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A HISTÓRIA DO PRIMEIRO SAMBA CANÇÃO

O samba canção surgiu no Rio de janeiro em 1928 e foi criado por compositores que trabalhavam nos teatros de revista.
Eram compositores que tinham boa formação musical e compunham músicas clássicas e populares. Alguns eram, inclusive, regentes de orquestras.
Atentos ao se passava no meio musical dos Estados Unidos, pretendiam substituir os números jocosos do maxixe por canções românticas, tão ao gosto de uma classe média que começa a surgir no Rio de Janeiro.

O primeiro samba canção teve três versões.
O autor da melodia foi Henrique Vogeler, personagem importante da história da nossa música e que merece ser pesquisado no YouTube.

A belíssima melodia do Henrique Vogeler recebeu letra de Cândido Costa em 1928 e foi um fiasco. A letra, de gosto duvidoso, foi essa:

“Linda flor,
Tú não sabes, talvez,
Quanto é puro o amor que me inspiras; não crês
Nem sobre teu olhar,
Veio um dia pousar
E ainda aumentar a minha dor
Com cruel desdém.
Teu amor
Tu por fim me darás,
Eo grande fervor
Com que te amo, verás…
Sim,
Teu escravo serei
Ao te ver minha, enfim.”

Henrique Vogeler não se abateu depois do fracasso, porque sabia que tinha nas mãos uma coisa diferente, uma coisa nova em termos de canção.

Insistiu para que a música fosse gravada por Vicente Celestino, famosíssimo cantor da época, mas a voz de barítono do Vicente Celestino não se enquadrou no ritmo do samba contido na canção. Novo fracasso.

Persistente, Vogeler pediu que Freire Júnior colocasse letra na canção e, desta vez, gravada na voz de Francisco Alves – o Roberto Carlos daquela época, foi um novo fracasso.
A letra, também de gosto duvidoso, foi essa:

“Meiga flor,
Não te lembrar, talvez,
Das promessas de amor
Que te fiz,
Já não crês…
Se
Queres me abandonar
Procurando negar
Que juraste a mim também
Minha ser, meu bem…
Meu amor,
Por que negas, ó flor,
Sempre fui tão sincero…
Sei que sem ti morrerei.
És o meu ideal
Minha vida, afinal.”

Nosso fracasso.

Por causa da insistência do Henrique Vogeler, a música só fez sucesso na terceira versão, quando ganhou letra de Luís Peixoto – outro gigante da música popular brasileira -.

Luís Peixoto, também teatrólogo, precisava de uma música para a peça que estava encenando, chamada ” Miss Brasil.”

Desesperado atrás de uma canção, porque a peça estava na véspera de estreiar, Luís Peixoto recorreu ao Henrique Vogeler.

Enquanto Vogeler dedilhava a música no piano, Luís Peixoto escrevia a letra numa folha de papel, em cima da tampa do piano. Tudo feito de improviso e em cima da hora.

Graças a persistência do Henrique Vogeler e ao talento de Luís Peixoto, surgiu o primeiro samba canção, cuja versão definitiva é essa:

“Aí, ioiô!
Eu nasci pra sofrê
Fui oiá pra você,
Meus oinho fechô!
E, quando os óio eu abri,
Quis gritá, quis fugi,
Mas você,
Eu não sei por quê,
Você me chamô!

Aí, ioiô,
Tenha pena de mim
Meu sinhô do Bonfim
Pode até se zanga,
Se ele um dia soubé
Que você é que é
O ioiô de aiaiá!

Chorei toda noite
E pensei
Nós beijo de amô
Que te dei,
Ioiô, meu benzinho,
Do meu coração
Me leva pra casa
Me deixa mais não.”

Finalmente, o primeiro samba canção, criado em 1928, ainda faz sucesso e continua moderno.

(*) Geraldo Afonso de Castro.

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