Octávio Perelló (*)
VIRAÇÃO EM ARRAIAL DO CABO…
Arraial do Cabo está provando que em política nada deve ser considerado improvável. Simples assim. O fato é que os ex-prefeitos Wanderson Cardoso, o Andinho, e Renato Viana, as duas maiores lideranças políticas do município, se uniram em torno da candidatura de Tom Porto (PDT). Nessa articulação, que tende a sacudir a política cabista, entram os partidos progressistas PSB, PV, PSOL e REDE, formando uma coligação que inclui ainda o apoio da militância do PT.
AS REGRAS SÃO OUTRAS…
O atual prefeito de Arraial do Cabo, Marcelo Magno (PL) que vinha apostando em fraca concorrência deve estar coçando a cabeça diante desses ventos. Apesar de investir no marketing do governo, deve saber que a campanha eleitoral no município não conta com programa eleitoral de TV, e que, portanto, prevalecem as velhas regras do corpo a corpo, onde a política esquenta é nos comícios e no contato direto com os eleitores.
CORPO A CORPO
Por falar em contato direto com os eleitores, nesse quesito os ex-prefeitos Andinho e Renato Viana são conhecidos em Arraial do Cabo como políticos que andam nas ruas e entram nas casas com desenvoltura, mantendo laços de amizade e companheirismo político com os moradores.
ABRIL É O LIMITE
Muitos acenos e promessas, mas fechamento mesmo só a partir de abril, com o encerramento da janela partidária no dia 5, quando vereadoras e vereadores poderão trocar de partido para concorrer às eleições sem perder o mandato, e no dia 6 a data-limite para que todas as legendas e federações partidárias obtenham o registro dos estatutos no TSE. O calendário eleitoral segue, mas nessa semana cessam os atropelos e cotoveladas entre os pretendentes a cargos eletivos que precisam se abrigar nas legendas.
OUTUBRO É O LIMITE
Já para governistas afoitos e imprudentes outubro é o limite, pois defendem que o orçamento seja usado até a eleição, não importam os compromissos atrelados para os dois últimos meses do ano. Para estes, se a prefeita Magdala for reeleita dá-se um jeito nas contas. Caso ganhe o adversário, a conta é dele.
DANÇA DAS CADEIRAS
Abril também promete mudanças no governo Magdala. Com a filiação da prefeita ao PV, o partido deve comandar uma secretaria que vem cobiçando muito nos últimos dias. Observadores de plantão apostam que o clima é de cobiça para mais de uma pasta.
EXTREMAS SEMELHANÇAS
Segundo Emir Sader a extrema-direita nos EUA, no Brasil e na Argentina tem 40% de apoio. No Brasil, erros cometidos na redemocratização, a partir da década de 80, que não exorcizou seus demônios, e a demonização da esquerda nos últimos anos podem ser consideradas causas primordiais. Essa coluna tem analisado que em Cabo Frio nem todo conservador apoia os exageros da extrema-direita, e um exemplo é o fato de muitos terem votado no ex-prefeito José Bonifácio por sua reputação de gestor público e político honesto. Mas o desgaste de lideranças progressistas faz crescer o conservadorismo, e esse fenômeno tem alguma semelhança com a migração de jovens de partidos da esquerda para os da extrema-esquerda, por acreditarem que os ritos necessários à sobrevivência são fisiologismo e adesão a velhas práticas políticas. É o que se pode observar no crescimento da UP no município, que vem recebendo ex-simpatizantes do PSOL.
AMPLIAÇÃO DO HOSPITAL DA UERJ
O Governo do Estado pode desapropriar um imóvel em Cabo Frio para servir à ampliação do Hospital Hesio Cordeiro. A instituição tem dado exemplo de boa gestão, com a condução de programas financiados com verbas do SUS, o que se espera que eleve o nível de exigência na área de saúde do município, fazendo com que os hospitais municipais também superem o sucateamento e má assistência às demandas que recebem.
(*) Octavio Perelló é jornalista e produtor de conteúdo.
