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A MISSÃO DE ZÉ

Octavio Perelló

Quando me refiro a José Bonifácio Ferreira Novellino tenho a certeza de estar falando de alguém que se importa com o outro. Sei que no comando do governo municipal o que o norteia é o desejo de fazer pela população. Sempre foi assim.

Zé foi prefeito pela primeira vez ainda jovem, após um mandato de vereador com atuação combativa e muita coragem para alçar voo próprio. Economista, ex-comerciante e ex-radialista, tornou-se o tipo de político que se comunica com franqueza e faz com rigor as contas da aplicação responsável do dinheiro público. Um comunicador que fala ao coração das pessoas sobre como transformar realidades, e o ex-seminarista que olha para o outro com solidariedade missionária.

No seu primeiro governo, entre 1977 e 1982, construiu escolas, hospital, rodoviária, postos de saúde, sede administrativa da Prefeitura, centros culturais, instituiu bolsas de estudo para estudantes universitários, promoveu concursos públicos, implantou o Instituto de Benefícios e Assistência aos Servidores Municipais, saneou e pavimentou bairros, duplicou ponte, elaborou estudos que resultaram na criação de estruturas normativas como a Lei Orgânica Municipal, a Lei de Uso do Solo, criou festivais esportivos e culturais, além de eventos gastronômicos pioneiros e muitas outras ações importantes. Em pleno regime militar, Zé fez um governo inovador que uniu progressistas e liberais em favor do município, que abrangia Búzios e Arraial do Cabo em seu território. Vale frisar que não havia um centavo em royalties de petróleo.

No segundo governo, de 1993 a 1996, contou com orçamento apertado, herdou grandes dívidas, estruturas precárias, muita carência de serviços públicos para uma população multiplicada (mesmo sem o distrito de Arraial do Cabo). Mas a ação organizadora e o controle dos gastos públicos permitiram a construção de mais escolas, postos de saúde, estradas, teatro municipal, obras de saneamento e pavimentação, desapropriação e restauração de prédios históricos, pagamento de dívidas, além da recuperação de crédito para a obtenção de convênios com instituições de fomento ao desenvolvimento, a retomada do programa de bolsas para estudantes, entre outras ações. Os royalties ainda eram muito baixos e a Prefeitura era inadimplente, o que impedia o governo de estabelecer convênios, e assim foi por dois anos e meio. Pagava mensalmente em dívidas de FGTS e ISS muito mais do que recebia em royalties de petróleo. Mas mesmo com o cenário desfavorável, a seriedade do trabalho acertou as contas, restaurou serviços e deixou mais um importante legado em ações fundamentais e serviços dignos.

Essa é a trajetória política de José Bonifácio como prefeito. Com o passar dos anos e o recrudescimento da crise política, administrativa e financeira, no período crítico após o boom dos royalties, sua reputação o credenciou para um novo pacto com a população cabo-friense. Com uma campanha realista, propositiva e diplomática, esse incansável homem público conquistou grande parcela do eleitorado com a missão de restaurar dignidades e sonhos, com a competência e a responsabilidade já comprovadas no comando do governo municipal. Ficou patente nas urnas que Zé é o político capaz de dar o rumo certo à Prefeitura, retomando a sua função de cuidadora do interesse público e devolvendo ao servidor municipal e ao povo a cidadania ameaçada pela má gestão e pela perversão eleitoral, o que tem feito com muito empenho, sem esconder as necessidades e as prioridades.

Tamanha dignidade jamais deveria ser desrespeitada. Mas, infelizmente, vivemos numa época em que más intenções tentam instaurar a era da pós-verdade, forçando barra para que as versões ocupem o lugar dos fatos. No entanto, é nesse cenário que uma verdade de fato ganha ares de maior bravura: um prefeito digno e honesto que enfrenta com transparência o tratamento de um câncer é aquele que melhor cuida da saúde política, administrativa financeira do município após os últimos anos em que escolhas desastradas comprometeram as contas públicas e afetaram gravemente a qualidade dos serviços públicos.

Discordar das ideias de Zé e estar insatisfeito com o que ainda não foi feito é próprio da democracia. E aqui é importante dizer, sem querer desmerecer o modo de ser de outras personalidades políticas do município, que é raro encontrar alguém que seja tão respeitoso com as divergências quanto ele. Portanto, atacá-lo com ódio, julgá-lo com desonestidade intelectual, pôr em questão o seu direito legítimo de governar e viver em paz é desrespeitoso e até preconceituoso. Sim, respeitar às diferentes condições humanas inclui não levantar a tese absurda e inaceitável de que uma pessoa doente, em tratamento e em sã consciência perca o direito de trabalhar e de exercer o cargo para o qual foi legitimamente empossado.

Jornalista

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