ele também nos atinge. O meio ambiente como bem de todos deve ser resguardado. Não é mais possível conviver com a alta poluição do ar atmosférico e o desmatamento de áreas enormes dizimando não somente a flora como também a fauna. O aquecimento global, o uso excessivo de combustíveis fósseis, a contaminação dos recursos hídricos tanto doces como os de água salgada prejudica várias espécies de animais, dentre eles, os seres humanos.
Não podemos esquecer também que neste mundo predominantemente capitalista e neoliberal o lucro está acima da vida, e consequentemente, também acima das questões ambientais. É um equilíbrio extremamente difícil nos dias de hoje. Cabe a nós, enquanto sociedade civil, fazermos a pressão necessária no sentido de avançarmos em todas essas demandas. O planeta já demonstra sinais claros de esgotamento em várias áreas.
Se todos os 198 países do mundo tivessem o mesmo ritmo de desenvolvimento precisaríamos de 4 planetas em termos de recursos naturais para sustentar esse processo.
Um outro modelo de desenvolvimento e também de consumo precisa ser pensado. Vivemos numa sociedade de ultra consumo em que a obsolescência dos produtos é forçada para que haja sempre o consumo de um produto mais novo e moderno, que demanda para a sua produção mais recursos naturais e energia. O nosso planeta já não comporta tanto desperdício e tantos itens descartados com incipientes processos de reciclagem, tanto do lixo orgânico quanto dos resíduos sólidos.
Alguns estudos mostram, inclusive, situações catastróficas, como por exemplo: “Daqui a 50 anos podemos ter mais plásticos do que peixes nos oceanos”. O cuidado com as boas práticas de conservação e preservação ambiental deveria ser prioritário para o bem das sociedades futuras. O planeta está pedindo socorro, e infelizmente, poucas vozes estão sendo ouvidas.
Claudio Leitão é economista e professor de história.