Quando iniciei a minha vida pública, minha mãe, Dona Teia, uma professora do bairro que também trabalhou como doméstica e lavadeira para educar e formar seus sete filhos, teve muito medo e falava dos seus sofrimentos devido às ausências muitas vezes motivadas pela luta política do meu pai.
Ela dizia das vezes em que tinha que caminhar da Gamboa até um barraco de salina, lá na ponta da Salina Massambaba, onde meu pai e outros companheiros de luta se achavam abrigados e protegidos da repressão da ditadura militar, levando comida e água. Ela fez isso grávida e depois do seu recolhimento em Santarém, Pará, marcando uma ausência até o meu nascimento.
Hoje, buscando arquivos históricos para reunir memórias e entender as influências da minha vocação e militância política, encontrei a publicação do Jornal Novos Rumos de 1967, que traz a nominata apoiada pelo movimento de resistência à ditadura militar e à luta pela liberdade. Nessa lista, consta a indicação do meu pai, Aspino da Cunha Mendes, como candidato a vereador em Cabo Frio, nas eleições daquele ano.
Meu pai, tua luta me inspira!
Janio Mendes
