Cariocas são muito peculiares e já nascem com autoestima em alta. O mundo está pegando fogo, mas no Rio de Janeiro tudo é maravilhoso. Será?
Há pouco tempo não havia brasileiro que não sonhasse em conhecer o Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro tinha apelido de cidade maravilhosa, tantas músicas cantando a cidade e os cariocas, de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, a Adriana Calcanhoto e Fernandinha Abreu, muito glamour mesmo.
Lembro de uma cena, entre outras que poderia citar, em uma das empresas que trabalhei cuja matriz era fora Rio, numa mesa de reunião definindo a equipe que viria para uma feira de tecnologia, o gerente de TI, o Odilon, estava um pouco mais afastado da mesa por causa de uma gripe (antes da pandemia era normal trabalhar gripado, caso não fosse era considerado “corpo mole”) e logo se ergueu entregando o projeto e dizendo que a secretária já estava vendo as passagens e que até a data estaria novinho em folha. A Ju do marketing não conseguia disfarçar me perguntando se o hotel na Barra da Tijuca, próximo ao Riocentro, era perto da Lapa ou de alguma Escola de Samba, eu disse que era bem longe, nem escutou, e ela adicionou que já estava vendo a possibilidade de voltar um dia depois para conhecer o Cristo.
Ninguém queria saber de bala perdida, milícias e apesar de já ter muito assalto na cidade, era só um detalhe insignificante, sempre e sempre mesmo era uma alegria viajar a trabalho para o Rio de Janeiro. Era.
Eu queria conseguir identificar onde foi a virada desta chave? Agora parece que ninguém se importa ou até mesmo despreza a possibilidade de vir para cá. O Rio é um lugar a ser evitado a todo custo, como a faixa de Gaza, Iêmen ou Ucrânia.
Outro dia em um grupo de estudos on line, passaram um post do Instagram para ser analisado pela turma para saber qual era a mensagem oculta. A cena era de uma cafeteria em que uma balconista bonita que não largava seu celular, atende uma cliente que pergunta o que ela pode sugerir para o café da manhã, a atendente entrega o cardápio e diz: “tem tudo aí no cardápio”, e continua agarrada com o celular que deve custar uns 3 meses do seu salário. A cliente pede um pão de queijo e um café e a balconista grita o pedido para a cozinha e sorri falsa e educadamente para a cliente. Em resumo, a balconista fez tudo certo de acordo com o protocolo, mas muito arrogante. Quando perguntaram no grupo qual a mensagem oculta? Pensei, deve ser algo sobre o vício de celular ou coisa assim, mas choveu a mesma resposta no chat: “a atendente é carioca” ou “é no Rio de Janeiro”. Afê!
Acho que isso está acontecendo por causa da aura ou da egrégora do Estado. Sabiam que existe a maldição da Capital do país? O Rio de Janeiro foi Capital do Brasil, mas antes mesmo disso, um fato que muitos não sabem, acontecia a matança de baleias na baia de Guanabara que por vezes se tingia de sangue. A corte portuguesa chegou no Rio de Janeiro com toda sua corrupção e arrogância na bagagem. Quanta crueldade e corrupção passou por esta cidade? Acham que o Universo não contabilizou? Virou a maldição da Capital, certamente.
E nos dias atuais? Desafio me indicarem algum Estado além do Rio de Janeiro em que todos os seus Governadores deste século (na verdade desde 1998) tenham se tornado presidiários! Seria a tal maldição da Capital Federal? Mal posso esperar para ver o que vai acontecer em Brasília.
Toda moda carioca era imitada, desde chinelo Havaianas, cena do Rock dos anos 80, berço da Bossa Nova e até o sotaque arrastado era considerado um charme. Mas acho que depois que o estilo de música Sertaneja e os agronegócios ficaram em “EVIDÊNCIAS”, foi quebrado o encanto carioca.
Ainda hoje o Rio de Janeiro é copiado, pela música, pelo jeito de falar e tendências. Por exemplo; o funk proibidão com danças sexuais, não sensuais, mas sexuais mesmo, as frases com 5 palavrões e uma palavra, exportamos um “modus operandi” de política raiz de extrema direita e sua força militar para todo país, principalmente para a Região Sul. Quem diria que o Rio de Janeiro que tinha na Cinelândia o palco das “Diretas já” se tornaria o berçário para política golpista e adoradores do militarismo? Imagine uma pessoa que estivesse em coma por muito tempo e acordasse agora, iria achar que estão fazendo uma “pegadinha”.
E por falar em “EVIDÊNCIAS”, alguém pode me dizer porque agora o festival de rock que a família Medina promove é “The Town”? E o “Rock in Rio” que já foi até exportado para outros países, será que vai acabar também? Fiquei me perguntando; quando tem “Rock in Rio” os shows são de quinta à domingo, a cidade pára, o trânsito é modificado, tudo gira em torno do festival, os cariocas acham o máximo. Agora os Medina fazem o “The Town” só sábado, domingo e feriado para não atrapalhar o trânsito de São Paulo, trazem o Bruno Mars e o povo lá ainda reclamou que não teve show Sertanejo. Achei um absurdo o tecladista do Bruno Mars tocar Evidências!!!! Só me falta os Medina agora resolverem fazer o “Sertanejo in Rio”!
Maria Clara Andrade