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A ANÁLISE É UM PROCESSO DOLOROSO?

A análise é um processo doloroso? A resposta podia ser não, se não fugíssemos por tanto tempo de nós, e ainda fugindo, eu diria que é apenas um processo trabalhoso e um pouquinho demorado. Mas que delicia é ao menos conosco convivermos de forma sincera. Não usarmos as mascaras que usamos dia a dia para qualquer situação, não criarmos desculpas para o que somos. E somos sim, imperfeitos, mas como melhorar se não temos a coragem de nos enfrentar? Nós mesmos somos o nosso maior medo e fugindo desse medo, alcançamos todo o tipo de transtorno possível. Muitas vezes parece mais fácil rotularmos em déficits, síndromes, transtornos e medicarmos os nossos sentimentos. Tais déficits, síndromes e transtornos existem e devem ser tratados de forma muito séria, mas vivemos a banalização desses termos clínicos. Não sabemos mais lidar com a tristeza, com a frustração, com o momento em que estamos mais agitados. Vivemos, hora após hora, sem perguntar o por quê de nada. Só nos interessa o sentir bem, o parecer bem, a epidemia da felicidade externa a qualquer custo. Sim, a análise demorará mais, principalmente porque só a procuramos quando estamos imersos no cansaço de ser quem não somos. Parafraseando a famosa frase: analise-se, antes que você precise. Até porque já precisa.

Ana Larsen

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