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SAL EM MEMÓRIAS

Neste ano, pela segunda vez, participei do concurso literário “Prêmio Teixeira e Sousa“, promovido pela Secretaria de Cultura – Secult, da Prefeitura de Cabo Frio, ainda na gestão do secretário Clarêncio.
A minha primeira participação neste concurso foi na edição do ano passado, com o tema “De Teixeira e Sousa à Elza Soares – Crítica Social no Planeta Fome“. Fui classificada em 9º lugar e participei da antologia lançada com os dez melhores poemas.
Nesta edição de 2023, o tema foi “Memória das Salinas na Região dos Lagos” e eu tive a  alegria de ser contemplada com o 3º lugar, na categoria geral, e no gênero literário “poema”. Foi a edição recorde no número de inscritos, sendo, na categoria geral, 72 inscritos, enquanto que, no ano passado, foram 34. E, além disso, neste ano houve a inclusão dos gêneros “conto” e “crônica”, o que fez com que o quantitativo de poemas a constar na antologia a ser publicada passasse para 5 poemas, enquanto que, no ano passado, quando havia somente o gênero “poema”, foram 10 poemas publicados.
Nesta edição, portanto, a dificuldade foi muito maior e, por isso, é ainda mais gratificante para mim essa conquista. Minha caminhada literária tem sido construída com muito esforço, sempre superando as dificuldades e insistindo em seguir em frente, portanto participar e ser classificada é, para mim, extremamente significativo! Estou muito feliz por mais essa vitória!
Segue o meu poema classificado:

Sal em memórias

Sal do mar
que à terra salga.
Diversidade é sabor,
secularidade das mãos que tocam,
tempero de seu labor.

A brisa roda o moinho,
faz o passado presente.
O grânulo, na água, esparge o brilho.
Nele, mergulho silente.

Sal do mar
que à terra salga.
Sal da terra originária,
tesouro de Gecay,
riqueza da culinária.

Um giro a mais do moinho
faz-me, no tempo, avançar.
Vejo o branco da montanha
e o negro a labutar.

Sal do mar
que à terra salga.
Vejo surgir o ouro branco
carregado, ensacado
e os negros…”Coroados”.

Sal do mar
que à terra salga.
Esperança do pai a cuidar
“Pra vida de gente levar”.
Vida salgada demais pra herdar.

Sal do mar
que à terra salga.
Salina a gerar cidade.
Para uns, prosperidade.
A outros, insalubridade.

Gira, por fim, o moinho,
faz o presente voltar.
Água que vira sal na salina
Não mais ao sol secar.

Sal do mar
Que à terra salga.
Ouço Bituca a cantar,
em notas, eternizar:
“Água vira sal lá na salina,
Quem diminuiu água do mar?”.

Sal do mar
que à terra salga.
Deixa vir água do mar,
moinho de vento girar
e a lembrança salinar.

Luciana G. Rugani

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