Manoel Lopes da Guia Netto (*)
O processo eleitoral chega a sua semana derradeira em “banho maria”, morninho, sem grandes choques entre as campanhas majoritárias, até pela ausência de polarização no universo político de Cabo Frio, diferente de outras épocas quando as campanhas ganhavam pimenta e os choques, inevitáveis.
Memoráveis foram as eleições em que adversários históricos como Alair Corrêa e José Bonifácio protagonizavam disputas nas quais o município literalmente se partia em dois. José Bonifácio nos deixou e Alair Corrêa teve a grandeza de homenageá-lo com emocionado discurso. Foi o momento que simbolizou a despedida de uma geração que dominou a vida política em Cabo Frio durante décadas.
A eleição de 2024 marca o momento de mudança geracional, que vem sendo gestada há algum tempo, principalmente na transformação do perfil socioeconômico, político e ideológico da cidade: da “moscouzinha” da década de 1960, que antecedeu ao golpe de 1964, resta pouco, quase nada, que possa identificá-la. É trabalho para a Ciência Política, a História e a Sociologia.
Os novos protagonistas estão na faixa dos quarenta/cinquenta anos e desenvolvem práticas políticas bastante tradicionais, de cunho mercadológico, com uso intenso da TV e Internet e de perfil conservador. O campo progressista, de cunho socialdemocrata, ocupa espaço restrito e não conseguiu reunir as condições estruturais e conjunturais necessárias para crescer, talvez porque seu trabalho não tem conseguido mobilização fora do período eleitoral.
Como será o amanhã? É uma pergunta a se fazer.
(*) Ex-prefeito de Cabo Frio, em texto psicografado.
(**) Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Blog.