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REFLEXÕES PÓS-FLIP

No fim de semana passado, participei, pela primeira vez, da Festa Literária Internacional de Paraty – Flip, em sua 21ª edição. A nossa Academia de Letras e Artes de Cabo Frio – ALACAF, da qual sou membra fundadora, foi selecionada pela Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro para realizar um sarau literário na Casa da Leitura e do Conhecimento.
Foi uma oportunidade ímpar de levarmos o nome de Cabo Frio para a maior festa literária do país! Além do sarau literário, realizamos vários lançamentos. 
Paraty é uma cidade inspiradora, que tem a arte presente em cada espaço, cada lugar por onde passamos. A começar pelo bairro onde ficamos, “Portal das Artes” , cujas ruas possuem nomes de célebres artistas nacionais. O centro histórico, preservado da ganância imobiliária, transporta-nos ao tempo do império! Observamos que o público caminhava pelas ruas, em visita às casas da Flip, e as ruas permaneciam limpas. No período em que lá estive, não vi turistas jogando lixo nas ruas, ou destruindo espaços com vandalismo. Creio que é uma prova de que eventos culturais de qualidade fazem a diferença em um ambiente. Onde as pessoas valorizam a arte, a cultura e a história de um povo, o ambiente se nutre positivamente, as boas ideias germinam e a cidade prospera. 

Resolvi pesquisar um pouco mais sobre a história da Flip. Trata-se de um evento anual que teve sua 1ª edição em 2003, resultado do esforço de uma mulher, a editora inglesa Liz Calder. Uma visionária, com certeza, que se juntou a outros poucos também visionários como ela, e trouxe para o Brasil a experiência ainda inédita dos festivais literários comuns na Europa. Um início modesto, romântico, com poucos convidados, mas que foi a pedra fundamental na construção dessa festa majestosa que temos atualmente. Vale destacar que a Flip não é uma realização do poder público. Ela foi idealizada por uma mulher apaixonada pela arte e hoje é organizada pela Associação Casa Azul, uma associação sem fins lucrativos, e possui sua própria forma de financiamento e curadoria eleita para cada edição. Isso me fez refletir no quanto podemos construir e promover, em termos de cultura e arte, quando temos interesse, quando valorizamos, quando reconhecemos a importância vital do conhecimento no aprimoramento de nossa sociedade. Se os organizadores da Flip permanecessem inertes esperando a iniciativa do poder público, talvez hoje ela não existisse. Claro que o poder público tem o dever de impulsionar a cultura e deve cumpri-lo. Mas eu me refiro às pessoas terem olhos para a arte, sentirem e valorizarem a capacidade criativa e apoiarem os artistas de sua localidade. Aqui em Cabo Frio temos vários coletivos visionários que fazem muito, com recursos próprios, pela arte e pela cultura da cidade.

Não irei citá-los aqui por ser impossível citar todos, mas vale destacar, por exemplo, o coletivo Flores Literárias que, anualmente, organiza e promove a Festa Literária Cabo-friense – Flic, de cujas atividades busco participar em todas as edições. Trata-se de um coletivo formado pelas escritoras Andréa Rezende e Jaqueline Brum, as quais posso dizer que são duas visionárias da literatura que, com paixão pelo que fazem, conseguiram conquistar muitos de nós para os eventos literários e para as antologias que são produzidas. E assim vamos, também, divulgando e trazendo pessoas de todo o país para participar!  

É isso que faz a engrenagem da arte se mover, é a isso que me refiro! A cultura, a arte e a história são essenciais para ajudar na evolução e no aprimoramento de uma sociedade. E, uma sociedade mais evoluída, em que seus membros, por meio de atitudes, valorizam de fato a cidade onde vivem, com certeza atrairá um público de mesma sintonia. É essencial que cada ser se apodere do poder transformador que a arte impulsiona em uma sociedade, e que busque conhecer, reconhecer e valorizar a cultura, a arte e a história que o envolve. Se cada cidadão buscasse cultivar na alma a sensibilidade artística, a sociedade seria outra, bem mais leve e mais agradável.

Luciana G. Rugani

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2 respostas em “REFLEXÕES PÓS-FLIP”

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