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OS MINEIROS FORAM ABDUZIDOS

Praia do Foguete – Cabo Frio

Não sou cabofriense, mas tenho um crédito porque minha prole é.

Há bastante tempo comecei a frequentar Cabo Frio e logo me mudei para este paraíso. Quando a gente passa a morar em um lugar, passamos a nos apossar dele, nos sentimos donos do lugar, defendemos as bandeiras, os amigos e o lugar, absorvemos o sotaque. Mas tudo mudou…

Sou saudosista sim, mas vou aqui fazer “mea culpa” e certa que vocês também vão concordar.

Quantas vezes reclamamos dos mineiros? Eles chegavam para as temporadas, alugavam todas as casas disponíveis, enchiam restaurantes e hotéis, namoravam as filhas e filhos cabofrienses (as vezes “dava” casamento), compravam imóveis e deixavam as espigas de milho comido na praia. Reclamávamos muito das espigas de milho que deixavam na praia.

Só que não nos atentamos para a origem da palavra reclamar e a reboque a lei do retorno. RE CLAMAR significa clamar duas vezes e pelo advento da física quântica, lei do retorno, castigo Divino e tudo mais, não contávamos que tudo poderia piorar, e muito.

Hoje vejo que as coisas acontecem um pouco diferente e a culpa é da “maioria”, isso mesmo da “maioria”, vence quem tem o maior time e hoje estamos encurralados, nós os moradores e principalmente os “minhocas da terra”, por conta da invasão de alguns novos moradores, a “maioria”, que chega trazendo seus filhos, vizinhos, etc. Obviamente que não estou falando que todos se incluem na “maioria”. Sou solidária aos que vieram com boas intenções, trabalhadores, e que só queriam morar num lugar melhor e fugir da violência, afinal também sou forasteira e quando vim para cá tinha o mesmo objetivo. Este tema não se baseia em xenofobia, é tema de observação da realidade.

Antes a “maioria” vinha de “bate e volta”, mas gostaram tanto que estão vindo todos morar na Região dos Lagos, inclusive os meliantes os seguindo. Existem motivos em comum para quererem mudar para Região dos Lagos: “lá embaixo tá muito violento”. Só que veio tanta gente morar aqui que existem cidades completamente vazias, toda população migrou para a Região dos Lagos, inclusive os meliantes que ficaram sem o “ganha pão” e vieram também.

Já ia me esquecendo de agradecer aos antigos Prefeitos, a “maioria” veio também por causa da Micareta e dos shows de graça e nas praias, afinal show de graça trás turista e não custa nada para os cofres dos Municípios.

Precisamos imediatamente fazer um contato com os ETs e solicitar uma audiência para uma reivindicação: “devolvam nossos mineiros abduzidos!”

Pensei em convocar uma comitiva de representantes da Região dos Lagos para irmos a São Tomé das Letras aproveitar um portal destes de comunicação com ETs e fazer uma proposta de troca: “Nos devolvam nossos mineiros abduzidos e entregaremos o quíntuplo de contingente de novos moradores para que sejam estudados por vocês (mas podem deixar os novos moradores que se excluem do perfil específico da “maioria”)! Esta espécie, a “maioria”, é de pessoas com hábitos bem interessantes. Por exemplo, o comportamento na praia é assim: comem Cheetos, cerveja “verdinha”, trazem suas caixas de som e fazem competição de qual tem o som mais alto, escutam música que não tem letra, só palavrão, brigam, não curtem o mar, e deixam toda espécie de lixo na praia (acho até que trazem o lixo na bagagem para deixar na praia, hábito estranho) e este novo lixo não é a saudosa espiga de milho comida. Ah, e para a “maioria” não perder o costume e talvez a memória afetiva, as vezes são vítimas junto com os “minhocas da terra” de um arrastão ou um simples furto.

Não sei se os ETs vão aceitar este escambo, se não for bem sucedida a negociação e eu estando por São Tomé das Letras, posso ficar por lá. Pensei assim; já que gosto de comida mineira, gosto de papo cabeça e esoterismo, adoro uma cachoeira, fico por lá mesmo. Vou sentir saudades dos amigos “minhocas da terra” das praias inigualáveis, mas quem sabem outros me seguem e montamos uma comunidade de SAUDOSOS DOS NOSSOS TURISTAS MINEIROS.

E um recado para Deus: não estamos RECLAMANDO, só estamos valorizando quem sentimos saudades.

Se RECLAMAR, o que poderá vir por aí?

Maria Clara Andrade

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