Luciana G. Rugani
“O importante é seguir com mente e coração abertos, encarando cada nova experiência ou cada nova fase como oportunidades de autoconhecimento, de aprimoramento pessoal e de compartilhamento do melhor que há em si” – LGR. Essa tem sido minha inspiração!
Em minha mais recente experiência artística, quando, em um maravilhoso sarau com colegas acadêmicos da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA, deixei, literalmente, a dança cigana me levar, tive sensações e sentimentos que me provocaram reflexões, as quais gostaria de compartilhar com vocês.
A dança, como toda arte, origina-se da alma, da essência que há em cada um de nós. Estar em contato com nossa própria essência é o processo de autoconhecimento e de libertação, pois somente nos libertando do aprisionamento imposto por conceitos e normas que visam um enquadramento em padrões estipulados é que podemos nos aproximar do autoconhecimento. Frases como “eu sei dançar” , ou “venha aprender a dançar” refletem bem esse enquadramento. O melhor seria substituir por “eu simplesmente danço” ou “venha dançar”. E a legítima dança cigana, por ter como pilar a liberdade, é uma excelente oportunidade para o reencontro com nossa essência, às vezes abandonada e bloqueada em meio a tantas imposições sociais e a tantos rótulos e preconceitos. A dança tem a propriedade de unir a intuição e as inteligências corporal e emocional com o prazer de estar inteiramente presente no momento atual, além de ser uma provocação, uma insinuação para um modo de viver com mais alegria, transmitindo e criando um ambiente pleno de vibrações positivas.
E assim também a arte da escrita! A melhor maneira de organizar seus sentimentos, inclusive para você mesmo, é colocá-los “no papel”, ou seja, escrevê-los. Mesmo que seja exclusivamente para sua própria leitura, já proporciona maior organização mental e emocional. E não há necessidade de preocupar-se, nesse momento, com correções gramaticais. O importante é deixar o seu eu livre para se expressar, para se comunicar. Há escritores incríveis que nunca tiveram a oportunidade de frequentar uma escola, porém conhecem com maestria a arte de liberar o seu eu, de se reencontrar e de se libertar de preconceitos e padrões limitadores.
Penso que a arte, em todas as suas expressões, precisa ser DINÂMICA e VIVA, especialmente LIVRE, sem bloqueios, sem rótulos e sem limites para a criatividade e para a expressão do ser, porém buscando sempre transmitir algo positivo, que possa colaborar para um viver mais harmônico. A arte precisa ser DIVERSA, aberta à participação de todos os gêneros. Acredito que a arte possui a missão essencial de tocar as almas semeando vida, alegria e liberdade para ser quem se é, para se aceitar e para aceitar o outro. E, mais que isso, de buscar o outro. Por meio de eventos, ou projetos e trabalhos artísticos, é preciso que a diversidade esteja presente. As diversas expressões de arte e seus diferentes estilos visam buscar o outro, seja ele homem, mulher, trans, bi, gay, etc., etc., etc., ou seja, todos os gêneros precisam ter firme a convicção de que a arte é para todas e todos, que a arte não pode segregar e ser instrumento de fortalecimento da visão separatista que predomina em nossa sociedade. A arte precisa atar corações para, de fato, semear liberdade. E atar corações é convencer o outro de que ele também pode se soltar, ser livre e se expressar, é atuar de maneira aberta, acolhendo a todas e todos que se sentirem tocados pela expressão de arte, fazendo-os sentir a segurança de que ali podem ser quem são e de que são bem-vindos para participar.
Se a arte for aprisionada, fechada em bolhas, fincada apenas em pilares individuais focados na promoção pessoal, ela deixa de ser arte viva, ela morre. Temos aí o falecimento da arte em razão do distanciamento de sua missão essencial. É perfeitamente possível conciliar a caminhada individual, com seus propósitos pessoais, sem perder também o foco na arte como forma de agregar, de abrir-se à diversidade, de semear liberdade e de impulsionar a arte que há em cada ser.
Para finalizar, concordo com nosso querido Bituca quando disse: “Todo artista tem de ir aonde o povo está”. E, nos últimos eventos dos quais participei, pude ver exemplos da arte cativando corações, quando pessoas desconhecidas que ali estavam se sentiram à vontade para liberar seu eu artístico. Foram ao microfone, romperam com suas inseguranças, e declamaram seus primeiros poemas, alguns feitos ali mesmo, durante o evento. Essa é a arte viva, livre, aberta a todos, sem bloqueios e sem amarras, a arte sendo arte!
Luciana G. Rugani
Acadêmica da Academia de Letras e Artes de Cabo Frio – ALACAF e da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA
4 respostas em “REFLEXIONANDO SOBRE A ARTE”
Como de hábito acabai de ler o
Blog de Hoje
Acrescentar mais o que ? Se eu faço dele, a minha única mídia para está presente nos acontecimentos políticos de CFrio’!
Parabéns ! Agora depois do , carnaval é esperar esse andar da carruagem política daí
Um abraço Totonho pelo seu blog
Tati Bueno
Obrigado, Tati. Tudo de bom para você.
Muito expressivo essa união de intelectuais de S.Pedro e Cabo Frio, e as ilações da Luciana, bem verdadeiras, o dançar liberta o corpo e a alma das mazelas que carregamos e pesam no nossi comportamento, grande abraços em todos os academicos, especialmente Luciana!
Muito obrigada, Gibson!!