PONTO DE VISTA

Octávio Perelló *

FORÇA FEMININA

A influência das mulheres poderá ser determinante nas eleições de 2024 em Cabo Frio. De um lado a primeira prefeita mulher, Magdala Furtado (PV), que há quem creia que venha a escolher uma vice para a acompanhar na disputa. De outro lado Kamylla Mendes (MDB), lançada pelo ex-prefeito Marquinho Mendes, e que apesar de só agora assumir candidatura em razão da inegibilidade do marido, já demonstra traquejo para a política desde as aparicões em suas campanhas E tem ainda o deputado Serginho Azevedo (PL), que aposta na esposa Aline como articuladora do movimento das mulheres em sua campanha, e que por sua vez pode também optar por uma vice.

SONHO OU DELÍRIO?

Daí surgem os boatos, resultantes de sonho ou delírio. O mais recorrente é que a médica Ana Valadão, viúva do ex-prefeito José Bonifácio seria a vice ideal de qualquer candidato. A faísca, lançada no ninho do próprio PDT, quase virou fogo nas expectativas de gente ligada à prefeita Magdala, sob o argumento de que a união selaria a paz e fortaleceria o discurso. Curiosamente, a mesma argumentação é levantada com cuidado por aves migratórias que sobrevoam o ninho do Dr. Serginho. Um interlocutor da coluna afirmou ter sonhado com a improvável costura diplomática que aproximaria o deputado e a viúva do adversário que o venceu em 2020 com larga vantagem (cerca de 14 mil votos) numa eleição em que muitos já cantavam loas.

DESTINO SELADO

No entanto, a Dra. Ana Valadão, que nunca se furtou de acompanhar o processo político e participar das lutas sociais no município, tem sua atuação dedicada com amor e louvor à área de saúde mental e já afirmou que, embora entenda as especulações sobre o seu nome, não pretende ingressar formalmente na carreira política.

DITO PELO NÃO DITO

A afirmação do ex-prefeito Marquinho Mendes de que não apoiaria a prefeita não impede as especulações que apontam que a chapa feminina poderia ser formada justamente por Magdala Furtado e Kamylla Mendes. Há quem sonhe com isso. Ou delire.

SANEAMENTO EM FOCO…

O deputado estadual Dr. Serginho (PL), que já propôs uma CPI para investigar a atuação da Prolagos, volta a artilharia contra a concessionária, tendo desta vez como alvo o tratamento de esgoto, especialmente na Praia do Siqueira, em Cabo Frio, onde há uma estação de tratamento de esgoto (ETE) operando abaixo dos padrões desejados. Ele inclui ainda a demanda de abastecimento de água para São Jacinto, na zona rural do município.

REGRAS DO JOGO…

A questão é que a concessionária tem contrato de concessão assinado com o Governo do Estado e os cinco municípios da área de concessão na Região dos Lagos, e este tem regras estabelecidas em prazos e metas de atendimento, que são fiscalizados pela agência reguladora (Agenersa).

QUEM PAGA A CONTA?…

É necessário conhecer as regras do jogo e entender que qualquer alteração contratual irá impactar no plano de negócios da empresa, afetando o equilíbrio econômico-financeiro, que se baseia em faturamento, receita e despesa (custo operacional e investimento). Ou seja, qualquer mudança resultará em aumento de tarifa e a conta será paga pela população consumidora.

CONTRAPARTIDAS…

Contratos de concessão também podem ser alterados mediante contrapartidas. É possível haver redução ou diluição do aumento de tarifas em troca de compensação, que pode ser o aumento do prazo de concessão. Tudo deve ser discutido pelo poder concedente e a concessionária. O que não cabe é crer que existe almoço de graça nessa mesa de negociação.

FISCALIZAÇÃO…

A fiscalização dos serviços deveria ser compartilhada pelas autoridades e pelas entidades representativas da sociedade civil organizada. É muito importante que governador, deputados, senadores, prefeitos, vereadores, quadros técnicos das Prefeituras e população em geral conheçam o contrato de concessão para terem clareza sobre se o que está sendo entregue corresponde à encomenda.

TRANSPARÊNCIA…

Por exemplo, quais são os percentuais de atendimento atuais em abastecimento de água e tratamento de esgoto, e quem mede e fiscaliza esses índices e os compara com os prazos e metas das obrigaćões contratuais?

TURISMO SEM POLUIÇÃO

Na fala crítica do pré-candidato a prefeito transparece a preocupação em atrair para o município investimentos pautados pelo potencial turístico, e para isso a ampliação das redes de esgoto e o tratamento terciário nas ETE’s significam um salto qualitativo há muito esperado. Afinal, o turismo ainda é o caminho natural para a criação de negócios e fomento ao emprego e renda. Mas para isso é preciso criar infraestrutura que promova o desenvolvimento.

• Octavio Perelló é jornalista e produtor de conteúdo.